PILOTO

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Postando porque estava jogada nos drafts, deve ser curta, só queria registrá-la aqui antes que eu perca por aí. 

Piloto é bem curto, diferente dos capítulos que geralmente escrevo de 3 a 7k

Pros fãs de novel também tenho uma de SVSSS, Shen Jiu transmigrado pro corpo do Shen Yuan, encontrando o Binghe original  :)

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Não era como ele esperava, mas algo bem próximo.

Estar dentro do covil do inimigo não lhe dava arrepios como He Xuan disse que daria, aliás, Hua Cheng deveria começar a desconsiderar as palavras de seu "amigo". Aspas porque ele é na verdade alguém que lhe deve uma quantidade exorbitante de dinheiro, portanto vive lhe fazendo favores, e pedindo ainda mais dinheiro.

Isso antes que ele tivesse que se mudar e passar cinco anos vivendo uma vida pouco além do ordinário e pouco acima da miséria em comparação à vida que tinha antes, apenas para que pudesse ter um "passado" o qual apresentar, quando estivesse aonde estava naquele exato momento.

Na residência de Xie JunWu.

Paciência é uma das virtudes de Hua Cheng, sem dúvidas. E um dos ditados em que acredita bastante é o que diz que a vingança é um prato que se come frio.

Não era uma casa comum, e certamente não era o lar privado de JunWu, mas era o lugar em que ele passava ainda mais tempo, e vasculhando fundo o suficiente, e se fazendo confiável o suficiente, em breve até mesmo nesse lar ele seria capaz de entrar.

E então...

E então poderia decidir livremente o que fazer, e o quanto tirar, e até como tirar.

Ajeitou a gravata e o colarinho, empurrando novamente o cabelo escuro trançado para trás, fora de sua visão. Tinha que manter os olhos bem abertos e captar cada detalhe. Se quisesse ser bem sucedido.

Ele já tinha visto casas como aquela, feitas para encontros entre gangues, e algumas eram vulgares demais, outras cheias de mulheres, outras com bastante bebida, bebida esta que causou a ruína das gangues.

Mas aquela era uma máfia, uma organização bastante maior do que uma gangue qualquer, e consolidada por anos, passando seus costumes e heranças de geração à geração, com quadros belíssimos e bem feitos nas paredes com cor de creme, iluminados pelos castiçais e luminárias amareladas, dando um ar retrô e sofisticado ao lugar, como se estivesse no fim dos anos oitenta.

Era quase uma pena ser quem colocaria um ponto final em tudo aquilo.

Encarou a escadaria de madeira escura, que daria para o segundo andar, certamente aonde as coisas e pessoas de maior interesse deviam ir. Mas antes que pudesse subir, sentiu a presença dos seguranças bem de perto.

Eles não o tratavam como prisioneiro, obviamente, nem com hostilidade. Eram apenas uma sutil lembrança de que alguém estava de olho, que seus movimentos estavam sendo assistidos.

Fazia muitos anos desde a última vez em que viu Xie JunWu.

Sentindo-se mais do que pronto, se encaminhou para a sala indicada, a única no fim do corredor da esquerda, entreaberta, já esperando por ele do lado de dentro certamente o chefe da máfia Xie estaria.

Estufando o peito em satisfação e elegantemente caminhando, se aproximou dela, parando na porta e dando dois toques suaves, tendo esta aberta por outro segurança.

O ambiente estava escuro, mais do que o esperado, e alguém parecia estar fumando do lado de dentro, sendo iluminado apenas pela luz da grande janela de vidro talhado, à sua direita, sentado em uma poltrona ou coisa do tipo, tranquilamente escorado, com as pernas cruzadas de maneira elegante.

Não era exatamente o que esperava ver, mas ficou atento ao notar o homem balançar a mão uma vez, dispensando o guarda que estava de pé ao seu lado, antes de se levantar, depois de uma pausa naquele mesmo silêncio e escuro.

Naquele preciso momento, Hua Cheng ouviu seu celular tocando, e é claro que não estava sob sua posse.

Mas notou o homem se levantar devagar, se aproximando dele com passos leves e calmos destacados por um salto em seus sapatos, tão confiante quanto ele mesmo estava.

Não era JunWu, e a essa altura ele sabia disso.

— Atenda. — ouviu a voz do outro murmurar bem de perto, antes de se virar calmamente e receber o aparelho, das mãos do segurança que tinha ficado na porta.

Era uma voz jovial e pacífica, então Hua Cheng não entendia sinceramente por que estava assumindo uma postura obediente diante dessa pessoa, se não era na frente dele que tinha que encenar; ele apenas foi assim.

E em suas mãos foram entregues o celular velho e ultrapassado que tinha trazido, bem como um isqueiro dourado.

Colocou o aparelho no ouvido ao atender, pensando em devolver o esqueiro, quando notou a porta sendo lentamente fechada, e o homem que estava diante dele se aproximar, com um cigarro entre os lábios, se inclinando em sua direção esperando que fosse aceso.

— San Lang? — ouviu a voz do outro lado, lhe chamando. Era o assessor mais próximo de JunWu, Pei Ming, o mesmo com quem ele tratou e combinou, para estar ali.

— Pei Ming. — respondeu, com a voz ainda cautelosa, enquanto finalmente erguia o esqueiro, prestes a acendê-lo.

— Espero que tenha sido devidamente recebido. Algo aconteceu e o chefe JunWu teve que sair. Mas deixou alguém igualmente importante, para tratar com você o motivo de ter sido chamado até aí.

Ele escutava, paciente por fora e irritado por dentro.

Mas o que quer que Pei Ming tenha dito em seguida no entanto foi ignorado, uma vez que ele acendeu o isqueiro, iluminando o rosto do homem.

Encontrou um par de olhos quase âmbar, iluminados especialmente pela cor amarelada do fogo, enquanto ele acendia a ponta do cigarro.

Os pares daquele castanho claro e os olhos escuros de Hua Cheng se encontraram, enquanto os dois se mantiveram em silêncio se encarando, ao passo que o outro calmamente se afastou um pouco, agora tendo o ponto de luz daquele cigarro como guia para que suas belas feições pudessem ser vistas.

— ... E então ninguém melhor que o filho de JunWu. Xie Lian deve estar na sala dele, esperando para te receber. — Pei Ming finalmente concluiu, do outro lado da linha.

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⏰ Última atualização: Nov 20, 2021 ⏰

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