14. it's my fault ;;

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Minho praticamente se arrastou de volta para casa naquele dia, suas pernas o falhavam constantemente, fazendo o mesmo cair e machucar os joelhos e os braços. Mas não doía. Nada doía. Nada jamais doeria mais do que o vazio que sentia em seu peito.

As criaturas lhe perguntando o que havia acontecido enquanto ele passava pela floresta abraçando seu torso nu não o importavam. Ele não queria chegar perto de ninguém. Todas aquelas criaturas se preocupando... Elas só estão fingindo... Elas só querem o machucar também... Querem se aproveitar dele...

Alguém havia roubado uma parte de si, uma parte que lhe pertencia, uma parte que ninguém deveria sequer pensar em tirar dele. E na sua cabeça as pessoas estavam rindo dele, rindo de como ele foi facilmente manipulado.

Felix e Jieun? Eles iriam rir de sua cara! Ainda diriam que foi bem feito! Claro que diriam! Eles sempre o disseram que esse tipo de coisa aconteceria! Pelo menos assim ele aprenderia!

Chan?! Pffft! Chan provavelmente diria que ele mereceu pra deixar de ser tão dado. Céus ele provavelmente nem acreditaria pra início de conversa! O amigo querido dele não faria algo assim! Ele provavelmente também terminaria e jogaria aquelas pulseiras e anel em sua cara como o lixo sem significado que eles são!

Minho se sentiu pior ainda em pensar isso das pessoas que mais ama...

Quando chegou em casa ele ignorou completamente os seus gatos, tudo que fez foi deitar na cama com o corpo cheio de arranhões e suor e agarrar os joelhos. Ainda com os olhos abertos.

Soonie ficou em pé ao lado da cama se perguntando o porquê de seu papai estar assim. Doongie subiu na cama e deu tapas em Minho esperando uma resposta, qualquer resposta, não recebeu sequer um “chega”. Dori deitou perto da barriga de Minho, confuso, jamais havia visto ele daquela forma.

Fenny estava confusa, preocupada. Mas não havia nada que ela pudesse fazer além de proteger Minho de outros perigos eminentes. Ela não sabia o que exatamente havia acontecido. Mas sentiu toda a magia que um dia habitava o corpo de Minho sumir. Ela tem uma conexão com Minho, então sentiu o momento exato que aquilo aconteceu. Mas novamente, ela não pode fazer muita coisa.

•••

A luz da manhã brilhou nos olhos inchados de Minho, agora contornados por olheiras e lágrimas que haviam secado. Ele não tinha mais lágrimas para soltar, simplesmente havia acabado. Ele só permanecia na cama com seu peito doendo, sem mover um músculo sequer e sem nenhuma forma de botar os sentimentos para fora.

Soonie e Doongie dormiram com ele a noite toda, tentando aquecer o corpo gelado dele da melhor forma possível, eles pareciam tristes por ver o dono daquela forma. Dori, havia saído para sua caçada matinal. Ele provavelmente não se importava. Nenhum dos três se importava. Ninguém se importaria.

Fenny então sentiu uma presença familiar na rua, e sem sequer avisar Minho ou perguntar se podia deixar o ser entrar, ela abriu sua pétala, Minho precisava de ajuda quer ele queira ou não.

— Hyung? — a voz familiar ecoou pelos ouvidos de Minho, mesmo ele achando que deveria se esconder, ele não conseguiu, continuou sem se mexer. — Tá aí?

Felix deu alguns passos até se encontrar de frente com a cama do irmão, sentindo seu coração disparar em uma velocidade jamais vista.

O mais novo correu em direção a cama e se agachou na frente dela, passando sua mão pelo rosto dele.

— Hyung! — ele o chamou com a voz trêmula. — Hyung fala comigo! O que houve?!

Minho não falou, ele nem sequer se mexeu, nem sequer piscou. Ele não sentia nada, sentia apenas um imenso vazio.

— Hyung! — Felix sentou o irmão na cama e começou a o chacoalhar, implorando desesperadamente por uma resposta do mais velho. — Por favor... Me diz o que houve... Quem fez isso com você?! — disse ainda com a voz trêmula, mas dessa vez com raiva também.

— Ele tirou tudo... Tudo de mim... — sua voz era quase inaudível.

— Quem? Minho, quem?! — Felix excluiu o uso de honorificos, chacoalhando mais ainda os ombros do outro.

— Você não vai acreditar... — Minho murmurou com a voz fraca. — Ninguém vai...

— Como não...? É claro que eu vou! Eu jamais duvidaria de você! — Felix reafirmou.

— Claro que duvidaria... — Minho riu, uma risada amarga, cheia de dor. — Sempre duvidam, ninguém confia em mim...

— Para com isso! — Felix gritou frustrado. — Me diz quem foi!

O Jungmin... — Minho respondeu, depois continuando a risada, olhando os olhos cheios arregalados do irmão. — Viu? Você não acredita... — as risadas lentamente começaram a se transformar em soluços. — Ninguém acredita... Nunca acreditaram... Nunca vão acreditar... — ele continuou a soluçar. — Porque ninguém acredita mim... Sempre sou eu que comecei... Sempre foi culpa minha... — a voz dele se encheu de dor e frustração, lágrimas começaram a escorrer suas bochechas de novo.

Em um momento de puro ódio, Minho afastou Felix de si e agarrou seus próprios cabelos, soltando um grito estridente. Recheado tudo que ele sentia naquele momento. Toda a dor presa em seu peito e todo o ódio que ele precisava colocar para fora. Antes de se despedaçar em lágrimas de novo.

Ele se encolheu na cama e escondeu seu rosto com as mãos, as lágrimas escorriam pelas suas mãos e caíam em seu colo, tudo aquilo doía, doía mais do que suas costas por ter tido suas asas arrancadas, doía mais que qualquer coisa.

Felix lentamente se sentou ao lado do irmão e o envolveu em um abraço de lado. O mesmo imediatamente retribuiu, escondendo o rosto no peitoral dele e agarrando sua blusa com força, como se ele fosse sumir dali. O mais novo permaneceu acariciando seu cabelo.

Eventualmente, Dori voltou para casa. Trazendo consigo um passarinho morto. Não era nada novo, mas dessa vez ele não aparecia orgulhoso de sua caçada. Parecia mais que havia trazido aquilo para mostrar que se importava. O animalzinho não sabia mais o que fazer.

Ninguém sabia mais o que fazer.

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