❛ 𝟏𝟎 🔪

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🖇 | Boa leitura!

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🗒DULCE

Decidimos manter o Ernest vivo apenas por mais um dia. Estava sendo difícil para mim me concentrar em enrolar a polícia e lidar com o fato de que precisava esconder alguém sendo torturado bem debaixo dos meus pés. Torturar uma pessoa exigia muito alvejante e água sanitária para manter a casa intacta de sangue ou qualquer vestígio do infeliz. Isso era cansativo para nós dois, já que Christopher reclamou diversas vezes que quando ele tinha seu cativeiro no meio de uma mata não precisava ficar limpando o tempo todo.

Na última noite, quando Ernest mal conseguia erguer a cabeça sem desmaiar, Christopher garantiu que o mataria e eu insisti que ele não fizesse aquela coisa nojenta de castração. Fiquei na sala de estar me distraindo com um livro quando Christopher me chamou para ir até o porão com ele.

— Algum problema? — perguntei com estranheza assim que terminei de descer as escadas.

— Nenhum. Só quero que faça isso. — ofereceu-me uma faca.

— O que? — soltei uma risada nervosa achando que ele estava fazendo alguma piada.

— Faça isso. — repetiu com uma expressão séria porém calma.

Olhei para Ernest que respirava com dificuldade enquanto estava pendurado pelos pulsos em uma das vigas do teto.

— É sério? — tornei a olhar para Christopher.

— Sim. O problema dele é com você principalmente. Ele te fez mal, te machucou diversas vezes e fez da sua vida um inferno. Você deveria colocar um ponto final nisso. — aproximou ainda mais a faca de mim.

Olhei para o objeto afiado com um pouco de desconfiança, mas por fim o peguei e virei-me na direção de Ernest. Caminhei devagar na direção dele decidida a finalizar aquilo de uma vez por todas. Foquei meus pensamentos em todas as humilhações que sofri nas mãos dele e me deixei ser guiada por aquilo. Assim que coloquei a faca contra seu pescoço, Ernest ergueu a cabeça e olhou diretamente em meus olhos. Foi aí que eu travei todo o corpo.

Ainda era uma pessoa, ainda tinha alguma emoção naqueles olhos derrotados e eu o vi passar isso para mim enquanto me olhava. De repente meus dedos tremeram até que minha mão inteira estivesse da mesma maneira.

— Dulce. — Christopher caminhou até ficar atrás de mim. — Faça.

Eu queria matar aquele homem infeliz que tanto me fez mal, mas agora eu não conseguia mais vê-lo naquela pessoa. Ele não estava mais ali, não havia mais alma nenhuma ali dentro e certamente aquele sofrimento que eu permiti que acontecesse era bem pior do que qualquer coisa pela qual passei. Isso me trouxe o remorço e uma enorme dúvida sobre se deveria ser eu a escolher como as pessoas pagam por seus pecados. Que direito eu teria? Que direito Christopher teria? Não éramos deuses, mas quando começamos a nos sentir assim?

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