Katsuki era o sinônimo de pessoa ruim, tinha uma vida complicada e vários vícios, mas nunca imaginaria que seu maior vício se tornaria ela...
Ela tentava entendê-lo, mesmo quando nem ele se entendia...
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Vocês conhecem o inferno? Pelo menos já imaginaram como ele é? Eu vivo meu próprio inferno particular todo dia.
Ouvir uma repreenda da minha mãe era um saco, uma repreenda porque ela descobriu que eu batia no Deku de merda era mil vezes pior. Não entendia o porquê de ela tratá-lo como se fosse intocável, como se ele fosse perfeito, como se ele fosse o filho dela. Isso me irritava, na verdade, me deixava puto.
Nem mesmo o barulho incessante desses malditos extras abafava os gritos da minha mãe na minha mente, o que só piorava meu humor.
"Você é um imprestável Katsuki! Não faz nada certo, puta que pariu! Batendo em um anjo como Izuku, não foi assim que eu te criei, pirralho de merda! "
Sua cabeça girava. As palavras eram como um soco no estômago, enviando uma pontada de dor pelo meu corpo.
" Eu não vou ter pena se você reprovar garoto, você precisa melhorar suas atitudes. É só um garotinho mimado! Pensa que eu não sei que vive pichando o muro com pornografia e fumando maconha enquanto pessoas boas como o Izuku estudam?!"
O nervoso que sentia corroendo minhas veias, o sangue quente por causa da irritação, a palma suada que eu insistia em limpar na minha calça e o auto controle se esvaindo aos poucos.
"Você é só um vilãozinho de merda, Bakugou Katsuki!"
E então explodi. Minha paciência se esgotara e em meio aos berros, a sala inteira me encarava assustada.
_ CALEM A PORRA DA BOCA! - eu estava em pé, tentando controlar os tremores do meu corpo, a raiva me consumindo lentamente como o pavio de um barril de pólvora prestes a explodir. - EU NÃO AGUENTO MAIS, QUERO UM POUCO DE SILÊNCIO NESSA MERDA! - logo as lágrimas brotaram em meus olhos, mas eu me recusava a chorar. - EU QUERO QUE VOCÊS MORRAM SEUS MERDAS, que vocês morram seus extras... - o tom da minha voz abaixava conforme o tremor se tornava mais forte.
Os gritos proferidos foram ouvidos por Present Mic, que logo adentrou a sala e me contemplou a um milésimo de explodir o próximo que falasse um a.
_ Posso saber o que está acontecendo aqui, senhor Bakugou?
_ Outro surto nervoso, pelo menos dessa vez não explodiu ninguém. - disse Aizawa que se levantava da cadeira com os olhos fixos em mim e se aproximou enrolando aquelas fitas em meus braços.
_ ME SOLTA! - gritei, colocando a mão em uma cadeira e criando uma explosão que a fez voar longe. - EU SÓ QUERO FICAR EM PAZ, SÓ ISSO!
Mesmo tentando relutar com os pro-heroes, sentia o coração pesado. Toda vez que surtava dessa forma, o mundo parecia desabar na minha cabeça. Eu não queria ser assim, não queria ser atormentado por aqueles fantasmas, mas não conseguia mudar.
Mizuki me olhava aterrorizada, o pavor estampado em sua linda face. Se antes ela não se aproximava de mim, depois desse episódio é que ficaria mais receosa.
✯✵✯
Logo, a visão do diretor Nezu entrou em foco e ao seu lado me encarando como se estivesse decepcionado, estava Ali Might. Desviei o olhar dos dois, sabendo que o pior estava por vir.
Expulso.
Eu podia ser, todo o esforço da minha mãe para colocar-me ali e o meu próprio para me tornar o herói número 1, jogados foras por mais um surto de raiva. Balancei a cabeça negativamente, me sentindo ridículo por ter me descontrolado.
_ Bakugou? - o diretor se levantou e veio até mim, me encarando com seus olhos de amêndoas. - O que houve?
_ Outro surto, mandou todos os colegas morrerem e explodiu uma carteira. - a voz do herói megafone soou estridente em meus ouvidos, fazendo com que eu me encolhesse.
