Eu agarro a nuca dela com força tentando me conter, o que resulta em um gemido baixo.
Tão logo ela ouve os sons que me esforço para tentar esconder, me encara com a sobrancelha arqueada e um sorriso malicioso.
Naquele momento eu soube que eu estava perdida e não havia como voltar.
Não consegui dormir essa noite, me sentia como se enguias elétricas estivessem nadando dentro dos meus vasos sanguíneos, provocando numa descarga de eletricidade em todo o meu corpo. Todas as vezes em que eu tentava fechar os meus olhos, era tomada novamente por uma excitação que me impedia de pensar em qualquer coisa que não fosse a casa ao lado.
Eu cresci nessa rua, esse é o meu lugar e essas são as minhas pessoas. Não consigo me acostumar com a ideia de algo ou alguém interferindo nessa atmosfera. Eu e Clarissa riscamos nossas iniciais no muro vizinho (da forma mais furtiva que conseguimos e em um lugar bastante escondido, mas está lá) e tínhamos certeza de que se não fugíssemos dessa cidade, terminaríamos ali. E agora todas as nossas expectativas foram frustradas por um caminhão de mudança. E eu não consigo, de maneira alguma, fechar os meus olhos pensando nisso.- É uma garota.
- Oi?
- Bom dia. É uma garota, e ela está na frente da sua casa agora.
- Clarissa, do que você tá falando?
- Olhe pela porra da janela.Era definitivamente uma garota. E ela estava tocando a minha campainha.
Veja bem, eu sou ótima em situações inesperadas, como receber uma visita que chega sem avisar ou atender à uma chamada sem identificação, e por isso eu tomei a decisão mais madura e assertiva que aquele momento precisava.
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dinossauros fosforescentes
RomansEntre sabores cítricos e pedaladas, Catarina Flores apresenta ao público a pequena mas acolhedora cidade de Colina, como se a cidade em questão fosse dela. Todos os postes, placas e ruas são seus, e ela as conhece de forma tão íntima e familiar que...