ℙ𝕣𝕠́𝕝𝕠𝕘𝕠

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Charlie Walker

Alguns anos atrás...

Encaro a porta à minha frente e hesito antes de entrar, mas sei que se eu não fizer isso, tudo ficará muito pior. Tomo coragem e finalmente giro o trinco entrando no apartamento com as mãos cheias de sacolas, ele está no sofá com um copo de uísque na mão, seu olhar cravado em mim desde que eu entrei.

_Oi amor chegou cedo! - digo tentando ser o mais amorosa possível mesmo que isso faça meu estômago revirar a cada segundo.

_ Você é que está atrasada, onde estava? Flertando com algum babaca por aí como a puta que é? - Diz alterando a voz em cada palavra.

_Eu passei no mercado, pra comprar algo pra fazer pra você no jantar, mas tinha apenas um caixa funcionando e tive que esperar na fila. - tento me explicar com a voz embargada, mas eu sei q ele não vai acreditar, porque tudo o que ele precisa é de um pretexto para me bater.

_ Acha que sou idiota?... As vezes eu penso que você faz isso pra me provocar, gosta que eu bata em você?- Se levanta vindo até mim.

_ Não Dany, por favor!!!! Não faz isso...

Atualmente...

_Mamãe? - Sinto minha bochecha ser cutucada, abro os olhos e posso ver seus olhinhos claros me olhando com ternura. - A gente já chegou?.

Olho em volta e vejo a aeromoça avisando algumas pessoas desatentas que o avião pousou.

_Sim meu amor, parece que já pousamos!- levanto pegando minha bolsa e a mochila do homem de ferro do Oli no bagageiro, e saindo do avião com ele no colo. Finalmente chegamos...

Chicago a cidades dos ventos, essa já é minha terceira cidade em 5 anos, na primeira cidade para onde eu fugi Dany me achou muito fácil, mesmo eu usando outro nome ele conseguiu me encontrar, eu ainda estava grávida do Oliver, o vi ao acaso próximo a cafeteria que estava trabalhando, larguei tudo pra trás e fugi com a roupa do corpo e minha bolsa recomeçando tudo do zero, outra vez. Então eu me limitei a ficar no máximo um ano em cada cidade, mas a verdade é que eu estou cansada de fugir, por isso escolhi Chicago dessa vez, minha mãe tem uma irmã que mora aqui, pelo menos era o que ela sempre me dizia antes de morrer, que um dia ela queria reencontrar a irmã que era a sua única família, elas perderam contato após o casamento.

Minha família é natural da Inglaterra, nasci, cresci e vivi a minha vida toda lá, até conhecer Dany e viver o inferno com ele.

Meus pais foram felizes, pelo menos eu acho que foram, pois todas as lembranças que eu tenho deles eles estavam sempre sorrindo e com um olhar apaixonado. Meus avós morreram cedo então sempre foi minha mãe e minha tia juntas contra o mundo até o dia em que minha tia decidiu ir morar e estudar em outro país... Eu não a conheço tudo o que eu sei e já vi dela são as fotos com minha mãe durante do tempo em que viveu aqui, e os cartões postais que ela mandava nos aniversários de mamãe, tudo guardado com o maior cuidado e carinho dentro da caixinha de memórias da dona Louise.

Conhecer minha tia e entregar essas lembranças pra ela é uma promessa que eu fiz pra mim mesma em nome da minha mãe no dia em que meus pais morreram, isso foi a 7 anos quando eu tinha acabado de completar 18 anos. Uma jovem recém chegada a vida adulta que acabou ficando sozinha no mundo, e foi assim fragilizada e sozinha que conheci Dany... Achei que ele seria meu príncipe salvador... eu não imaginava o quão ingênua eu podia ser... sinto ódio de mim mesma.

Tudo o que eu sei da minha tia além do endereço do cartão postal, é que ela é casada com um policial de Chicago, e que tem um filho quase da minha idade, não sei o que esperar quando chegar lá, não sei nem mesmo se ela ainda mora nesse endereço, mas eu preciso tentar, preciso de alguém que nos ajude, que me ajude a desaparecer de um jeito que nem Dany nos ache.

Saio dos meus pensamentos assim que o táxi encosta no endereço do cartão postal, uma casa azul com uma porta vermelha e uma bandeira americana tremulando ao vento, "típica casa americana" penso.

Já são quase dez da noite, mas eu não vou conseguir esperar até amanhã, então aqui estou eu em frente a porta com meu filho adormecido nos braços, e nossas bagagens ao pé da pequena escadaria, tentando tomar coragem pra tocar a campainha.

Assim que toquei não demorou muito para a porta abrir, e um homem de porte atlético por volta de uns 50 anos mais ou menos e com uma cara nada amigável atender.

_ Pois não, posso ajudar em alguma coisa? - Diz com sua voz rouca que me faz estremecer e hesitar por um momento, mas eu cheguei até aqui não posso desistir, não agora.

_ Boa noite, desculpe incomodar, mas eu estou procurando Camille Simon... não desculpe... ela é Camille Voight agora...

CONTINUA...

𝑳𝒐𝒗𝒆 𝒊𝒏 𝑪𝒉𝒊𝒄𝒂𝒈𝒐 ||  𝑱𝒂𝒚 𝑯𝒂𝒍𝒔𝒕𝒆𝒂𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora