Capítulo 2 - Um fio de esperança

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Após o dia catastrófico que tive ontem, eu me mantive trancada em meus aposentos, isolada do resto do mundo, chorando e presa em minhas lamúrias. Fiquei o dia todo sozinha, sem nem mesmo minhas criadas ou damas de companhia. A semana que se seguiu não foi diferente, porém Genevive teve de intervir já que percebeu que talvez uma greve de fome seria minha conduta adotada para lidar com a situação.

- Cat, eles só encararão sua postura como mais uma birra – ela bufou e se jogou na minha cama

- Eu não me importo – revirei os olhos

- Se quiser mudar a monarquia... – ela começou falando a frase que meu tio sempre me dizia quando estava em conflito com a coroa, ou seja, meus pais

- Erga a cabeça e faça você mesmo – eu completei cansada

- Se quiser vencê-los, vai ter que entrar no jogo deles.

Eu fiquei pensativa, ela estava certa. Eu não podia mudar o mundo fazendo birra e batendo de frente com meus pais. Eles são só dois, mas o povo, o povo com certeza esse sim, se unido, tem muita força e se eu quisesse fazer alguma coisa, teria de cativá-los.

- Sem contar minha cara amiga – começou Gen – que você vai ter cinco príncipes para você, aqui neste castelinho, te cortejando o tempo todo, tente tirar proveito disso – ela disse e saiu do meu quarto

Dane-se os príncipes, mas talvez Gen não esteja totalmente errada, um deles pode vir a ser meu marido e se eu tiver seu povo a meu favor também, mudanças podem acontecer...

Umas das primeiras lições que minha mãe me ensinou sobre como ser uma princesa, é que você sempre tem que saber fingir, não importa as circunstâncias, sempre finja que está tudo bem e foi por isso que eu decidi descer e almoçar com eles. "Finja e os terá na palma de suas mãos", obrigada pelo conselho mamãe.

- Bom dia – disse entrando no salão real, onde meus pais e meu tio almoçavam em silêncio – Gostaria de desculpar-me pelo meu comportamento – eles me encaram incrédulos – Precisei de um tempo para perceber que o que fizeram não é só pensando no reino, mas em mim também, Quince precisa de um herdeiro e eu preciso de uma família com a qual me preocupar – meu tio me olhava assustado e meus pais me encaravam com orgulho, pude jurar que vi uma lágrima escorrendo dos olhos da minha mãe. – Estou disposta a cooperar, entretanto – comecei e meu pai revirou os olhos – lhes peço que o peso do voto de meu tio seja maior e que se houver um empate entre as escolhas dos príncipes, ele faça a escolha final, sei que ele não vai me decepcionar – obviamente eu não poderia de dar uma alfinetada neles, nem tudo é perfeito. Meu pai pareceu ponderar por um momento.

- Somente se você se comportar durante o processo – ele disse retornando a comer e aquilo me deu arrepios, eu estava jogando com a minha vida.

Terminamos de comer e eu fui para os jardins tentar esfriar a cabeça, algo que até então parecia impossível. Ao sentar-me nas em um banco perto das roseiras, senti uma presença ao meu lado, mas me mantive em silêncio.

- Eu não tive escolha – meu tio disse triste e eu continuava a encarar as roseiras tentando não chorar

- Quando eles chegam? – perguntei sem emoção

- Em dois dias – eu arregalei os olhos e ele segurou em minha mão, minha respiração estava acelerada – Eu vou fazer o possível para que no final a sua escolha seja levada em consideração

- Essa opção não existe – fechei os olhos com força – Espero que eles sejam pelo menos bonitos – meu tio me olhou bravo

- Catherina, não acredito que está desistindo tão fácil, essa não foi a menina que eu ajudei a criar

Entre o Orgulho e o DilemaOnde histórias criam vida. Descubra agora