Era uma linda e radiante manhã de verão. O sol iluminava cada pedacinho daquela terra, majestoso e único em um céu límpido, com nuvens brancas ao redor como pequenos flocos de neve. Os raios solares refletiam nas imponentes muralhas que cobriam aquela cidade.
Quando os imensos portões de ferro foram baixados, o exército cruzou-o como uma ponte, abandonando as terras livres, adentrando na grande e populosa capital do continente, Lienor.
Os soldados voltaram orgulhosos, depois de uma perigosa empreitada, contudo, muitos dos seus companheiros tinham perdido suas vidas, por isso, a alegria pouco fazia-se presente naqueles rostos atormentados e cansados.
Uma salva de palmas iniciou-se pelos moradores do lugar, aglomerados em grandes grupos na frente das suas residências, contemplando o heroísmo daqueles sobreviventes, então, de repente, seus olhos recaíram sobre dois indivíduos sendo puxados por correntes, dois prisioneiros.
Firenze e Cadmos foram arrastados pela estrada como dois pedaços de carne sem importância ao longo de todo o percurso, vez ou outra, tratados com muita hostilidade. O meio-elfo fora chicoteado inúmeras vezes, em quase todas as paradas que os soldados faziam para acamparem ou darem uma demorada pausa em alguns vilarejos no caminho, divertindo-se com moças em casas de prazeres. Ele já aguentara dores muito maiores, porém, o que mais machucava era o seu orgulho completamente despedaçado, e esse sentimento só se intensificou ao notar os civis encararem-no em um misto de raiva e pena. Já o velho mensageiro, não fora tão maltratado, mas estava tão exausto que mal conseguia permanecer em pé, pois sua coluna fraquejara e seus pés estavam em pura carne viva de tanto andar.
O general Valkus, no auge da sua imponência, cavalgava em um belíssimo alazão, liderando as fileiras de soldados, enquanto atravessava as barulhentas ruas da capital. Ele gesticulava com elegância, pedindo que os civis abrissem caminho e não fizessem muito tumulto, pois precisava levar aqueles prisioneiros o quanto antes para a presença de seu regente, o ministro que há dezoito anos governava aquela cidade com mãos de ferro.
Lienor era tão deslumbrante que parecia ter saído diretamente dos livros de contos de fadas. Os maciços portões que davam para as planícies, escondiam uma preciosa joia urbana em seu interior. Era muito fácil se perder na capital, por isso, ela era estrategicamente dividida em quatro grandes distritos para que facilitasse a movimentação do povoado, principalmente, dos viajantes, que vez ou outra, apareciam por lá para apreciar do conforto que nenhum outro reino poderia oferecer.
A comitiva de soldados atravessava o distrito comercial, o mais próximo da entrada da cidade. As ruas eram amontoadas de residências e estabelecimentos, com suas paredes pintadas nos mais diversos tons, com telhados escuros e bandeiras ilustrando um belo falcão dourado com suas gloriosas asas abertas em um fundo prateado, dispostas por todos os cantos, em sua maioria, penduradas nas janelas das propriedades.
Diferente dos vilarejos do Norte, onde era proibida qualquer manifestação ou interesse ao sobrenatural, no Sul, você poderia encontrar uma quantidade significativa de comerciantes ofertando ervas medicinais, cristais de proteção, entre demais produtos, considerados amaldiçoados em outras terras. A liberdade de expressão era muito tolerada por lá, contudo, por baixo dos panos, a cúpula liderada pelo ministro, exaltava valores sórdidos como escravidão, conquista de terras alheias e tortura tanto física como psicológica.
Ao longo das largas ruas que emergiam daquele agitado centro comercial, havia uma praça circular, enfeitada pelas mais diversas flores como margaridas, violetas e jasmins. Uma luxuosa fonte revestida em ouro no formato de um belo pássaro embelezava o meio da praça, com água cristalina jorrando do bico da ave sobre uma pequena estrutura circular feita de pedra, onde a água acumulava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sangue de Lugh - Seita do Exílio
FantasyApós os eventos de "Fragmentos da Alma", o nosso trio de heróis deverá enfrentar não só as provações físicas das suas decisões, mas terão que lidar também com um emaranhado de sentimentos. Dúvidas, paixões, alegrias e traições, uma transição de caus...