Capítulo 10 - Demons (Demônios)

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"Quando os dias estão frios
E as cartas já foram lançadas
E os santos que vemos
São todos feitos de ouro
...
Quando todos os seus sonhos fracassam
E aqueles que aclamamos
São os piores de todos
E o sangue para de correr
...
Quando você sentir o meu calor
Olhe nos meus olhos
É onde meus demônios se escondem"

Imagine Dragons - Demons

Imagine Dragons - Demons

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Xie Xian acordou acorrentado em uma cama ou maca ele não sabia ao certo o que era aquilo. Olhando em volta ele percebe que está em algum lugar úmido com cheiro de lodo, e a luz do sol não chegava lá.

- Vejo que já acordou. - Hua Cheng entra girando seu isqueiro entre seus dedos. - Foi bem difícil lhe trazer aqui, mas o que o dinheiro não compra, não é mesmo?

- O que vai fazer? - Xie Xian falou tentando se soltar. - Quando eu sair daqui vou te matar do mesmo jeito que fiz com meu irmão, aposto que o parasita desse está chorando. - Xie Xian gargalha.

- Quando eu era mais novo eu amava histórias de terror. - Hua Cheng anda ao redor de Xie Xian. - Elas eram meus calmantes, e quando eu entrei nessa vida me foram bem úteis.

- Aonde quer chegar?

- Sabe quando o vilão começa a dizer seu plano para o mocinho, e no final o mocinho se solta e o plano do vilão vai pelas alturas? - Hua Cheng se aproxima de Xie Xian e sussurra. - Aqui não existe mocinho para fugir, apenas dois demônios se emprestando, e adivinha... O demônio vencedor fui eu. - Ele se distancia de Xie Xian e vai para perto e uma alavanca.

- O que vai fazer? - Xie Xian grita fazendo saliva voar de sua boca.

- Como eu ia dizendo... As histórias de terror, já usei várias coisas de várias histórias mas nunca tinha usando uma em específico, sempre pensei que deveria ser usada com alguém não humano. - Hua Cheng passa o dedo pela alavanca. - Sabe quem é Edgar Allan Poe?

- Claro, não sou idiota.

- Que bom, então conhece seu conto O poço e o pêndulo. - Assim que Hua Cheng termina de falar ele olha para cima, fzendo Xie Xian seguir seu olhar.

- Não. - Xie Xian se desespera. - Me mate logo. - Gritos e remexer eram ouvidos. - Você não pode fazer isso... Um tiro, apenas um tiro, eu te imploro.

- De vez em quando, uma vítima é poupada. Porque sorriu, porque tem sardas, porque implorou... E é assim que você vive consigo mesmo. É assim que assassina milhões. Porque de vez em quando, por um capricho, se o vento soprar na direção certa, você decide ser piedoso.

- Só um assassino saberia disso. Não é verdade? Pelo que eu vi, sua feliz vida, deixa um rastro de devastação. E você sempre segue adiante porque não ousa olhar para trás. Brincando com a vida de tantos, você poderia ser um Deus. E tem razão, Hua Cheng , você está coberto de razão: às vezes... você deixa um escapar. Deixe-me escapar.

- Xie Lain também implorou. - Hua Cheng fala calmamente. - Mas você não o escutou, então porque eu irei lhe escutar.

- Você tem sentimentos, você mesmo falou que não sou humano, mas você é, me mate logo.

- Sabe porque Voldemort sempre usava o Avada para matar seus inimigos?

- ...

- Ele tinha misericórdia por eles, mas eu não sou ele, eu não tenho misericórdia por você... Eu te avisei, disse para não me procurar, mas você não escutou. - Hua Cheng segura a alavanca.

- Não... Não... Não faz isso.

- Morte rápida é uma misericórdia, morte lenta uma lição, dada e recebidas por poucos, mas aprendida e apreciada por muitos. - E assim Hua Cheng desse a alavanca fazendo o pêndulo começar e ir de lá para cá. - A cada uma hora ele descerá um pouco, neste ritmo creio que estará morto dentro de três a quatro dias.

