Conversa de Bar

3 0 0
                                    

"Eu quero a sorte de um amor tranquilo.
Um amor que me leve flores, e me busque na saída do trabalho. Um amor que me faça carinho até cair no sono, e me acorde com beijos suaves."
"Eu quero a sorte de amor rebelde. Um amor que me agarre com força pela cintura, e me beije como se dependesse isso. Um amor que pule o muro de casa na calada da noite e entre no meu quarto pela janela, sem se importar com meus pais no quarto do lado."
"Eu quero a sorte de um amor livre. Que viaje comigo no assento do acompanhante, conversando e cantando as nossas músicas favoritas. Um amor que tope tudo pela experiência, e que não me deixe sozinha. E você, Beatriz?"
A pergunta pairou na mesa alguns instantes, ressoando dentro da minha cabeça. Minhas amigas me olhavam curiosas, rindo baixinho enquanto  aguardavam minha resposta. Minha boca secou e eu poder sentir, enquanto cada palavra saía, o meu coração afundando no peito.
"Eu quero a sorte de um amor próprio. Me olhar no espelho com todo carinho e afeto existentes, sem a pressão da estética cegando minha visão. Um amor que vai me aquecer a noite conforme durmo sozinha. Um amor que vai me manter inteira, mesmo quando a tranquilidade passe quando eu acordar, mesmo que a rebeldia de errado e eu seja punida, mesmo que a liberdade vá pra um caminho oposto. Eu quero um amor que fique"
E conforme meu coração afundava cada vez mais no peito, eu observava meu reflexo pelo copo de cerveja, deprimente. A mesa ficou em silêncio. Eu mal ouvia os barulhos de vozes ao meu redor, ou a respiração descompassada das minhas amigas. Meu olhar se prendeu ao reflexo da garota solitária no copo cerveja, aguardando pacientemente ser salva de si mesma, desejando nenhum amor além do seu.

Cartas para o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora