Capítulo II

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Peguei meu celular em minha bolsa e verifiquei a hora, 19h29min. Já fazia quase vinte minutos que estava esperando esse maldito ônibus. - Mas esse motorista lerdo me paga! - Murmurei em tom de brincadeira, e um garoto que aparentava ter minha idade que estava em pé ao meu lado, deu uma gargalhada e virou-se para mim fitando meus olhos.
– Também estou furioso com os motoristas. Já faz mais de trinta minutos que estou esperando o linha 7. – Disse aquele garoto.
     Sua pele era clara, e seus olhos castanhos escuros e hipnotizantes, podemos dizer que eu estava perdida naqueles olhos. Eram profundos, era como se aquele garoto conseguisse ver atrás das minhas roupas e peles conseguindo enxergar minha alma. Estremeci-me com seu olhar, ele definitivamente não estava olhando para o meu decote mas em meus olhos, diretamente em meus olhos, nenhum homem jamais me olhou assim. Sinceramente, nenhum homem já me olhou sem desejo em seus olhos. Ate mesmo meu pai.
     Arrepiei-me de cima a baixo, olhei para os lados para disfarçar minhas bochechas coradas. Ele se aproximou, estendeu sua mão esquerda e segurou uma de minhas mãos, seu toque era quente e firme, e ao mesmo tempo delicado e provocador. Ele fitava meus olhos novamente, mas desta vez não virei-me, continuei a encara-lo como estava fazendo comigo, olhava rapidamente para seus lábios, que oh deus. Eram realmente perfeitos.
– Sou Lucas, e você? – disse quebrando o silencio, e com um sorriso que me pareceu forçado.
- Sou Gabri.. – parei bruscamente avistando o ônibus da linha 7, a linha que eu precisava para ir ao centro da cidade, vindo em direção ao ponto, soltei rapidamente sua mão, estendi meu braço em sinal para o motorista me avistar.  – Sou Gabriela, bom, como pode ver meu ônibus chegou, preciso ir. Adeus Lucas. – falei com um tom meio triste devido esse garoto que em questão de minutos sem dizer qualquer palavra me encantou, dei um beijo em sua bochecha, desejando arrastar mais um pouco meus lábios, mas me contentei. Então ele buscou novamente minhas mãos.
- Lembra, vou nesse ônibus também. – Lucas disse com um sorriso sincero.
- Desculpa, tinha me esquecido. – falei um pouco envergonhada, até parecia que estava tentando fugir dele. Afinal, eu estava?
     Entramos no ônibus, cada um pagou sua condução e então caminhamos em passos longos por aquele corredor ate o fundo. Sentei-me no canto, logo ao lado da janela. Lucas sentou-se ao meu lado colocando sua mochila preta e azul por cima de suas coxas. Que por sinal me pareciam grossas, sim, eu estou chegando a sentir algo aqui dentro apenas por olhar para esse garoto que apenas sei seu nome.

Qual seu preço? //PARADAOnde histórias criam vida. Descubra agora