Capitulo um; tudo culpa do Arthur.

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Detesto ter que sair de casa, principalmente para lugares onde não terei meu computador, nem 'internet'. Nem wi-fi tem naquela bosta, acho que quem escolheu o lugar da viagem desse ano não tem o mínimo de compaixão por mim.

— Bom dia porra! — Arthur entrou correndo em meu quarto, abrindo as cortinas com empolgação. Seu rosto estava com marcas evidentes de protetor solar, e sua pele bronzeada contrastava com o sol leve daquela manhã.

— Puta merda seu arrombado! — Gritei e cobri os olhos com as palmas das mãos, havia virado a noite jogando LoL e sinceramente, preferia o breu noturno do que ao sol, queimava meus olhos.

— Caralho, olha a boca, Césinha! — Arthur quase voou em minha direção e me deu um cascudo, aproveitando que eu estava sentado.

— Mas... esquece. Tá pronto já? —  Levei meus olhos até ele. Arthur era incrivelmente baixo. 

Ele afirmou com a cabeça e saiu do quarto radiante. 

Foi a vez de Joui entrar, ele era mais sério, mas ainda sim, carregava um sorriso simples em seus lábios finos.

— Dia, Césa!  — O asiático disse simplista, dando uma risadinha da minha cara. Ele já se encontrava pronto, usando uma camisa  preta com algumas flores em tons de rosa, verde e vermelho.  

—  Tá' todo mundo pronto nesse caralho?  — Resmunguei rabugento, não era normalmente assim, mas estava com sono e mal havia dormido no dia anterior. 

Me encontrava sentado na cadeira 'gamer', enrolado em um bolo de lençóis felpudos e quentinhos, não queria sair dali nem tão cedo. 

— César, menino teimoso! Tu ainda não tá pronto, peste? — Ivete entrou em meu quarto.  Ela estava com os cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo médio, usava uma regata preta e uma bermuda (jeans), e por cima, uma camisa de botões florida.

— Eu acordei quase agora... — Menti, mas era óbvio que Ivete não cairia nessa, ela me conhecia muito bem.

— Tu tá achando que eu sou quem, hein? Menino danado! Eu sei que passasse a noite todinha jogando esse 'lou' aí! — Ela me deu um leve peteleco e arrancou os lençóis de cima de mim.

— Você é malvada, não tem pena de mim, só pode! — Olhei-a, e percebi que a mulher me fuzilava com o olhar, então parei de enrolar tanto e me pus de pé, arrumando as roupas e pegando uma mochila em cima do guarda-roupa. — Quem inventou de ir pra' praia, hein? — Perguntei a Ivete enquanto jogava algumas roupas na mochila.

— Foi o Arthur que escolheu esse ano, e olha, vai à turma todinha dessa vez, seja legal com o resto do pessoal que você não quis conhecer. —  Ivete disse olhando para mim. 

Já fazia um tempinho desde que Arthur e Joui haviam feito amizade com alguns alunos novatos, os quais não fez questão de conhecer, Carina Leone, Rubens Naluti e o "tio" da cantina, todos o chamavam de Balu. 

— Ele vai levar o moleque todo certinho? — Olhei para Ivete, claramente ela sabia que eu me referia a Gaspar, mais conhecido como "Dante" por todos.

— Oxe, vai sim, tu' não sabe que aqueles dois vivem colados agora? — Deu uma risadinha obvia e dobrou o último dos lençóis espalhados pelo quarto. Nessa altura, Joui já não estava mais lá, visto que o ambiente permaneceu em silêncio após a fala de Ivete sobre o platinado.

— Vou comer alguma coisa antes da gente sair. — Cocei a nuca envergonhado pelo silêncio mortífero do ambiente, enfiei as mãos nos bolsos do moletom que usava e saí do quarto em passos tímidos até a cozinha. 

Fuçando a geladeira, achei um pedaço de 'pizza' sertaneja da noite anterior. Comi gelada mesmo, 'pizza' amanhecida é uma obra dos deuses. 

Aquela viagem de fim de ano.Onde histórias criam vida. Descubra agora