Pude jurar que os dele faiscaram a mensão do surto, ele suspirou sem nem me olhar. All Might se retesou no canto da sala e cruzou os braços ao me olhar.
_ E então, qual foi o problema dessa vez? - soou a voz fina e animalesca do homem rato.
_ Nada. - não conseguia olhar para nenhum deles, mas podia sentir seus olhares em mim queimando meu rosto.
_ Não seja sonço Bakugou, você chegou aqui praticamente sendo arrastado por Mic e me diz que não é nada?
_ Eu apenas estou cansado. - murmuro com a voz baixa.
_ Bakugou jovem, trabalhamos com fatos, esqueça as meias palavras. - a voz impassível do meu herói favorito me fez estremecer.
Meias palavras? Fatos? Bobagem.
Eu nunca poderia contar a eles sobre minha fraqueza, sobre como as palavras da minha mãe são como uma flechada no coração.
_ Vocês não sabem o que se passa dentro de mim para falar qualquer coisa! - e lá estava eu, explodindo mais uma vez. - Eu não suporto que me olhem atravessado só porque eu fui pego por vilões duas vezes, odeio que me tratem como se eu fosse o errado, como se eu fosse o monstro! Ficam falando sobre mim como se eu fosse um livro aberto, mas ninguém nunca me perguntou nada. NINGUÉM SE IMPORTA EM SABER O QUE EU SINTO OU PORQUÊ EU SOU ASSIM, TODO MUNDO SIMPLESMENTE JULGA AS PARTES QUE VEEM SEM NEM SE PRESTAR A TENTAR CONHECER O QUE NÃO É MOSTRADO!
_ Então, que tal descansar um pouco? Passar uns dias em casa, jovem? Você parece sobrecarregado demais.
_ EU NÃO QUERO! - o pânico me invadiu, se eu passasse mais tempo com a minha mãe não sei o que eu faria. - EU NÃO POSSO ME AFASTAR, QUERO FICAR AQUI! - me levantei da cadeira e depositei um soco na mesa, que fez um barulho alto. - VOCÊ SABE O QUANTO MINHA MÃE COBRA DE MIM PARA SER O MELHOR, VOCÊ SABE QUE EU ME ESFORÇO E QUE PRECISO TREINAR! EU SÓ QUERO FICAR NO MEU CANTO, QUERO UM POUCO DE PAZ!
_ Bakugou, eu sei que você não quer, mas não posso deixá-lo nesse estado... - começou o diretor Nezu.
_ Deixe ele ficar, eu me responsabilizo por ele. - o herói número 1 colocou a mão no meu ombro e afagou minha cabeça. - Sem mais incidentes, por favor.
_ Tudo bem. - murmurei vencido.
Os dois acharam melhor que eu ficasse na diretoria até que aula acabasse, para que eu pudesse enfim me acalmar. Porém, só ficava mais nervoso ao lembrar da expressão dolorida no rosto da novata. Se antes meus surtos me proporcionavam a sensação de que o mundo estava sobre minha cabeça, esse me mostrou que o mundo estava sob meus pés. Era como um foço, quanto mais eu tentava escalar, mais afundava.
Assim que a sineta bateu, me causando um sobressalto, eu saí correndo daquela sala infernal. Queria vê-la, queria saber se ainda estava assustada e se tinha medo de mim. Acho que a cena que eu encontrei foi pior para o meu coração que batia descompassado. Ela estava sorrindo, abraçada ao cabelo de merda que a contava algo e só a faixa rir mais. A frente estava a alien, mostrando um dos seus famigerados passos de dança e os olhos de Mizuki brilhavam a cada rodopio dela.
Ela não se importava. Ela viu tudo e nem sequer ligou, como se meu surto não a abalasse. Mas o que você queria, Katsuki? Que a garota estivesse chorando por você? Ela pelo menos estava feliz e isso me acalmou de alguma forma, pelo menos por enquanto.
Eu sabia que não podia me aproximar dela, que se eu o fizesse a destruiria, mas meu coração ansiava por aquela garota de olhos dourados. O que eu podia fazer?