Destinada à Escuridão

Cap 9.

Uma rotina se instaurou, Alex ficava em casa durante o dia, trancado em seu quarto, ou no escritório ou em qualquer outro canto desconhecido dessa casa. Enquanto eu vivia meus dias em completo tédio apesar de muito conforto, eu não quero mais ir para piscina pegar sol e estou de ressaca por ter lido tanto em tão pouco tempo, assisti todos os filmes e série que queria e visito minha mãe sempre que posso. Não conheci mais ninguém da família de Alex, eles pareciam cuidar do hospital de longe, o que não me incomodava, minha mãe estava melhorando e finalmente, depois de 3 meses, ela teria alta em breve.

As noites Alex sumia, não sei para onde ele ia ou o que fazia, mas não estava em lugar nenhum, e eu já procurei ele algumas vezes, sentindo falta das leituras que fazíamos juntos, ou do humor ácido.

Meu sono regulou depois que parei de trabalhar no cassino, Alex resolveu tudo pessoalmente, não me deixou colocar o pé lá novamente, eu não insisti de qualquer maneira. As vezes me pego pensando se tudo isso é cuidado, mas lembro que minha divida com ele cresce a cada dia mais. Será que ele vai me cobrar o salmão que comi ontem? Eu nunca havia comido salmão antes por causa do preço.

Desço para pegar um copo de água certa de que Alex não está em casa, é madrugada e os pensamentos não me deixaram dormir, me sinto inquieta essa noite. As luzes estão todas apagadas pelo caminho mas já gravei para onde tenhi que ir e isso não atrapalha meus passos.

Pego a jarra de água dentro da geladeira e me sirvo um corpo, quando me viro vejo a sombra de um homem alto e forte.

- Não esperava te ver essa noite Alex.

Ele não me respondeu.

- Você sempre falou tanto e agora vai ficar em silêncio?

A sombra começou a andar na minha direção, suor começou a correr pela minha espinha e eu comecei a andar para trás conforme a sombra avançava.

- Alex?

A sombra chegou cada vez mais perto de mim, me fazendo soltar a jarra e o copo no chão e me encolher quando ela me alcançou...

A luz foi ligada do outro lado do cômodo e Alex estava de pé, trajava uma calça social preta e uma blusa social branca que estava por dentro da calça, seus braços estavam cruzados e seus olhos fixos em mim.

- Aconteceu algo?

- Não, está tudo bem. Só escorregou da minha mão. - Falei apontando para o chão mas me perguntando o que havia acabo de acontecer. - Vou limpar tudo.

- Não precisa, vá dormir, está tarde.

- Claro, mais uma noite sozinha

- O que você quer Kath? - Ele parecua cansado percebi, apesar de sempre estar muito bem arrumado, seus olhos estavam rodeados por olheiras e sua expressão não estava mais tão animada como era antes.

- Só queria companhia. Os dias aqui são muito solitários.

- Não posso te fazer companhia.

- Não pode ou não quer?

- Não posso. Vai para cama como eu mandei e não saia de lá até amanhecer.

- Você não manda em mim.

- Na verdade eu mando sim, estou te pagando todas as semanas justamente para isso.

- Você adora jogar isso na minha cara né? É só isso que você tem de mim, nunca terá nais nada.

- Não preciso ter nada de você, só preciso da sua presença.

- Ótimo, espero que esteja satisfeito e que eu esteja sendo de muita serventia para seu gasto de dinheiro.

- Está sim, caso falhe eu te aviso.

- Você é impossível.

Vou para o meu quarto, mas continuo sem conseguir dormir, irritada demais com as palavras de Alex. Pelo menos sei que tudo está valendo a pena.

Ando até a sacada e olho para Lua no céu, uma sombra passa rapidamente pelo gramado lá embaixo na minha linha de visão mas não foco nisso, deve ser o Alex. Espero que do hospital minha mãe também consiga ver a Lua, unidas pelo mesmo astro.

- É por você mãe