Iɴғɪɴɪᴛʏ。ー Aʀᴄᴀɴᴇ

ii. ᴠᴇʀɪᴛᴀs ᴀʙsᴄᴏɴᴅɪᴛᴀ [Att.]

[Atualizado]

A chuva só passou pela madrugada, mas "passou" é uma palavra com várias aspas. O barulho incessante das gotas batendo nas janelas parecia um aviso de que o mundo lá fora ainda estava em tempestade. Não que isso adiantasse para que os dois partissem logo; eles permaneceram o tempo necessário na gigantesca cama, aquecidos e confortáveis.

Eden, no entanto, não dormiu bem, muito mal na verdade, o que era incomum para ele. Estava a quase uma hora olhando para o teto alto do apartamento, com ambas as mãos sobre a barriga coberta pelo cobertor. Ao seu lado, Viktor dormia pesadamente, de costas para ele. Eden suspirou e passou as mãos pelo rosto, sentindo a exaustão se acumular em seus ombros. Com um leve esforço, decidiu que não conseguiria mais dormir e se levantou para preparar um café ou sair para uma caminhada, sabendo que o sono não voltaria tão facilmente.

Mas, ao chegar à porta, parou. Olhando para Viktor ainda na cama, sentiu uma onda de carinho. Ele se aproximou novamente, sentando-se ao lado do inventor e cobrindo-o com mais cuidado. Observou seus traços faciais, passando os dedos suavemente pelos cabelos castanhos. Antes de se afastar, inclinou-se e beijou seu rosto, sussurrando baixinho.

ㅤ— Vik... O que você quer de café da manhã?

ㅤ—...hm... — O inventor abriu um dos olhos com um esforço considerável, apenas para fechá-lo novamente e se acomodar na cama, jogando a própria mão na face de Eden. — ...Torrada...

ㅤ— E geleia? — Eden perguntou, tentando esconder um sorriso.

ㅤ— Geleia... — Viktor murmurou, sua voz ainda sonolenta.

Eden soltou um riso baixo e se levantou, mas não antes de dar mais um beijo no rosto de Viktor. Ao tentar tirar a mão dele, foi surpreendido quando o inventor se levantou rapidamente para segurá-lo de novo.

ㅤ— Fica aqui...

ㅤ— Mas e o café, Vik? — Eden protestou, a confusão evidente em sua expressão.

ㅤ— Depois a gente toma... — Viktor respondeu, passando a mão sobre o nariz e a boca antes de se recostar na cama novamente. — Venha, fica aqui comigo...

ㅤ— ...Viktor, você está bem mesmo? — Eden indagou, a preocupação fazendo sua voz soar suave.

Ele não respondeu. Em vez disso, Viktor apenas abraçou Eden, escondendo o rosto contra o peito dele e soltando um suspiro profundo. O moreno olhou para ele, avaliando a situação, e então envolveu Viktor em seus braços, beijando a cabeça do amigo enquanto acariciava suas costas com um toque gentil. O silêncio entre eles era confortável, e, por estarem exaustos, ambos acabaram por voltar a dormir. Dormiram bastante, entrelaçados, como se o mundo lá fora não existisse e a tempestade tivesse sido só um sonho.

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ㅤ— VIKTOR! - Batidas rápidas ecoavam na porta, acompanhadas de uma voz firme chamando por ele. — VIKTOR, ABRA A PORTA! VOCÊ TÁ AÍ?!

Eden acordou abruptamente, quase dando um pulo com Viktor ainda em seus braços. A respiração parou por um instante enquanto ele encarava o vazio, nervoso. Após alguns segundos, conseguiu raciocinar. Levantou-se, pegando um pequeno soco inglês que sempre carregava consigo pelas vielas, e dirigiu-se rapidamente à porta. Ele girou a maçaneta e abriu antes que alguém arrebentasse a entrada, já que estavam chutando.

ㅤ— Am... oi. — A voz rouca de um rapaz bem vestido, com cabelo para trás e uma barba bem aparada, soou ao outro lado. Ele ergueu uma sobrancelha, avaliando o desleixado em sua frente. - O Viktor está? Tínhamos um compromisso mais cedo e ele não apareceu...