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Depois da festa na sexta, Jimin havia tido uma discussão muito feia com a mãe, na qual o pai teve que interferir e Soobin se trancou no quarto com ele até que parasse de chorar. Ele odiava discutir com ela, se sentia incapaz de respondê-la de uma forma que não gerasse uma mágoa que repercuritia para os dois lados.

Por isso ficou em silêncio enquanto ela gritava.

Ela o chamou de irresponsável por ter ficado na casa do pai de Jeongyeon em Mulbang-ul, de ingrato por tê-la "respondido mal" ao telefone e, por fim, de mentiroso por não ter falado que Changkyun havia ido junto. Ela perguntou se eles haviam saído sozinhos, mas não acreditou quando Jimin negou. Ela ligou para a mãe da amiga para tirar tudo a limpo, e mesmo quando a mulher confirmou que a filha esteve com Jimin, a mulher continuou a desacreditar.

Seu pai, por outro lado, havia se animado com a ideia de Jimin ter passado o dia sozinho com Jeongyeon. No domingo lhe deu um tapinha nas costas e parabenizou em voz baixa, como se torcesse para que a esposa não ouvisse.

Jimin não sabia qual das atitudes lhe doia mais.

Naquele dia no domingo, Jimin ficou na igreja mesmo depois da família ter ido embora. Ele se ajoelhou diante da imagem de nossa senhora, juntou as mãos entrelaçadas em frente ao rosto e chorou.

Chorou porque se sentia tão sufocado quanto culpado. Chorou porque não conseguia mudar seus desejos, mesmo que se abstivesse de quase tudo. Ele chorou porque se sentia preso em casa, mas, principalmente, se sentia preso pela própria consciência, pois possuía a absoluta certeza de que se jogasse tudo para o ar, cairia e queimaria.

Porque desde criança ele ouvia que o inferno era o único caminho para pessoas como ele e tinha medo, mas simplesmente não conseguia se desligar do fato de que era gay.

E sabia disso desde muito novo.

Park Jimin era um garoto muito puro e sensível, e sua forma gentil de demonstrar amor irritava o pai, eles o colocaram como coroinha muito cedo porque sabiam que o filho era diferente, mesmo que fosse apenas uma criança de seis anos sem maldade nenhuma quando abraçava os colegas em vez de cumprimentá-los com toque de mãos sem profundidade. Ele sempre gostou de azul, muito, mas ainda sim preferia brincar de cozinhar do que correr com carros.

Os anos se passaram e aos nove Jimin se apaixonou pela primeira vez, só que ele não sabia disso. Mais ainda sim gostava muito de Yoongi.

Os pais do garoto trabalhavam para uma empresa de turismo e nunca ficavam muito tempo no mesmo lugar, os dois estudaram juntos durante um ano na escola integral de Susaseum, e eram inseparáveis.

Jimin gostava de abraçar Yoongi e o garoto nunca lhe negava nenhum contato, o retribuindo todas as vezes. Ele não se importava em feiras aos quatro cantos que o garoto era seu melhor amigo e seus pais lidaram muito bem com isso durante algum tempo, até que em uma viagem rápida até Mulbang-ul para visitar a avó no hospital, ele viu dois estudantes trocando um beijo através do vidro do carro.

Ninguém além dele mesmo viu e nada teria acontecido se a pessoa que tivesse visto não fosse Jimin, por quê, até aquele momento, ele não sabia que garotos podiam se beijar. Em sua cidade, ele apenas via garotos brigando garotas e alguns de seus não-melhores-amigos viviam falando sobre as garotas que queriam dar seu primeiro beijo.

Eles nunca haviam falado sobre garotos.

O Park ficou em silêncio, mas ainda sim pensou no melhor amigo. Pensou em como seria se eles tocassem os lábios daquele jeito, com aquele carinho, assim como os dois rapazes se tocavam naquele dia.

E Jimin quis Min do mesmo jeito que seus amigos queriam as garotas.

Naquele época a Sra. Park era bem mais liberal, então não foi nenhum problema deixá-lo dormir na casa do outro garoto em seu aniversário. Eles comeram algodão doce, cachorro quente e bolo o dia todo, e a noite todo mundo foi embora, menos Jimin. A Sra. Min sempre sorria para si e arrumou a cama debaixo para que ele e Yoongi dormissem no quarto.

Bring The Heaven • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora