Prólogo

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Helena Duval 

Cansada…

É assim que me defino. Me sinto extremamente cansada disso tudo, de viver…
Sete anos já se passaram. Todos desde então me diziam que o tempo cura todas as feridas, mas não era verdade.
No início, todos tentaram me ajudar. Os amigos no caso né, porque família eu já não tinha mesmo, afinal, éramos só minha mãe e eu até que ela se foi quando eu tinha 16 anos. Desde então precisei cuidar da minha vida.
Pouco tempo depois, formei minha familia. Mas assim como Deus me deu, ele levou...e a culpa foi minha.
Desde que tudo aconteceu, eu mergulhei na mais profunda escuridão.
Tentei de tudo: terapia, remédios, psicólogo, psicanalistas, religião, mais de uma inclusive, mas nada, nada pode aplacar essa dor que sinto. 
É algo tão intenso que é até difícil de explicar.
Meus amigos diziam que eu ia me levantar e recomeçar, mas não foi assim. Com o tempo eles se cansaram da minha tristeza e foram se afastando, vivendo as próprias vidas. Hoje, já são pelo menos cinco anos sem sair de casa, sem me relacionar diretamente com ninguém. 
Se eu sumir, ninguém vai notar, afinal, tudo que eu preciso resolver, é  por telefone, internet, delivery...nem os vizinhos devem lembrar mais que cara eu tenho.
Mas eu sou uma desgraçada de uma covarde.
Nem coragem pra acabar com a minha vida eu tenho. 
Agora vem essa pandemia, e diz pras pessoas se isolarem...já não é o que eu faço? 
Acho que preciso começar a sair...não seria nada mal esse vírus fazer o que não tenho coragem pra fazer.

Uma Vida de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora