• CHAPTER ONE

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OUTUBRO, 2000

A voz de Kazutora ficou distante, até desaparecer, sobrando o esmagador e tortuoso silêncio cercado pelas incertezas do que havia acontecido.

Esse silêncio logo é quebrado por um grito agonizante, acordando assim todos os moradores da residência Hanagaki, o relógio nessa hora marcava pouco mais de duas da manhã do último dia do mês de outubro.

O grito que veio do quarto do morador mais novo da residência, o garotinho de cabelos negros e olhos azuis encantadores.

O pequeno Takemichi encontrava-se encolhido contra a parede do quarto, o frio da parede contra sua pele sendo a única sensação externa que ele sentia no momento, lágrimas escorriam por seu rosto de forma abundante, uma atrás da outra, sendo rapidamente secas pelo mesmo, o peito subindo e descendo rapidamente em uma respiração descompassada em busca de um ar que não parecia chegar aos seus pulmões.

A origem de tanto desespero em um ser tão jovem, era uma mistura de suas lembranças mais aterrorizantes que ele mantinha preso no fundo mais obscuro de sua mente juntamente de dores intensas que se espalhava por seu corpo, dores que eram resultados de ferimentos causados a muito tempo atrás e que nem se quer feriram aquela pele tão vulnerável.

A dor era tanto física, quanto emocional.

Uma mistura catastrófica, que poderia facilmente romper o fino e delicado fio que lhe separava da insanidade total.

Mas nem tudo era tão trágico e doloroso quanto a vozinha ao fundo de sua mente que tentava o persuadir para acreditar que aquele era o fim, porque por mais que todos lutem para se manter sã, sempre existe aquele lado obscuro que pede pela loucura.

Um sutil movimento do colchão a centímetros de si, deixou Hanagaki em alerta, fazendo com que por reflexo levasse a mão até a boca tampando-a e evitando proferir qualquer som até descobrir quem estava agora ao seu lado.

Um par de braços o puxou para mais perto de repente, uma fragrância floral se fez presente no ar fazendo com que o menor relaxasse imediatamente mesmo sem uma compressão exata do porque seu corpo reagir daquela forma, uma sensação de seguranças tomou conta afastando todo e qualquer pensamento ruim e traiçoeiro que poderia ter.

— Ei meu amorzinho — A voz era suave e calmamente, Takemichi não conseguia se lembrar no momento de quem pertencia, mas sabia que nada de ruim poderia lhe ocorrer — Pesadelos de novo?

Pesadelos? Não, o que lhe incomodava estava longe de ser sonhos ruins que faziam crianças acorda em pânico, estava mais para lembranças trancadas no fundo de sua mente se forçando para a parte mais rasa tentando força a Takemichi a se lembrar delas, mas ele não podia dizer isso para quem quer que fosse a mulher que tentava o acalmar.

Então, se manteve em silêncio, acalmando a própria respiração e afastando a névoa que nublou seus pensamentos os tornando mais razoáveis.

A fragrância de flores de tornou mais conhecida assim como a voz, o abraço se tornou mais especial e o carinho em seus fios mais relaxante quando ele reconheceu que a mulher era sua matriarca.

A calma inundou seus sentidos, afastando de vez qualquer coisa ruim e Takemichi sentiu seus olhos pesarem assim como seu corpo, o sono surgindo de repente juntamente do cansaço, esses provavelmente vindo das consequências de algo feito no dia por sua versão passado.

Ele se aconchegou contra a própria mãe, buscando carinho para conseguir dormir, perdendo aos poucos a consciência e os sentidos, seus olhos se fecharam.

►❄️◄


Minutos ou horas?

Por quanto tempo havia dormido?

THE LAST A CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora