Capítulo 3

250 16 0
                                    


Maria Luiza

Não posso negar que o fato da reunião se prolongar foi benéfico para a editora, afinal ele estava decidido a lançar o último livro em outro lugar, mas agora está pensando sobre o assunto, ponderando, isso significa que ainda temos uma chance de reverter a situação. Mas minha principal preocupação agora era minha filha, a deixei com Gabriela, posso vê-las de onde estou sentada, Olivia parece bem, está sorrindo muito, como eu não a via fazendo há bastante tempo. Percebi o momento em que o tédio começou a tomar conta dela, quando se levantou e chegou mais perto de Gabriela, e percebi o semblante de minha filha se alterando um pouco, tristeza, preocupação, não consegui definir, aproveitei que o agente pediu para falar em particular com o escritor e fui até onde estavam, abri no momento que Gabriela parecia explicar a Olivia o motivo pelo qual eu não permitiria que a tratasse como tia, como se eu ligasse para isso.

No entanto o que mais me surpreendeu foi a forma como Olivia entendeu o que era um funcionário, tive que me segurar para não rir junto com Gabriela, ainda mais quando ela virou pálida, suando e visivelmente surpresa com minha presença ali.

- D. Maria Luiza, eu estava fazendo o brincadeira com a Olivia, me perdoe se ela entendeu de forma errada, não foi minha intenção, certamente eu não me sinto como uma escrava.

- Mamãe, não castiga a tia Gabriela. Ah, eu posso chamar a tia Gabriela, de tia Gabriela? Se você deixar ela deixa, não deixa tia?

- Olivia, lembra o que acabamos de conversar? Melhor não, nós não queremos deixar a mamãe aborrecida.

- Mamãe, eu prometi a tia Gabi, que quando eu crescer ela não vai mais ser escrava.

Minha filha disse descendo da mesa e sentando-se no colo de Gabriela, que imediatamente passou a mão em seus cabelos, num gesto de carinho.

- Gabriela, pode ficar tranquila, eu percebi que foi uma brincadeira, eu entendo que essa menina consegue deixar qualquer um maluco. Já está no seu horário, pode ir, Olivia ficará comigo em minha sala, parece que não conseguirei terminar tão cedo.

- Ah não mamãe, eu estou com fome, queria ficar com a tia Gabi, ela disse que posso assisti Miracolous no computador dela.

- Minha filha, a tia Gabi precisa ir para casa, ela com certeza está cansada, vou pedir alguma coisa para você comer e fica sentadinha no sofá esperando a mamãe, combinado?

- Na verdade D. Maria Luiza, eu não me importo de ficar um pouco mais, posso pedir alguma coisa, jantamos e fico com ela até que a senhora termine, ela queria me mostrar um desenho, não é Liv?

Liv? Minha filha nunca havia recebido um apelido derivado de seu nome, pela expressão de felicidade dela, pude perceber que ela amou, jogou os braços em volta do pescoço de Gabriela e começou a falar sem parar sobre as lutas, Miracolous e todas as coisas que envolviam seu desenho favorito, tive pena de Gabriela, a pobre mulher não sabia onde estava se metendo, Olivia pode assistir o mesmo episódio desse desenho dezenas de vezes seguidas.

- Mamãe, pode pegar minha mochila? Tenho que mostrar para minha tia Gabi meus bonecos.

Peguei a mochila de Liv, gostei do apelido, delicado e ao mesmo tempo forte como minha pequena guerreia, a entreguei para minha filha e pedi que esperasse por Gabriela sentada na poltrona que havia em sua sala, eu precisava explicar pra ela algumas coisas sobre Olivia.

- Gabriela, eu não tenho como agradecer o que está fazendo, mas Olivia precisa de alguns cuidados específicos, ela sofre de asma crônica, e algumas coisas podem provocar alergia e desencadear uma crise seríssima, também não pode correr, sentar-se em tapetes, e ela é alérgica a frutos do mar, entende? Eu vou pedir o jantar dela em um restaurante aqui perto, se me disser o que gostaria de comer peço para ambas.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora