A missão - Parte 2

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Ochako se divide entre manter-se o mais estoica que consegue, tentando bancar a patinadora profissional enquanto desliza suavemente ao lado do Bakugou, e dar risada cada vez que o garoto olha feio pra ela quando se desequilibra. Ela não quer rir dele, parece errado considerando o esforço que ele tá fazendo em nome de seus amigos — ela incluída — mas... é difícil, ver o garoto explosivo que é amplamente conhecido por ser bom em basicamente tudo que faz parecendo um gatinho tentando se equilibrar num lago congelado é engraçado, e Ochako não contém uma risadinha quando os joelhos do Bakugou tremem, ameaçam ceder até que... ele não cai, balança um pouco, mas não cai.

— Tá rindo de quê, sua maldita?

— Nada, nada! Você só... não precisa se concentrar tanto. — ela se aproxima, levando uma mão na direção dele, que estreita os olhos em suspeita — Eu não vou usar minha individualidade em você! Eu só... — Ochako leva a mão à lombar dele, empurrando gentilmente — Coluna reta, se curvar só deixa mais difícil, flexiona os joelhos um pouquinho e... — ela vai conduzindo-o com delicadeza, até que por fim o solta e observa ele se mover algumas passadas sozinho — Isso! Muito bem, Bakugou-kun!

— Vai se foder. — ele resmunga, parando logo depois. A postura ainda está meio torta, mas ele parece estar se equilibrando bem mais — Tsk, por que esses com as rodinhas de carro são assim? Não são os outros que deviam ser mais difíceis?

— Rodinhas de carro...? Ah tá, você tá falando do modelo quad... bom, eles são mais fáceis de se equilibrar, mas não pegam muita velocidade, por isso você tem a impressão de que não tá aprendendo rápido. O tipo inline, que tem as rodinhas alinhadas numa fila só vão muito mais rápido, mas é mais difícil se equilibrar. Você estaria voando pela pista, mas... com certeza ia cair muito mais.

— O caralho que eu ia! — ele ajusta sua postura — E como raios você sabe tanto disso?

— De patins? Ah... Eu tinha um emprego de meio-período na época do Fundamental, e tinha que usar patins pra servir as mesas e tal. Aí acabei aprendendo. Eu nem era muito boa, ainda não sou, mas consigo andar mais rápido agora que melhorei minha resistência a movimentos bruscos com minha individualidade.

— Você quer usar patins pra trabalhar de heroína? — ele questiona como se fosse um completo ultraje ao trabalho de herói. Ochako entende que é porque ele não sabe andar, então acha a ideia absurda. Ela talvez acharia também... se sequer tivesse pensado nisso antes.

— Nunca nem passou pela minha cabeça... — ela admite — Mas... não seria má ideia, eu me moveria mais rápido no chão e conseguiria pegar alguém de surpresa mudando minha trajetória...

— Só acoplar umas rodinhas naquelas botas feias que você usa. — ele dá de ombros.

— Sim, eu... Ei, minhas botas não são feias! — ela se dá conta do que ele disse e o olha feio.

— Parece um par de bexigas, você já tem essa cara redonda, já é tudo redondo, fica parecendo um balão gigante voando por aí!

— O q- eu não pareço um... ah, e você com esse cabelo espetado, aquela máscara, tudo... fica parecendo um... um... estalinho ambulante!

— Um o quê?

— Estalinho!

— Ah é? Pois você vai ver só, sua cara de lua maldita, eu vou- — ele vem na direção dela, Ochako patina graciosamente na direção contrária, alternando os pés de maneira tranquila. Ela olha pra trás e o encontra muito mais perto do que o esperado, então acelera um pouco e troca de direção. A garota já imagina que ele não conseguiu controlar a velocidade para mudar de rumo e se estabacou no chão, mas ao olhar pra trás de novo, ela percebe que não.

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