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O cemitério está vazio novamente. Alguns túmulos estão bem maltratados, com teias de aranha e empoeirados. Acho que algumas pessoas não se importam em mostrar o mínimo de sensibilidade com os que já partiram. Ou talvez eu seja a estranha por estar frequentemente aqui, conversando conversando uma das covas.
Minhas pernas doem pelos minutos que passei ajoelhada conversando com eles, contando tudo o que aconteceu no meu dia e sobre o quão bem fui na escola.
O incenso já está pela metade então acho que deveria voltar para casa. Eles provavelmente não gostariam de me ver assim. Eu mesma não gosto.
— Que saudades.
Até as pobres rosas devem ficar tristes. Meus olhos estão como algumas das flores que trouxe, avermelhados, e não claros como a maioria delas.
Posso ouvir alguns passos. Talvez seja o coveiro, ele costuma aparecer a essa hora para dar uma olhada no lugar. Nos conhecemos quando comecei a visitar o túmulo da família a três anos.
— É um arranjo muito bonito.
Um arrepio percorreu meu corpo quando a voz de um homem chegou com a brisa soprada pelo vento. Corri meus olhos pela figura rapidamente. Não é quem pensei.
Parecia ser alguém de idade. Seu terno branco combinava com sua barba grisalha. Formavam um bom contraste com sua pele escura e brilhante. Espere, ele gostou das flores?
Sua presença me deixou extasiada. Sua expressão calma passava um ar leve. Tinha um sorriso despreocupado enquanto encarava a lápide. Acho que está lendo as palavras escritas.
— Eram seus pais?
Concordei silenciosamente. Eles se foram tem algum tempo, este é o terceiro ano sem suas companhias. Foi difícil lidar com a depressão quando os perdi e mesmo hoje, ainda é.
Sem que eu perceba já há lágrimas escorrendo em meu rosto. Esqueci que estava com outra pessoa e que ele deve estar olhando para mim agora.
— Com licença, estou de saída.
Não tenho motivo para ficar aqui com alguém desconhecido. Apesar de não achar que ele vai fazer qualquer coisa contra mim. Parece um vovozinho inofensivo.
— Está tudo bem, não precisa se esconder. _ o mais velho diz com gentileza _
— Eh? _ sua mão repousou em minha cabeça_ O quê?
Ele está acariciando meu cabelo? Que sensação agradável. Seu toque é tão quente, me faz lembrar dos meus pais.
O que estou fazendo? Melhor ir embora.
— Desculpe senhor. Adeus.
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Não é uma boa ideia continuar assim. Chorando desse jeito só vou conseguir fazer meu rosto ficar péssimo e molhar o travesseiro. Acho que assistir a algo triste não ajudou muito.
— Outro copo. _ reclamo vendo os cacos no chão _
Queria apenas comer algo e ver meu anime, mas vou ter que sair e jogar esse lixo. Ou poderia deixar ele e continuar com Demon Slayer, provavelmente esquecendo do vidro quebrado e me machucando com isso mais tarde.
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Essa é uma dor diferente. Não é parecida com aquelas que me causei, mas ao contrário delas, esta vai me matar.
Saí por alguns minutos e consegui levar um tiro, a bala ficou alojada no meu abdômen. Bela sorte a minha.
Minhas chances teriam sido maiores se eu pedisse ajuda à vizinha e não tentasse ligar para uma ambulância sozinha. Não deu tempo.
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Crimson Serendipity _ Estou Em Kimetsu No Yaiba _(EM REVISÃO!)
Fanfiction. A imprevisibilidade da vida é notável. Em um instante, experimentamos a felicidade ao lado da família, e no seguinte, somos confrontados com a perda irreparável. Para Yuri, a solidão e depressão tornaram-se companheiras constantes desde a fatídic...