Kim Dahyun
Já em casa, acendi as luzes da sala de estar, segurando Momo pelos ombros, tentando conduzi-la até as escadas em silêncio. A sentia estremecer de frio, não tão diferente de mim. Ela não se agradava tanto por receber ajuda, e eu notava o quanto tentava dar conta de si mesma sozinha, se segurando pelo corrimão, piscando com força os olhos para se manter alerta e estável. A chuva tinha lhe despertado um pouco.
— sua casa é bonita. — sussurrou. — estou sujando sua casa.
— é só água. — olhei para o chão.
Gotas de água pingavam de nossas roupas e um rastro de pegadas lamacentas eram deixadas para trás por nossos pés sujos. Deixei o chinelo na metade da escada, tentando evitar uma sujeira ainda maior.
Já em meu quarto, tranquei a porta e a levei direto para o banheiro, acendendo as luzes. Momo me largou e se sentou no vaso sanitário.
— o que você está sentindo? — perguntei ao vê-la de olhos fechados e o corpo inclinado para frente.
Ela estava ruim, muito, por mais que não estivesse com todo aquele desespero de quando me ligou. Ainda sim era ruim demais, tanto que nem precisava de uma resposta para me sentir aflita perante seu estado.
Eu estava acostumada a tratar de Chaeyoung nessas mesmas circunstâncias, mas a diferença é que minha amiga simplesmente se transformava em um ser extremamente enlouquecido, mais espontânea do que já é por sua natureza, insuportável. Já Momo permanecia quieta, trancada em si mesma.
O que eu deveria fazer? Dar remédio? E se ela desmaiasse ali? O que eu faria? Seus olhos continuavam fechados.
— Momo.
— eu só... — ela pegou na barra do moletom e o puxou para cima, como se o tecido lhe queimasse a pele e ela precisasse desesperadamente arrancá-lo do corpo.
A roupa não passava em seus ombros, o que a fez soltar um grunhido de irritação. Me aproximei, agachando em sua frente enquanto olhava para os nós dos seus dedos que se esbranquiçaram, tamanha era a força que fazia. Uma força que eu não sabia dizer de onde vinha. Segurei seus punhos cerrados, tentando de alguma maneira fazer com que Momo parasse, e demorou algum tempo até que ela cedesse ao meu pedido silencioso, afrouxando as mãos e as deixando cair moles sobre as pernas. Só então me permitiu segurar a barra do moletom para, em seguida, puxá-lo para cima com cuidado.
Ela soltou um soluço baixo e cansado e, quando tornei a olhar seu rosto, vi as lágrimas caindo outra vez de seus olhos, junto das gotículas de água que escorriam de seu cabelo. A franja estava grudada na testa, e as bochechas, junto do nariz e olhos, estavam avermelhados.
Antes que pudesse dizer algo, ela se curvou para frente, colocando a testa sobre o meu ombro. Suas mãos agarraram minha roupa, apertando-a.
Permaneci imóvel por um momento, apenas encarando as formas geométricas desenhadas nos azulejos brancos da parede, enquanto sentia sua respiração quente e afoita vindo contra mim. Aquela fragrância suave de seu cabelo ainda estava ali, fraca, quase extinta, mas eu ainda podia senti-la.
A abracei, evitando tocar as mãos geladas em suas costas quentes, e tentei, verdadeiramente, passar algo de bom com esse ato simples.
Essa era uma versão tão frágil da Momo que conheci. Por que como é possível que aquela garota de presença forte, e ao mesmo tempo indecifrável, fosse a mesma que essa diante de mim? Essa Momo, essa tão frágil, tão exposta e pequena. Não gostava do que via, de como a enxergava agora e de como a tinha chorando em meu ombro, dessa maneira tão impotente. Uma sensação ruim pesava dentro do meu peito, e desejei apenas continuar nesse abraço.
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Living in Oblivion - DahMo
FanfictionDesde pequena, Dahyun foi o tipo de garota que sonhava acordada com seu primeiro amor, que o imaginava belo e inesquecível. Ela encontrou esse amor, e ele foi, sem dúvidas, inesquecível. Mas não houve beleza, e por esse motivo ela agora o queria lon...