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Ainda não sabia definir, se eu era burra ou apenas louca. Qualquer uma das duas indicava o quanto eu estava fugindo do padrão e de tudo o que eu tinha sido ensinada.
Se eu não achasse um refúgio, eu iria morrer ou meu pai o faria. Na minha terra, quem não seguia as regras e imposições da nossa religião, era punido com a morte. Nunca encontraríamos nosso Deus e nem viveríamos pela eternidade.
Estava de saco cheio, essa era a verdade. Depois que consegui acesso à internet e fiquei sabendo como era a cultura de todo o resto do mundo, cheguei à conclusão de que o país Zamyren não poderia ser o certo, se todo o resto do planeta não seguia a nossa religião Salyten.
Na América e em outros países da Europa, as mulheres eram livres. Não só para se divertirem ou trabalharem, mas para se expressarem.
Eu amava conversar e escrever, mas fui proibida assim que meu pai descobriu meus cadernos escondidos. Aprendi o básico, mas a minha alma sempre voou longe e me trouxe inspiração para escrever reflexões e histórias curtas.
A única vantagem que eu tinha, era que eu iria me casar com dezoito anos. Para mim, isso não era nada além de mudar o controle sobre minha vida. Eu queria uma família, mas não desejava que meus filhos vivessem com tanto abuso. Se eu tivesse uma menina, ela merecia viajar o mundo e realizar seus sonhos. Se viesse um menino, eu queria que ele fosse mais carinhoso e menos cruel, do que meu pai e meus irmãos.
Fugir.
Não era a melhor solução, afinal, se desse errado, a única filha de Amenon Landy seria expurgada da terra com uma morte em praça pública. Não acreditei que apenas em nosso país a punição era feita daquela forma. A única televisão e comunicação se limitava ao que era produzido em nossas fronteiras.
Queria conhecer pessoas, sorrir entre homens e mulheres e pintar o cabelo. Céus, eu tinha me apaixonado pela cor vermelha, precisava me sentir livre e aquela ação seria a primeira.
Escolhi uma noite de festa da família, a mesma em que conheci meu noivo, vinte anos mais velho do que eu e que tinha outras três esposas. Eu precisava de um empurrão, não me submeteria àquelas regras, sem poder expor minha opinião.
As mulheres do meu país sempre cobriram o corpo e o rosto. Então, foi fácil me misturar entre os criados e servos da minha família. Não conseguiria sair de Zamyren de carro ou avião, eram muito bem fiscalizados. Meu destino seria a marina, me esconderia em um dos barcos com inscrição estrangeira e deixaria o universo decidir minha trajetória.
Enquanto corria pelas ruas escuras, eu queria chorar. Não tinha como voltar, eu não poderia ceder ao medo que dominava minha mente.
Fugir era a única solução.
Nunca tive uma referência feminina, minha mãe faleceu alguns anos depois que eu nasci e meus irmãos não se aproximavam de mim, focados nos ensinamentos do meu pai.
Cresci tendo uma criada como mãe, que não poderia expor seus sentimentos de carinho por mim, senão morreria por estar cometendo pecado. Mas eu via em seus olhos e sentia quando a abraçava antes de dormir.
Infelizmente, eu a perdi também enquanto me tornava adolescente e aprendi a correr atrás dos meus sonhos. Primeiro, consegui um celular clandestino enquanto acompanhava uma das criadas ao supermercado. Segundo, acessei a internet e descobri um novo mundo nos vídeos e notícias.
Por mais errado que fosse pensar daquela forma, eu não conseguia entender o motivo de apenas Zamyren seguir a religião Salyten. Falavam horrores sobre a nossa cultura e o quanto precisávamos de intervenção, principalmente em prol das mulheres.
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Salva Pelo Príncipe CEO - Família Real Fiori - Degustação
ChickLitDisponível na Amazon: https://amzn.to/3FyFFdt Sinopse: O CEO da Boreal Naval guardava muitos segredos. O único que Vinicius Fiori não compartilhava com o seu gêmeo estava em sua empresa, exercendo a função de secretária. Para evitar um novo escândal...