9. OS GRANDES FEITOS DO PRIMO CAETANO

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A PRIMEIRA COISA QUE O primo Caetano fez quando colocou os pés para fora do carro foi tirar um pano do bolso do paletó e ilustrar os sapatos, que brilhavam como nunca, se alguém chegasse perto poderia ver seu rosto refletido neles

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A PRIMEIRA COISA QUE O primo Caetano fez quando colocou os pés para fora do carro foi tirar um pano do bolso do paletó e ilustrar os sapatos, que brilhavam como nunca, se alguém chegasse perto poderia ver seu rosto refletido neles.

O sujeito respirou fundo, sentiu o cheiro de esterco e mato e tratou logo de tirar do outro bolso uma essência de lavanda, cheirou-a tão forte que pareceu ser seu último suspiro.

Ventava um pouco, portanto o primo Caetano tratou logo de segurar para que a peruca não caísse de sua cabeça, não podia passar novamente pelo vexame que passou na última visita a família, onde sua peruca saiu voando pasto à fora.

Na varanda, pareciam todos estar esperando para uma foto: vô Elias de sorriso no rosto abraçado com sua ex-esposa, nem parecia ter levado uma panelada de Bigodão naquela manhã por não querer pentear os cabelos. Mesmo sendo inimigas mortais, Julieta e Flavia permaneciam uma do lado da outra, sacrifício difícil, porém necessário em uma ocasião como aquelas.

Tia Marocas, por sua vez, não mantinha a cara de paisagem como os outros, estava de braços cruzados chateada por ter deixado a galinha Griselda no quarto para não aborrecer o visitante. Nino também seguiu o exemplo da tia e não se esforçou para parecer amigável, seu cabelo lambido para trás estava lhe irritando, a roupa estava quente e a única vontade que tinha era de dormir o resto da manhã.

— Primo Caetano, seja bem-vindo! — vô Elias deu um passo à frente e esticou o braço para apertar a mão do sujeito.

O primo Caetano olhou a mão do avô de relance com a sobrancelha arqueada e ficou encarando-a até que Elias ficasse sem jeito e abaixasse a mão, ainda com um sorriso no rosto, imaginando o que viria a seguir.

— Assim é melhor, mãos são nojentas. — sorriu, tentando parecer simpático. — Está um dia formidável, não tá?

— Ô se tá! Nada mió que um cheiro de esterco pela manhã num é? O cheiro da natureza! — vô Elias falou de novo, dando uma risadinha sem graça no final.

Antes que o primo Caetano desse meia volta e retornasse para o carro, Maria Bigodão tomou a frente, perguntou se ele lembrava das gêmeas e fez questão de apresenta-las, Julieta o cumprimentou com a cabeça e Flavia estava tão nervosa que não soube bem o que fazer.

Logo em seguida o coração de vó Bigodão disparou, ela se aproximou de Nino olhando no fundo de sua alma como se dissesse para ele ficar quieto e o apresentou para o primo, dizendo que ele era filho da Laura e que iria ficar ali durante alguns meses.

— Vejo que a família tá crescendo... Tá dando pra alimentar todo mundo? — deu uma risadinha e se aproximou de Nino, que permanecia de cara fechada vendo aquela peruca esvoaçante. — E nossa, quanto tempo não vejo a senhora, Marocas!

Tia Marocas respirou fundo ainda ressentida pela galinha, depois tentou forçar um sorriso e cumprimentou o sujeito.

— Parece que tem tanto tempo que a gente não se vê... Me conta, conseguiu desencalhar? — deu um tapinha no ombro da solteirona, como se tivesse a maior intimidade do mundo.

A JIRIPOCA VAI PIAR [VENCEDOR THE WATTYS 2022]Onde histórias criam vida. Descubra agora