The First Christmas.

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ROMA, 354 D.C

Mesmo depois de quase seis mil anos na terra, os Eternos aprendiam uma coisa nova a cada dia, ou a cada ano.

Naquele ano, seria comemorado um feriado denominado de Natal. Os dez imortais estranharam, tanto o nome, quanto a data.

Era no começo de janeiro, no começo do ano inclusive, o que se comemora na primeira semana do ano?!

Mas isso não impediu que alguns deles ficassem animados. Sersi ficou maravilhada, foi ela a primeira a se encantar pelos humanos, com esse feriado não seria muito diferente. Sprite gostava das celebrações e festas humanas, eram animadas e divertidas, talvez aquilo lhe agradaria.

Mas Makkari definitivamente foi quem ficou mais animada.

Animada para ver como aquilo seria. Em cinco mil anos viu muitas coisas, viu festas, viu mortes, viu amores. Viu tanta coisa ao redor do mundo que era difícil explicar. Sensações mágicas.

── Porque está tão animada? É uma festa, como todas as outras. ── disse Kingo.

── Não é não. ── a velocista gesticulou. ── Pelo que parece, terá um enorme banquete e eles pendurarão mascaras em pinheiros! Parece que será a maior festa do ano!

── Mascaras em pinheiros? Makkari, tem certeza que você não compreendeu alguma coisa errada? ── perguntou Sersi.

── Por quê eu inventaria uma coisa dessas? ── sinalizou com a cara fechada.

── Makkari não enlouqueceu. ── Ajak interveio. ── É justamente isso que os romanos estão comentando.

Ao ler os lábios da líder, Makkari abriu um sorriso vitorioso. Ponto para a velocista.

── Mas, mascaras? Porquê pendurariam mascaras? ── questionou Ikaris

── São mascaras de Baco. E esses rituais são coisas que apenas os humanos entendem. ── respondeu Ajak, dando de ombros.

Ainda curiosa, Makkari decidiu andar pela cidade, ansiando ver algo de interessante.

Viu os mercadores colocando produtos em promoção. As estatuas de deuses como Vênus, Marte, Netuno e Minerva estavam sendo polidas com cuidado. O mármore delicado parecia brilhar.

E decorações sendo colocadas em toda a cidade, inclusive Viscos ── por algum motivo que ela desconhecia.

── O que faz andando sozinha pelas ruas, bela Makkari? ── a garota assustou-se ao ouvir a vibração da voz de Druig atrás dela.

── Seu idiota! ── sinalizou. ── Quase me matou do coração!

Ele tombou a cabeça para trás, gargalhando alto pela reação da velocista. A vibração de sua risada ecoou pelos ouvidos da garota.

── Perdão, querida Makkari. ── ele gesticulou.

Um leve rubor apareceu em suas bochechas, a garota sentiu sua face esquentar.

── Pare de me chamar assim. ── pediu, voltando a andar.

Ele a alcançou e passou seu braço por seus ombros.

── Assim como?

── De bela, ou querida, ou qualquer adjetivo desse tipo.

Ele parou na frente dela e segurou os seus ombros. Sua sobrancelha estava arqueada, como se não tivesse entendido o que a velocista disse.

── Posso saber o porquê? ── sinaliza.

── Não. ── e simples assim saiu em disparada, levantado poeira por onde passou.

── Mas o que diabos..? ── perguntou a si mesmo.

Mais tarde, na enorme festa, Makkari parecia evitar Druig, e aquilo o incomodou.

Ela dançava junto a Phastos, parecia se divertir. Seu sorriso era tão belo, que deixou o controlador de mentes, hipnotizado.

── Que merda você fez em? ── Thena perguntou sentando-se ao lado dele, o entregando um copo com alguma bebida. ── Ela parece com medo até de te olhar.

── Quem? A Makkari? ── perguntou Kingo.

── Não, Kingo. Vênus, a deusa. Claro que é a Makkari! ── disse Sprite, em tom irônico.

── Vocês dois tem alguma coisa? ── ele perguntou à Druig, incrédulo.

── Não, somos só amigos. ── havia um certo desânimo em sua voz.

── Mas vá lá, responda. Que merda você fez? ── Thena insistiu.

── Esse é o problema, eu não sei! ── exclamou. ── Eu a vi andando sozinha, a cumprimentei, e então ela pediu para que eu a parasse de chamá-la de bela, ou qualquer adjetivo desse tipo! Quando perguntei o porquê, ela saiu correndo!

── Mas o que diabos passou na cabeça dessa garota?! ── questionou Sprite.

"É tudo o que eu desejo saber" ── Druig pensou.

── Porque você não simplesmente lê a mente dela? ── perguntou Gilgamesh, que ouvia toda a conversa.

── Há cinco mil anos eu a prometi que nunca leria a mente dela. Dito e feito. Eu não quebraria uma promessa feita para ela. ── respondeu.

O grupo calou-se, sem saber o que dizer. Mas a festa continuava. Os berros, os festejos, tudo, estava incrível. Exceto para Druig.

── Vamos, Druig. Você vai dançar comigo! ── Sersi o puxou pelo pulso.

── Sersi.. por favor. Me deixe em paz. ── resmungou, quase implorando.

── E deixar você afundar nas suas reclamações? Sinto muito mas não vai acontecer. ── ela dançava animada. ── Viva um pouquinho!

Druig não conseguia corresponder a tal animação. Sersi era incrível! Uma ótima amiga, quase irmã, mas não era com ela que o garoto queria dançar.

No fim da noite, alguns dos humanos trocaram presentes, e como não perdia uma oportunidade, Ikaris deu um colar a Sersi, que ficou ainda mais apaixonada por ele. Sprite deu um espelho para Kingo, que ── surpreendentemente, adorou.

Quando todos já estavam em seus devidos quartos ── ou pelo menos deviam estar, Druig sentou-se no telhado do templo onde moravam. Observando as grandes e belas constelações.

Quando uma mão tocou em seu ombro, ele já sabia que era ela. Ela era a única que o tocava daquela forma.

── Finalmente cansou de me ignorar? ── perguntou.

── Sinto muito, de verdade. Não deveria ter saído correndo daquela forma, foi rude e eu lhe devo explicações e desculpas. ── a velocista gesticulou.

── Dever você não deve. Mas seria legal ter uma explicação para você ter me deixado plantado no meio da rua. ── ele olhava para qualquer lugar, exceto para ela.

── Eu fiquei envergonhada. Não sei como reagir quando você me elogia! ── admitiu.

── Porque?

── Por que sinto que não é verdade! Por que sinto que você está mentindo!

── Eu nunca, jamais, mentiria para você, bela Makkari. ── ela cobriu o rosto com as mãos, envergonhada.

Ele tirou uma pequena caixinha do bolso, e colocou nas mãos dela.

── Feliz Natal. ── ele se levantou, e a deixou lá, com a caixinha em mãos.

Ele não disse seu nome, ele não a elogiou, e quase não a olhou quando se levantou. Aquilo machucou um tanto.

Quando ela abriu o pequeno presente, viu um colar com um pequeno pingente com algo cravado. "Pulchra Makkari", era o que dizia.

E no fim das contas, sendo mentira ou não, ela continuaria, para sempre, sendo a bela Makkari, a bela Makkari de Druig.

𝗛𝗔𝗣𝗣𝗬 𝗛𝗢𝗟𝗜𝗗𝗔𝗬𝗦, 𝗕𝗘𝗔𝗨𝗧𝗜𝗙𝗨𝗟 𝗠𝗔𝗞𝗞𝗔𝗥𝗜Onde histórias criam vida. Descubra agora