Fragmentos ( Satoru Gojo x leitora x Nanami Kento )

Capítulo 4 - Violino

Na janela do carro, eu pensava nele, na verdade eu pensava na voz dele. Eu havia falando com Nanami duas vezes pelo telefone, mas tinha algo na voz dele que me ganhou no primeiro “alô”. 

“Que louca”, eu pensava enquanto olhava as árvores passando em alta velocidade pela janela do carro em movimento. Certamente a minha saúde mental deveria estar bem ferrada para eu me apegar tão de repente a alguém que eu nunca vi na vida. 

Acho que apegada não é a palavra certa, talvez a palavra “curiosa” se encaixa mais, afinal, eu quero muito conhecê-lo e ver o misterioso dono daquela linda voz. 

— Chegamos! — Gojo quebra o silêncio depois de algumas horas quieto. Virando para o outro lado, ele tirou a venda dos olhos e colocou um óculos pequeno no lugar. Fiquei curiosa, até tentei espiar, mas ele logo saiu do carro. 

Fomos em direção à diretoria, nós andávamos rápido, mas eu pude notar as belas moças e rapazes que carregavam pincéis, violões e violinos pelo campo. O lugar tinha decoração vitoriana clássica, era um vislumbre para os olhos. 

Enquanto andávamos, algumas meninas notavam Gojo, com seu andado imponente e presença marcante. Não posso negar, Gojo era lindo, um dos homens mais lindos que eu já havia visto na vida, mas o que tinha de beleza, tinha de chatice e isso era impossível de suportar. 

“Quem não conhece que te compre, Gojo”, pensava enquanto sorria. 

— Boa tarde, viemos encontrar o diretor — Gojo fala com a assistente no balcão da ante sala. 

— Ele os aguarda, podem entrar — Nos direcionou até a porta. 

— Boa tarde, eu os aguardava, sentem-se — Com um sorriso largo o diretor, um senhor gordinho, nós recebeu. 

Gojo puxou a cadeira para mim, o que me fez estranhar o cavalheirismo repentino.

— Sente-se, querida — Tocou meus ombros com carinho. 

Eu estava estranhando aquela situação, Gojo não é de me tratar bem assim e até agora ele não me deu nenhuma ordem. Olhei para ele de canto de olho, enquanto sentava e cruzava suas pernas de maneira graciosa. 

É um prazer conhecê-los — Disse o diretor com um sorriso gentil — Tenho excelentes recomendações suas Gojo, assim como da sua adorável esposa — Me olhou terno. 

— O que? — Levantei espantada, fazendo todos olharem na minha direção. 

— O que a minha jovem e adorável esposa quis dizer, é que não permitiremos que sinta esse prazer sozinho, afinal o prazer é todo nosso. A faculdade de belas artes é a das mais famosas do Japão e nós estamos muito lisonjeados com a possibilidade de passar alguns dias aprendendo com vocês. 

— Ah...Sim, tudo bem! — pareceu não engolir a desculpa, mas não deu muita bola pra isso — Bom, acho melhor vocês se acomodarem, em alguns minutos mandarei a representante mostrar-lhes o campus e as oficinas que lecionarão. 

— Claro! — Gojo agradeceu e nos deram o mapa da faculdade apontando onde ficariam os nossos quartos.

— Gojo, que história é essa de esposa? — Perguntei chateada enquanto andávamos apressados pelos corredores.

— Foi preciso — Enfatizou.

— Do que você está falando, já que íamos nos disfarçar, poderíamos ser professor e aluna. 

— Claro que não! 

— “claro que não”? Como assim “claro que não”? 

— Do contrário nós não poderíamos ficar no mesmo quarto — Ele olhava pra frente com um sorriso satisfeito.