Missão

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  Pérola saiu do seu espelho para dentro de um cômodo hermeticamente fechado e cujo único caminho era uma escadaria em caracol que desaparecia acima. Os degraus eram soltos e de vidro, eram... Estranhamente fascinantes.

— Estamos dentro da torre negra?

Perguntou para Cadafalso que flutuava alguns centímetros do chão ao seu lado. Eles tinham saído de um pequeno espelho na parede circular, ele era a única coisa que existia naquele cômodo estranho.

Seu espelho assentiu taciturno:

— Esta é A Torre Negra – Frisou veemente – Uma construção feita para aprisionar eternamente seres muito poderosos. Você conhece a história da Daje?

— A Atlântida que foi para Altraran e se tornou a deusa vermelha de lá? Criou os Luliens...?

— Exato, essa mesma. Ela era uma das poucas que conheciam essa magia prisional, mas não era a única.

— Deixa eu adivinhar, minha tia Laine?

Cadafalso assentiu silencioso e apontou para as escadas:

— É um longo caminho, minha rainha. Vamos.

Eles subiram e subiram e quando Pérola achou que seus joelhos não suportavam mais, finalmente encontrou a pequena portinha negra que com certeza dava para o topo daquele lugar:

— E agora?

— E agora você precisa descobrir a frase que abre a porta. Não há trincos, ou maçanetas. É tudo magia antiga amaldiçoada. "Uma única chave para um único ser, cada ser com uma chave, é assim que deve ser" – Ele disse e por fim a olhou fixo – É uma prisão porque mesmo que você entre com sua chave, o prisioneiro não pode usá-la, entende? Por isso é uma prisão perfeita.

— Como você sabe de tudo isso?

Ela perguntou um pouco divertida e seu espelho deu de ombros levemente.

— Eu sei de muitas coisas sobre o Universo.

— Okieee.

Pérola olhou para a porta e fechou os olhos. Lembrava vagamente de ver sua mãe usar de recursos sensitivos para descobrir coisas. Sua mente infantil via tudo por um filtro muito fantasioso, mas sentia, mais do que sabia, como era o caminho de descobrir coisas daquela forma. Não faça perguntas, sua mãe dizia, ouça apenas as respostas.

Ela não foi Gaia atoa. Sua mãe era de fato muito especial.

Se concentrou e deixou fluir as energias ao redor, deixou que a torre falasse, que o tempo falasse, que o mundo falasse consigo.

Sua irmãzinha tinha adquirido o dom da mãe delas de falar com animais, de fluir com a água, de ser doce e pura. Pérola levou anos para despertar quem era, sendo praticamente uma humana até a adolescência, mas no fim tinha mais o temperamento da mãe quando ela perdia a paciência e descobriu que o elemento fogo que tinha dentro de si era forte como um incêndio, intenso como um verão em seu auge. Sua essência era magia antiga, era o lado Gaia que sua mãe mantinha muito adormecida dentro de si. Seu olhar sobre o mundo era fulminante e seus desejos... Invioláveis.

Ela mergulhou profundamente dentro de si e então estava lá, em seu mundo dos sonhos... Diante de duas mulheres.

— Muito bem, garotinha.

Pérola abriu realmente os olhos e viu duas mulheres parecidas com sua falecida tia Laine, mas nenhuma delas tinha o sorriso amável ou o brilho de terra molhada ao redor de si que tanto marcou suas lembranças infantis. Não, ambas exalavam poderes frios e determinados, mas ainda assim havia algo terno em algum lugar dos olhares verdes e letais.

A última Yang e a rainha do espelho temporalOnde histórias criam vida. Descubra agora