Enquanto se fechava em seu escritório particular e ligava o notebook, Oliveira se perguntou que diabos tinha feito.
Havia praticamente convidado uma desconhecida para morar em sua casa, em suas terras, por tempo indeterminado. Logo ele, que amava a solidão e o silêncio.
Mas o que mais poderia fazer?
Correu os dedos pelos cabelos, soltando uma respiração cansada.
Pelo que entendera, Isis não tinha mais ninguém. Como poderia deixar uma moça nova como ela, com uma criança pequena e doente, sozinha e desamparada naquele fim de mundo?
Oliveira puxou a cadeira e se sentou diante do notebook.
Também não podia negar que Isis o intrigava.
Primeiro, a história de ficar carregando uma tesoura para cima e para baixo. Depois, o jeito como tentava se esconder toda vez que os policiais do posto de saúde se moviam ou se viravam.
Ela tentara disfarçar, mas aquilo não havia escapado dos olhos dele.
E o deixara ainda mais encucado.
Assim que o notebook ligou, Oliveira abriu vários programas que usava em seu trabalho. Para a maior parte das pessoas, ele vivia da pensão do exército e da venda da produção orgânica da fazenda. Aquilo era verdade. Eram suas maiores rendas. Contudo, de vez em quando, o militar do seu passado, que trabalhara infiltrado em várias missões, vinha à tona.
A chuva batia contra a janela, agitando seus pensamentos.
Ele possuía uma rede de monitoramento e contatos, e fazia trabalhos para antigos colegas do exército, principalmente Dimitri e Lucas, coletando informações e dados sobre pessoas. Não trabalhava sempre com aquilo, pois preferia ter as mãos na terra do que em um teclado.
Enquanto o programa carregava, Oliveira tamborilou os dedos calejados sobre o tampo da mesa.
Aquilo seria complicado. Não tinha o sobrenome de Isis. Não tinha absolutamente nada sobre ela. Nem mesmo o melhor dos programas poderia ajudar em um quadro assim. Mas gastaria algumas horas tentando encontrar qualquer informação a respeito da garota.
Apenas para ver se achava alguma peça daquele quebra-cabeça que havia caído em suas mãos.
***************
Os olhos de Isis estavam pesados quando ela despertou na manhã seguinte. Havia acordado várias vezes durante a noite com a tosse do filho.
Tomando cuidado para não acordar Davi, empurrou as cobertas para o lado, foi até o banheiro, tomou um banho quente, vestiu um conjunto que Matilde lhe dera, enfiou a tesoura no cós da calça e voltou para o quarto, checando a febre do filho mais uma vez.
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Perdição Sublime | DEGUSTAÇÃO
RomanceLIVRO EM DEGUSTAÇÃO. DISPONÍVEL COMPLETO E REVISADO NA AMAZON. Apaixonado pela terra, o subtenente Álvaro Oliveira fechou o coração e se mudou para sua fazenda, no interior de Minas Gerais, após a morte da esposa. Seus dias são marcados por uma roti...