Capitulo 4

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- Uma menina tão crescida que ainda brinca com bonecas?

Olhei para o lado e deparei-me com um puto, mas um puto lindo mesmo. Ele olhava para mim com um ar curioso. Tinha uns olhos azuis esverdeados muito claros e um cabelo loiro. Rapidamente limpei qualquer tipo de vestígio de lágrimas da minha cara.

- É especial para mim. - Sorri-lhe.

- O meu nome é Jason. - Estendeu-me a mão sorrindo.

- Muito gosto Jason. - Disse sorrindo-lhe, parecia que tínhamos uma ligação muito forte ...- Que idade tens?

-Tenho 10 anos. - Disse mostrando a língua, ri-me.

- Os teus pais não se importam que fales assim com estranhos?

-Talvez... Se os tivesse. -Disse naturalmente.

Fiquei mal por ter tocado no assunto.

- Desculpa, não fazia ideia, mas então, vives com quem?

- Com o Tobias! -Franzi o sobrolho.

- Quem é o Tobias?

- É o meu cão, quer dizer, ele não é meu... Mas é como se fosse, ele é da rua, tal como eu e não somos de ninguém, simplesmente tomamos um conta do outro. Mas não lhe chames Tobias, só se ele se portar mal, chama-lhe Toby.

Comecei-me a rir.

- Mas calma, tu vives na rua?

- Sim, fugi do orfanato - O seu sorriso encantador começou a desaparecer. - Mas... Por favor não contes a ninguém, aquilo é horrível, não suporto aquele sitio...- Uma pequena lágrima escorreu-lhe no rosto. Limpei-a levemente com a mão.

- Óbvio que não conto a ninguém! - Disse sorrindo-lhe entusiasmada. - Eu também te quero contar segredo.

- Conta - Disse sorrindo e sentando-se no meu colo.

- Eu também não tenho pais, e quando fiz 13 anos também fugi do orfanato, mas agora, tenho grandes amigos. Pertenço a um gangue onde todos sabemos o que é sofrer e todos nos apoiamos uns aos outros....

-Tu és má?- Perguntou-me.

-É uma pergunta muito própria, mas não, não me considero má. Só para quem merece... Ou então por necessidade de nós todos.

- Tu és feliz?

- Muito!

- Então, porque estás assim?

- Assim como?

- Não sei... Os teus olhos parecem tristes.

- Bom, toda a montanha tem descidas e subidas. Hoje revivi memórias do meu passado, descobri que tinha um irmão, que a minha melhor amiga sempre o soube, mas nunca me disse nada. Pensei que não houvesse segredos entre nós.

- Ficaste muito zangada com ela?-Perguntou-me visualmente triste.

- Sim, eu fiquei, nós tivemos uma discussão muito feia.

- Acho que a devias perdoar... Se ela é a tua melhor amiga, então deve ter uma boa razão para fazer o que fez, não sei bem, nunca tive amigos, muito menos melhores amigos, os meus pais morreram muito cedo e quando fui para o orfanato ninguém gostava de mim. Eu tive de aprender a viver sozinho.

Estou completamente impressionada com ele, corajoso, super querido e positivo.

-Queres ser o meu melhor amigo, então?- Perguntei sorrindo-lhe.

-Sim, mas só se me prometeres que me contarás tudo, não me podes dizer "és muito novo". - Disse tentando imitar um adulto.

-Hm, então, também terás de me contar tudo.

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