Katsuki era o sinônimo de pessoa ruim, tinha uma vida complicada e vários vícios, mas nunca imaginaria que seu maior vício se tornaria ela...
Ela tentava entendê-lo, mesmo quando nem ele se entendia...
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Meu coração falhava as batidas enquanto eu o olhava, ainda não tinha caído a ficha de que era ele o traidor.
A única pessoa que eu não conseguia mais ver os sentimentos...
A pessoa em que eu confiei...
Que eu chamei de melhor amigo...
Kirishima Eijirou.
Ele me fitava intensamente, queria que eu descobrisse primeiro. O choque me fez apertar a mão de Bakugou que estava ao meu lado.
_ Mizuki? - sua voz parecia distante para mim, quase como se não tivesse ninguém ali.
_ Eu sei quem é o traidor...- as palavras não queriam sair da minha boca, eu me recusava a aceitar.
Então o ruivo começou a rir, tão alto e tão psicótico que todos se viraram para ele.
_ O que é tão engraçado, Kirishima?
_ Que tal se a Mizu contasse por mim? - o tubarão me chamou com os dedos e me colocou a vista de cada um, sua mão segurando meu queixo firmemente. - Conta para eles!
Assim que ele me tocou a bile subiu a minha garganta, minhas pernas cederam e se não fosse seu aperto em mim com certeza teria caído. Eijirou insistia, ele queria que eu falasse, porém minhas lágrimas não me permitiam falar nada.
_ QUE MERDA É ESSA KIRISHIMA? QUE PORRA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO? VOCÊ NÃO ERA UM HERÓI? - dizer que Bakugou estava puto era eufemismo, ele parecia a beira de um colapso e cerrou os punhos com tanta força que um filete de sangue escorreu pelos seus dedos.
_ Eu era? - nada nessa voz parecia ser do ruivo, estava sério e com uma expressão desgostosa no rosto. - Se você realmente pensa dessa forma então fiz um bom trabalho.
_ VAI SE FUDER, MERDA!!!- o loiro tentou avançar com faíscas já irradiando de sua mão, mas foi logo segurado por Aizawa.
Neste ponto a turma toda entendia, eles perceberam quem era o traidor e foi difícil aceitar, foi ainda mais difícil para aqueles próximos ao garoto. Mina não conseguia sequer se mexer, Denki teve que sentar quando suas pernas cederam, Sero colocou a mão no peito como se seu coração tivesse sido arrancado e Bakugou queria quebrar tudo.
_ Por quê? - o olhei por cima do ombro, temendo que ele pudesse ouvir o som do meu coração se quebrando em cacos.
_ Porque nem todos são bons como você imagina, o mundo é cruel. As pessoas mentem, traem, matam e algumas nem sentem remorso por isto.
A traição deixa um gosto amargo, que fica marcado em cada fibra e que se espalha, assim como o sangue corre pelas veias. O coração se quebra, os laços se desfazem e as pessoas se magoam.
_ Kiri... - a alien não conseguia nem raciocinar o que falar, as lágrimas já escorriam como as que molhavam meu rosto.
_ Não fica assim, Ashido, não foi nada pessoal, era trabalho. - ele me largou para se aproximar da rosada, limpando suas lágrimas delicadamente. Mas antes que pudesse, Sero dá um tapa em sua mão e o restante do Bakusquad está a frente da garota.
_ Não se aproxima dela!
_ Uau, isso que é amizade. Mas vocês lembram que eu também costumava fazer parte desse grupo? - a expressão no rosto dele fica tão fria que chega a assustar.
O quanto realmente conhecíamos de Kirishima Eijirou?
Em minha cabeça ele nunca conseguiria fazer este tipo de cara, achei que tinha um coração bom demais para isso e confiei nele. A retribuição desse sentimento foi uma facada pelas costas.
_ Vocês me descartaram tão rápido que penso que não era tão importante para vocês. O que deveria fazer sobre isso? - após essa troca de palavras, o avermelhado ativou sua quirck.- Que tal matar todos vocês? Quer dizer, todos exceto a Mizu, já que a liga quer ela viva.
O maxilar de Aizawa travou e seus dentes rangeram, nunca nesse tempo em que morei com ele o vi tão puto.
_ Você não vai matar ninguém, Kirishima, eu não vou permitir! - nisso, Shouta olhou fixamente para o garoto desfazendo assim sua quirck.
O Bakusquad foram os primeiros a agir contra ele, acho que se sentiam culpados pelos atos do amigo de alguma forma. Porém, todos eles foram derrotados.
Kirishima não estava em seu estado normal, ele parecia mais forte que qualquer um naquela sala e por este motivo, deixou vários colegas machucados.
Em um piscar de olhos, Bakugou que estava preso pelas fitas do professor se soltou e avançou no (ex) amigo. O loiro prendeu o outro sobre seu corpo e distribuiu vários socos pelo rosto do mesmo.
_ EU CONFIEI EM VOCÊ, SEU MERDA! - ele não parava, estava descontrolado e tinha medo que matasse Eijirou.- EU ME ABRI PARA VOCÊ, TE DEIXEI SER MEU AMIGO. PORRA, EU NEM TE REJEITEI QUANDO VOCÊ SE CONFESSOU PARA MIM! - os punhos ensanguentado de Katsuki tremia e as lágrimas borraram seus olhos carmesins.- QUANDO EU TAVA NA MERDA ME ACHANDO UM MONSTRO, ERA VOCÊ QUE ME DIZIA O CONTRÁRIO. ENTÃO PORQUÊ? POR QUÊ VOCÊ FEZ ESSA MERDA COMIGO? COM A GENTE?
Nenhuma palavra saiu da boca do ruivo, mas ele não conseguiu esconder um traço de decepção que passou pelo seu rosto. Ninguém se atrevia a respirar naquele momento.
_ Você não me rejeitou, mas não se sente da mesma forma que eu. - agora Bakugou não era o único aos prantos, menino abaixo dele também estava. - Você já tem uma pessoa no coração, Brow.
_ VOCÊ ESTAVA NELE, IMBECIL! PORQUE VOCÊ ERA MEU AMIGO! - após gritar até o fôlego se esvair, o pinsher raivoso segurou o amigo pelo colarinho e começou a bater a cabeça dele no chão várias vezes. Kirishima não ousou revidar e muito menos se defender.
_ KATSUKI... - me aproximei furtivamente do garoto e o abracei pelas costas, meus braços envolvendo seu pescoço. - Dorme, meu amor.
Sussurrei em seu ouvido e ativei minha quirck, absorvendo toda a raiva do loiro. Isso porque eu percebi o que tinha que fazer. Se Bakugou estava sobrecarregado pelas suas emoções, eu deveria simplesmente pegá-las para mim. Afinal, eu era a única que poderia lhe dar um alívio.
Olhei para meu melhor amigo, as lágrimas misturadas com o sangue. Meu rosto não estava nada gentil, eu estava magoada e decepcionada. Principalmente por ele ter feito o Katsuki sofrer tanto.
_ Mizu... - ele ainda falou meu nome como se meu olhar o tivesse ferido.
_ Cala a boca! Já não fez o suficiente?- acenei para as pessoas que ele havia deixado inconscientes ou sangrando.
Shouta algemou o avermelhado, assim restringindo seu poder completamente e o levou para os outros heróis profissionais.
O ataque já havia terminado, mas tinha tirado muito mais de nós do que imaginávamos. Não perdemos só nosso amigo, perdemos a confiança um no outro.
A partir desse dia, a turma A estava fadada a se dissolver.
