Um Conto de Revolucionários

Promessa

KOALA

O som de batidas suaves na porta da cabine me trouxe dos meus sonhos de volta para a realidade.

- Koala-san, vamos nos reunir em vinte minutos. - O tom da voz de Hack era delicado por trás da porta.

- Estarei lá em um instante.

Minha resposta foi seguida pelo som de passos, cada vez mais baixo e distante até desaparecer.

Olhei através da pequena janela redonda ao lado da minha cama e me perguntei como não havia acordado com toda aquela claridade. Lá fora, o sol brilhava majestoso, o céu não tinha nuvens à vista e o mar exibia seus múltiplos tons de azul e verde na mais absoluta calmaria.

É uma bela manhã. Pensei.

Após gastar alguns minutos do meu tempo limitado olhando através da janela, sentei-me na cama e afastei a coberta que me envolvia. Apesar do sol lá fora, a manhã ainda era fria.

Era difícil de ignorar todo o cansaço que sentia, mas levantei-me e vesti as roupas que ontem havia guardado no baú. Deixei a cabine em direção ao banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes e, enfim, segui em direção ao convés.

Os corredores, apesar de estreitos, se prolongavam por generosos metros. Era uma embarcação enorme e, devido ao nosso pequeno número, optamos por ocupar apenas o convés principal e as cabines da proa, deixando mais da metade do navio deserta.

Estávamos viajando de volta a Baltigo em uma embarcação que encontramos no porto comercial secreto de Dressrosa. Assim como esse, dezenas de outros navios mercantes disfarçados de navios piratas estavam dispostos no local esperando pela mercadoria de Doflamingo. Este navio, em especial, já estava carregado com múltiplas caixas cheias de armas, tornando-o ideal para nossa fuga. Após terminarmos de carregá-lo com o restante do armamento que encontramos no local e com suprimentos para a viagem, partimos em meio à noite do dia anterior.

Depois de poucos minutos de caminhada, os corredores, enfim, se abriram para a parte externa do navio. Ao chegar no convés, fui recebida por Silena. Ela segurava uma bandeja com biscoitos e café e sorria alegremente.

Silena era uma sereia cuja cauda já havia bifurcado. Ela era alta, tinha longos cabelos ruivos ondulados e olhos verdes - em geral, tinha uma aparência tão gentil quanto a sua personalidade. Usando um longo vestido azul e sapatos fechados, como estava, poderia facilmente ser confundida com uma humana.

- Koala-Chan! Estávamos só à sua espera!

- Desculpe a demora... - Falei baixinho. - Vocês, hm, trouxeram a mesa e as cadeiras da cozinha para o convés? - Apontei para a mobília recém posicionada.

- Ah, sim! Passamos tanto tempo no subsolo de Dressrosa que agora queremos ver o sol com mais frequência. Além disso, essa vai ser nossa primeira refeição em anos... queríamos que fosse algo especial, na medida do possível. - Ela ainda sorria radiante enquanto proferia tais palavras.

- Claro, foi uma ótima ideia! - Sorri de volta, peguei um dos biscoitos da bandeja e voltei a encarar o ambiente à minha frente enquanto comia.

Sentados à mesa estavam Hack, Akira, Jake, Naomi e Gabi. Akira era um homem-peixe tubarão de meia-idade. Assim como Silena, ele partiu da Ilha dos Homens-peixe acompanhado de Hack e eventualmente se juntou aos revolucionários. Antes de deixar Baltigo em missão, era instrutor de gyojin karatê, posição que passei a ocupar como substituta.

Jake e Gabi eram irmãos órfãos vindos do North Blue. Assim como eu e muitos outros, encontraram no Exército Revolucionário um lugar para chamar de lar e um propósito para seguir na vida. Ambos eram esguios, tinham cabelos castanhos cacheados na altura dos ombros e olhos castanhos claros que mais pareciam ouro líquido. A beleza dos dois sempre saltava aos olhos das pessoas que os conheciam. Apesar de parecerem gêmeos, Jake era dois anos mais velho que Gabi e sempre fazia questão de lembrá-la disso quando discutiam. Não que adiantasse de alguma coisa, Gabi tinha a língua afiada e sempre vencia.