🌥 Borracho de amor en sus brazos 🌥

16 1 0
                                    

-POV SERGIO-

Bom, agora a ideia de usar a maldita camisa horrenda estava arruinada. Como é que colocaria aquela assombração sem dar a entender que tinha segundas intenções com Gerard?
Não tinha segundas intenções. Nem primeiras. Nem intenção nenhuma aliás, queria só beber uma cerveja gelada com um amigo e xingar o Luis Enrique enquanto assistia aquela maldita Eurocopa. Nada de mais. Nada a mais.
Empurrou as camisas para debaixo da cama e agarrou uma verde que Pilar tinha lhe dado de presente de casamento no ano anterior.
Uma camisa perfeitamente normal, pensou, bonita e clássica, do jeito que eu gosto.
Era Pilar quem o conhecia melhor do que ninguém. Quem lhe dava os melhores presentes. Pilar, não Piqué.
Saiu do quarto se sentindo revigorado e nem se deu conta que a camisa salmão tinha ficado em cima da cama.

-Piqué! -Berrou enquanto descia as escadas. -É melhor que você tenha trazido cerveja, puto! Eu estou sede— -Mas antes que terminasse a frase, percebeu seu grande erro. As fotos.
Com a chegada repentina de Gerard, nem mesmo teve tempo de esconder as fotos... e as garrafas de bebida espalhadas pela casa.
Bom, pensou, tarde demais para recolocar o esqueleto no armário.
Piqué estava parado na frente da grande estante da sala de estar, segurando um porta-retratos na mão. Era uma foto do dia do casamento de Pilar e Sergio, aquele que fizeram tantos anos depois de se conhecerem. Estava arruinada. Rasgada e pintada com a canetinha preta de Marco. Todas as fotos estavam assim.
Piqué mostrou o porta-retratos para Sergio, que apenas deu de ombros.
-Problemas no paraíso. -Disse simplesmente. E, tirando a foto das mãos de Gerard, a recolocou no lugar.
Sergio respirou fundo, esperando a enxurrada de dó que viria em sua direção.
Ah, Sergio, eu sinto muito. Mas casamentos são assim mesmo, quando você menos esperar estará tudo bem. Veja eu e a Shakira...
Mas as palavras nunca vieram. Piqué apenas deu um passo para o lado, mostrando o engradado de cervejas que tinha trazido consigo.
-Um aperitif. -Disse sorrindo. E Sergio se pegou sorrindo junto.
-Vem, vamos preparar uns petiscos.
Mas Piqué não o seguiu em direção a cozinha.
-Se você me desculpar a pergunta, mas eu preciso saber... -Gerard ainda olhava as fotos, jogando o peso de um pé para o outro. -Você nunca teve nenhuma foto— nenhuma foto de nós?
E voilà.
Sergio andou até o outro lado da sala onde uma cômoda menor ficava. Abriu a pequena gaveta e pegou uma caixa parda, gasta.
Maneando com a cabeça, chamou Piqué para se sentar ao seu lado no sofá violeta horrível que Pilar fizera absoluta questão de comprar.
-Essas aqui foram as que eu consegui salvar... antes dela fazer o que fez. -Disse enquanto espalhava um punhado de fotos na mesinha de centro.
Várias fotos de Sergio com seus meninos. Uma no nascimento de Alejandro. Alguns aniversários. Sergio com Marcelo levantando a champions. Uma foto dele e Modrić de férias, bebendo caipirinhas. Uma foto de Pilar dormindo em uma rede numa praia bonita. E, por fim, lá estavam elas. Memórias tão marcantes que Sergio ainda as sentia na pele.
Ele e Piqué beijando a taça da Copa do Mundo. Piqué e Casillas o jogando na piscina, uma foto que Torres tirou. Gerard se bronzeando na praia, sorrindo maliciosamente por cima dos óculos escuros. Piqué e Ramos abraçados na frente da casa antiga de Sergio. O braço do catalão por cima dos ombros do sevillano. Uma pequena foto que Gerard tinha tirado de Sergio, na noite que se seguiu a Euro de 2012. Uma polaroid que Sergio nem ao menos se lembra de ter tirado, mas que mostrava Piqué tentando tapar a câmera, a mão na frente do rosto e o torso nu.
-Eu não... -Sergio começou, sem olhar para Gerard. -Eu não podia perdê-las.
O silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor.
Meticulosamente, com lentidão quase torturante Piqué guardou as fotos uma por uma de volta na caixa. Exceto a foto que ele tinha tirado de Sergio, essa ele dobrou, e tirando a carteira do bolso, guardou do lado de várias 3x4 que ele tinha dos filhos.
Sem dizer uma palavra, ele se levantou e puxando Sergio pela mão, foi até a cozinha para preparar os aperitivos.
-Eu senti muito a sua falta Sergio. -Piqué disse de forma tão casual que poderia ter sido um comentário sobre o clima. Ou sobre o jogo de mais tarde. Mas Ramos sabia que era assim que Piqué realmente era. Grandes demonstrações de falso amor e admiração nas redes sociais, pequenos gestos de paixão no dia-a-dia.
Sentindo um misto de medo e alívio Sergio apenas murmurou um "Eu também senti a sua, Gerard."
E talvez as coisas não devessem ser do jeito que Sergio achava que elas deveriam, e sim como elas tinham que ser.

Nos fuimos lejos 💭Where stories live. Discover now