Distância - Extra Red's (parte 3)

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— Está com a cara péssima, Blossom! — Disse uma colega da ruiva enquanto andavam pelo lotado corredor do prédio universitário em direção às suas salas.

Blossom se pegou rindo quando concordou com a garota.

Realmente, ela estava um caco! Sua rotina diária de estudos, trabalhos de conclusão de curso, estágios e alimentação baseada em comidas enlatadas havia a transformado naquele ser ambulante que era agora: uma mistura de carne, ossos e rugas de cansaço! Bubbles lhe daria um sermão se visse o que fez com sua aparência.

Ela respondeu a colega após um suspiro.

— Estou apenas pilhada com as provas finais. Ainda bem que a formatura está chegando!

— Sim, a formatura… — A amiga soltou suspiros sorridente, sonhando acordada. — Estou tão animada!

— Também estou.

— Bem, eu vou seguir por aqui… — A amiga anunciou ao chegar em sua sala. Acenou para a Superpoderosa antes de entrar. — Vê se melhora, Blossy.

— Não se preocupe, eu estou bem! — A ruiva afirmou e seguiu sozinha até a sua sala.

“Eu estou bem”... Quem ela queria enganar? Estava péssima e sequer conseguia se aguentar em pé por muito tempo, o que era até estranho.

A sua rotina já era normalmente  cansativa, porém, nos últimos dias se sentia tão cansada quanto na época que tinha de deter vilões. Era como se seu corpo tivesse sido atropelado por uma manada de elefantes, mais que uma vez aliás. Sua cabeça lotada de informações parecia uma máquina prestes a ter um curto circuito. Nem as aulas que tanto amava ela conseguia assistir mais; já era uma rotina a garota desmaiar de sono na sua carteira e acordar apenas minutos depois com algum cutucão de um amigo ou com os gritos furiosos de seus professores.

Naquele dia, aliás, não foi diferente. Enquanto Blossom divagava durante a aula acabou pegando no sono e, vergonhosamente, teve de ser despertada pelo próprio professor e ainda recebeu um sermão em frente a toda a sala. Nem teve como disfarçar dessa vez. Pelos risos e celulares em sua direção deveria ter chegado tão fundo no estágio de sono REM que até roncou.

Apenas aceitou de cabeça baixa seja lá o que o homem dizia, limpou a saliva do canto de sua boca e pegou o livro para acompanhar a explicação do professor.

Não conseguiu entender uma palavra do que ele disse.

Após a aula seguiu apressada para cumprir com suas obrigações semanais. Conseguiu pela quinta vez naquele mês chegar atrasada em seu emprego e quando passou pela recepção, como um raio, deixou a pobre recepcionista comendo poeira.

Apertou trocentas vezes o botão do elevador, mesmo que ele já tivesse alertado estar chegando e quando chegou, repetiu o processo destruindo o botão do 20° andar até que a porta enfim se abrisse.

Ela correu à milhão pelos corredores luxuosos do prédio até a sala de seu chefe e quando chegou deparou-se com o próprio parado em frente à porta da sala, esperando-a de braços cruzados com um sorriso largo em seus lábios.

Ela por pouco não tropeçou pelo susto.

Aproximou-se dele temerosa, como um rato assustado ao ver um gato faminto. Gerold parecia transbordar irritação pelos seus poros e ela jurava ter visto uma veia pulsar da sua testa.

Ela sorriu amarelo para ele.

— O-olá, senhor Watterson… — Ela baixou a cabeça, rendida e envergonhada. — Me desculpe a demora.

O homem pareceu se acalmar após respirar profundamente e então abriu a porta de sua sala, dando passagem para que a jovem entrasse primeiro. Assim que ele adentrou, fechou a porta deixando-os sozinhos.

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