>Alerta de Gatilho, temas sensíveis que podem desencadear crises<
Não seria difícil fazer isso já que eu tinha terminado as minhas aulas diárias e já podia ir pra casa. Sim, eu sei que precisava procurar o garoto pelo campus mas não parece necessário já que uma hora ou outra ele vai chegar em casa e então vamos poder tentar conversar sobre o que aconteceu. Talvez eu estivesse com medo de uma discussão já que da última vez eu fiz parecer que não confio nele, eu já havia dito várias vezes que um dia acabaríamos nos distanciando e então ele me deixaria como todos os outros que já passaram por mim.
Mas dessa vez eu provei que isso é o que eu sinto. Sei que eu devia confiar mais nele, tentar ver que nem todos vão embora da mesma forma que chegam mas depois de tantas feridas que ainda sangram não é como se eu conseguisse controlar o meu lado protetor, eu só não quero me machucar de novo, mas isso implica em não confiar em ninguém... E isso envolve o Jeongin. Me sinto culpada de novo, é tudo o que sinto, sei que de uma forma ou outra, pensando em todos que se foram... Talvez tenha sido culpa minha.
Estou fazendo de novo. Suspiro... Odeio essa sensação mas ela parece ser a maior verdade quando se trata de mim... Eu afasto as pessoas. Eu machuquei eles. Eu fiz com que fossem embora. Eu segurava as lágrimas que queriam descer e já sentia aquele nó na garganta mas ainda assim tentava enterrar isso o mais fundo que conseguisse, eu não queria me sentir assim e me recusava a me sentir assim. Eu subi pro meu quarto e deixei as minhas coisas em seus lugares indo pro banheiro, talvez um banho resolvesse isso.
...
Depois de me vestir eu me deitei e coloquei os meus fones, escolhi uma das minhas músicas favoritas e deixei que ela me tirasse do meio de todos aqueles pensamentos.
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Ali deitada na cama ouvindo a melodia que entrava por meus tímpanos, eu sentia o sono pesar sobre o meu corpo, nem eu mesma tinha consciência de estar tão cansada à ponto de não poder resistir a ele, não demorando para estar dormindo.
...
Acordei duas horas depois com o barulho da porta da frente sendo aberta, a música dos meus fones já tinha terminado e por alguma razão não havia começado outra.
Eu me sentei na cama e tirei meus fones, esperei alguns segundos pra que não me sentisse tonta e então me levantei. Fui até a porta do meu quarto abrindo a mesma e andei até as escadas descendo as mesmas. Mesmo com o barulho da porta a sala estava vazia então fui até a cozinha recebendo o olhar indiferente do garoto. Talvez não fosse a melhor hora pra conversarmos. Tentei dizer algo várias vezes mas não conseguia fazer com que nenhum som saísse da minha boca.
Por fim eu desisti, deixei ele na cozinha e saí pela porta da frente, não demorei nem um segundo pra me arrepender vendo o Changbin sentado na calçada do outro lado da rua. Ele levantou a cabeça fazendo com que nossos olhares se encontrassem, eu sabia que isso era outro problema que eu precisava resolver. Atravessei a rua e ele se levantou, antes que um dos dois dissessem qualquer coisa ele me abraçou.
(Changbin): Eu não queria te deixar mal... Eu só, não sabia como reagir eu queria cuidar de você mas sabia que não podia te proteger de tudo. Sinto muito...
(S/N): Tudo bem. -Suspiro. -Eu devia ter visto o seu lado. Devia ter pensado em como ia se sentir... Mas era difícil pensar que alguém podia se importar comigo. Na verdade ainda é difícil pensar que alguém se importa.
(Changbin): Como não se importar? Você é uma garota gentil e quer sempre o melhor pra quem você ama mesmo que colecione algumas feridas... Você coloca a dor dos outros acima da sua e isso te torna tão incrível, mas você não consegue ver que alguém pode sim fazer o mesmo por você... E isso dói.
(S/N): Eu só... Eu... -Respiro fundo e olho pra cima na tentativa de segurar o choro mais uma vez.
(Changbin): Não faz isso... Vai te machucar ainda mais...
(S/N): Se eu começar, não vou conseguir parar. -Digo baixo sentindo a minha voz falhar e o garoto me abraçar ainda mais forte.
(Changbin): Não tem problema... Pode chorar o quanto precisar, eu vou continuar aqui por você. Claro... Se quiser que eu fique.