- Você não pode me deixar aqui. - Hua Cheng  já começava a sair dali. - Hua Cheng . - Xie Xian grita.

- Já ia me esquecendo. - Hua Cheng se vira e olha para Xie Xian. - Você nunca prestou para nada, é uma merda de humano, nem título de humano merece... Mas você é tão inútil que nem para matar o irmão prestou.

- Como assim?

- O medo te fez perder a inteligência, me sinto orgulhoso de fazer você sentir algo. - Hua Cheng se volta para a porta e antes de fechar fala uma última coisa. - Xie Lain ainda está vivo, e muito feliz com seu filho. - E assim ele fecha a porta e enquanto anda pelos corredores para sair daquele lugar ele escuta Xie Xian gritando seu nome.

Vidas são importantes, todas elas, não importa o que você é ou o que você fez, a partir do momento que você solta o primeiro choro você tem o direito à vida, mas não se esqueça que você também tem o dever de prezar por ela. Desde o momento que o homem tomou consciência ele automaticamente ganhou algo, o instinto de sobrevivência e com isso veio o de matar. Mas algumas pessoas não tem isso, então elas não sentem nada.

O ser humano tem um cérebro muito complexo e não entendemos quase nada sobre ele, mas o pouco que sabemos já é um lucro. Algumas pessoas nascem com defeito, para ser mais clara, mas usar uma metáfora. Imagine um robô, ele é criado sabendo de muitas coisas, mas uma coisa que ele não sabe é ser humano, sentir como um humano, ele não tem alma. E tem pessoas que nascem assim, sem alma, não há sentimentos dentro dela, apenas carne, ossos e sangue.  Xie Xian  é uma dessas pessoas.

E agora neste momento ele está olhando para cima, e ela parece tão longe, indo de lá para cá, como um pêndulo de um relógio, e às vezes ele tem a sensação de está descendo, mas ele não está, é ela que está descendo e se aproximando cada vez mais dele. Quando ele era mais novo tinha lido esse conto, e já imaginou como seria fazer isso com uma pessoa, mas ele nunca pensou que no fim, a pessoa seria ele.

Dias se passaram quando enfim a lâmina chegava perto, faltava centímetros para ela pegar em sua roupa, e Xie Xian gritava loucamente para se soltar, ele já estava louco. Sua mente era pura loucura, os gritos o remexer de seu corpo para se soltar, os dias foram terríveis, todo aquele tempo esperando para que aquela agonia acabasse, a falta de água e comida, a falta de pessoas a sua volta, ele estava sozinho esperando pela sua morte, e ele nunca esteve tão feliz que aquilo está perto. Ele chegava mais perto, mais perto e mais perto, cada vez mais perto. E enfim a lâmina fez o primeiro corpo fazendo Xie Xian soltar o primeiro grito de dor, foi um grito tão alto e agoniante, que por um momento ele se arrependeu de tudo que fez, mas esse pensamento desapareceu em segundos.

A lâmina do pêndulo cortava e cortava, o som da carne podia ser ouvido por toda a sala, em seguida veio o som dos ossos. Xie Xian soltava sangue pela boca, ele não mais gritava, apenas olhava para frente com os olhos parados, a dor não era mais sentida, ele apenas estava esperando a morte o levar, então depois de segundos  Xie Xian solta seu último suspiro. Os ratos que o observava de longe se aproximaram e começaram a comer sua carne, arrancando pedaço por pedaço, enquanto o pêndulo ainda terminava de parte o corpo ao meio.

E assim depois de dias não existia mais nada, apenas ossos e tecido, nem parecia que algum tempo atrás naquela mesma sala uma pessoa viva habitava.

Uma vida é uma vida, não importa quem seja a pessoa, elas merecem viver, mas se chegar um momento em que você tenha que matar, não comemore esse feito, apenas faça sem alarde, mas no final lembre-se de cada vida que você ceifou, e cada sangue que você derramou.

Leve essas pessoas com você, elas merecem ser lembradas, todos merecemos ser lembrados, porque no fim somos todos história e histórias merecem ser contadas, e nunca esquecidas.

Small Doses - HuaLian (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora