Intrínseca

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Caelus, reino de Urano

A volta dos dois indivíduos com olhos eclípticos gerou um sentimento quase universal de surpresa. Para aqueles já na mesa, o choque de ver os olhos semelhantes. Para os dois, o baixo entendimento em qual milagre foi operado para tantas pessoas estarem juntas por livre e espontânea vontade. Não reclamaram, tampouco elogiaram, qualquer tipo de comentário sempre tendia a piorar a situação em uma escala indesejada e inconveniente.

E com a proximidade dos dois, puderam ver a figura de aura turquesa simplesmente levantar, como se o ambiente fosse ruim demais para permanecer, e nenhum o julgaria por isso.

Erik e Circe tiveram apenas o tempo de ver Hanzo também se afastando da mesa, de se aproximarem e de Erik conseguir comer um petisco antes de vislumbrarem a volta de Hanzo, mas completamente irado e com uma expressão muito diferente daquela previamente vista.

Khaled também notou a mudança repentina, e foi o primeiro a levantar para ter uma palavra com o curandeiro antes de Hanzo se aproximar ainda mais. Embora Khaled soubesse de vários pares de olhos fuzilando suas costas, também sabia daqueles mesmos pares de olhos transbordarem preocupação.

E minutos depois da chegada do venusiano, Freya vinha acompanhada de Riot. Ela comentou algo com o homem, e pela expressão nada boa vinda dele, souberam de se tratar sobre um assunto igualmente perturbador. Riot parecia insistir, e Freya soava como se quisesse muito tranquilizá-lo. A atenção dos atuais Sol e Lua estava completamente no casal e logo ganharam a atenção da rainha.

— Vocês dois, venham — Freya inquiriu, com um péssimo tom de voz. O incômodo havia se alojado no timbre da mulher, e não esperou a irmã e o amigo levantarem para já começar a caminhar para onde queria.

— E eu achando que você tinha me chamado para aproveitar a comida — Erik comentou, com cinco tipos de petiscos em mãos ao apressar o passo para alcançá-la.

— Me dá um? — Freya perguntou, olhando de forma cansada para Erik e para as mãos dele. Ele não teve como recusar o pedido, e entregou dois dos petiscos para ela.

Com um olhar preocupado de Circe, ele acabou comendo só um e entregou os outros dois para Freya também. Ambos tinham a curiosidade de saber o ocorrido para ela voltar com tanto peso no próprio emocional, mas não perguntaram, sabiam muito bem que saberiam depois de uma forma ou outra. Se não tinham visto Ragnar pessoalmente, provavelmente a razão seria ele.

Seguiram por um caminho há muito não percorrido pelos dois, e com o avançar da noite, as árvores cheias davam um tom macabro ao caminho de pedras em direção do coração do reino.

Talvez fossem as árvores, talvez fosse a própria tensão rondando o trio, talvez fosse toda a preocupação envolvida e o pesar sobre aquele momento. Casamentos deveriam simbolizar um novo começo, uma esperança saudável e uma leveza de espírito, e nenhum desses conceitos parecia cabível. Ao menos um deles se tornaria realidade, mas não da forma mais positiva e desejada possível.

— Eu sei que os dois quiseram muito manter isso longe do meu conhecimento, mas não foi difícil de notar que tinham relação com toda essa... bagunça — Freya comentou, e nenhum ousou questionar. Realmente não haviam dito com todas as palavras, mas não precisavam. — Papai e tia Johanna sabiam, e uma vez eles me pediram para cuidar de vocês dois, mas é bem difícil cuidar de gente com tendência de se meter em furada.

— Ele te contou sobre isso? — Circe perguntou, estreitando os olhos. A netuniana seguia dois passos atrás da irmã, e pararam logo à frente da entrada da principal gruta daquele reino.

Freya não continuou a andar, sua intenção naquele lugar era meramente mostrar o caminho, tinha certeza de nenhum daqueles dois lembrar exatamente como chegar à gruta. Ela virou o corpo para olhá-los, e passou os braços pela frente do corpo para abraçar a própria barriga. Deu um longo suspiro antes de continuar.

Depois da AlvoradaOnde histórias criam vida. Descubra agora