Capítulo I

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Meu nome é Gabriela. Gabriela Martins. Tenho 16 anos e bem.. Sou uma garota normal. Não, definitivamente não. Sou uma prostituta. Antes que me julguem, nem todos tem uma vida boa, banhada a grana dos pais, que pode sonhar tão alto como ter o celular do ano ou até mesmo cem reais sem qualquer esforço. Sou filha de uma vadia qualquer, fruto de um lance de minutos, meu pai? Esse deve estar em um bar há essas horas.

    Estava em meu quarto há quase três horas, não sei exatamente o porquê estou de castigo, mas provavelmente devido ao meu escândalo hoje cedo com meu pai. Estou com fome e me sinto mais suja do que nunca. Devo ter derramado no mínimo um litro de lagrimas nessas ultimas três horas, me sinto sozinha nessa vida, nesse quarto, nesse mundo. Estou sentada em minha cama com um cigarro em meus lábios, estou dando baforadas fortes e longas meus pulmões já pedem ar e descanso, mas não terá. Não tão cedo. Costumo fumar todos os dias, ainda não sinto qualquer efeito disto, às vezes tusso como nunca, tenho dores de cabeça fortes, mas não acho que possa vir do cigarro.
 
Olho rapidamente o visor do celular que estava por cima de minhas cobertas, agradeço por ainda ser 16h52min. Ouço passos pesados e arrastados subindo as escadas em direção ao meu quarto, apago o cigarro no chão e o jogo rapidamente pela janela que estava entre aberta, corro novamente para minha cama e me sento, esperando para saber oque vinha pela frente.

- Gabriela! Oque foi isto hoje cedo?  Sou teu pai e você me deve respeito e obediência!

- Meu pai? Você deve estar de brincadeira! Estou com fome há horas e você me proibiu de sair! - Droga disse comigo mesma

- Vou tomar um banho, e espero que quando sair você já esteja preparada para se desculpar. - Disse meu pai enquanto eu o ouvia cambalear descendo as escadas até o banheiro

- Sinto seu cheiro nojento de bebida daqui! Merda pai, merda!

Não obtive resposta do mesmo, abri a porta e verifiquei, não o encontrei em meu campo de visão, fechei a porta novamente e dei lentos passos ate minha cama, deite-me e comecei a observar meu quarto.
Não era lá grande coisa, mas até que era aconchegante. As paredes verdes escuro, um pouco masculinizadas, mas eu realmente não me importava com isso. Uma TV em uma cômoda logo a frente da minha cama e uma pequena mesa ao lado encostada, pisos mesclados por todo o chão, alguns rachados, outros fora do lugar, era fácil enxergar o cimento logo a baixo.

Não demorou muito até que adormeci. Algo me acordou, não sei dizer o que, mas abri meus olhos lentamente para não me chocar bruscamente com a claridade da luz acessa.

- Pai? Pergunto olhando em direção ao meu celular com o visor acesso. Sento-me na cama, hesito um instante antes de levantar, mas finalmente me levanto e me aproximo do celular, me deparo com o aviso que a bateria esta totalmente carregada, arrasto meus olhos para a parte superior do aparelho e reparo nas horas, 18:20.

- Droga, vou me atrasar - penso comigo mesma me lembrando de que tenho que ir trabalhar. Reviro meus olhos em sentido de negação, então decido me arrumar logo. Corro para o banheiro, faço minha higiene pessoal, amarro meus cabelos negros lisos em um rabo de cavalo bagunçado, coloco um vestido curto preto que fica grudado em meu corpo me olho no espelho e pronto. - quem diria em Gabriela - digo baixo, ainda em frente ao espelho reparando em minhas curvas, que por sinal eu sei que tiro suspiros de muitos homens e ate mesmo mulheres.

Então, desço as escadas até a cozinha e apanho uma barra de cereal que está em cima da mesa de mármore, me viro em direção à sala de estar para pegar minha bolsa, a encontro rapidamente jogada no sofá entre aberta. - Diabos, o desgraçado pegou novamente meu dinheiro - falo com um tom agressivo me lembrando do meu pai bêbado e me questionando da onde tirou dinheiro para comprar aquelas bebidas.
Coloco várias embalagens de camisinha na bolsa e fecho-a, coloco sobre o meu ombro, caminho em direção a porta de saída que se encontra na cozinha ao lado de um grande armário embutido na parede feito de madeiras, por um instante me pergunto onde deve estar meu pai que não esta aqui me enchendo pra saber onde vou, mas tudo bem, devo me preocupar com isso depois, ou melhor, não devo me preocupar. Tranco a porta, caminho em direção à janela e coloco a chave dentro de um pote que se encontra no patamar. Enxugo algumas lagrimas que escorrem rapidamente em meu rosto pálido, e então começo a caminhar em direção ao ponto de ônibus com 2,50 em mãos para a condução.

Qual seu preço? //PARADAOnde histórias criam vida. Descubra agora