Prólogo: Alguns heróis não usam capa, mas fazem ameaças de morte.

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Odeio minha família.

Isso é tudo o que consigo pensar quando saio de casa na segunda-feira de manhã. Odeio o meu pai por ser um fraco, odeio o jeito que fui criado e, eu juro, odeio a minha mãe. Aquela velha não tem nada de bom para me dizer, nunca. Ela acredita que meu ouvido é penico, pois é uma razão única pela qual me liga de vez em quando para encher a porra da minha paciência.

Pelo jeito, ela não sabe qual é a definição de criar um filho, pois continua se intrometendo nos meus assuntos sempre que pode, mesmo já tendo saído de casa há anos. Um homem, adulto que estuda e trabalha, tendo que dar satisfações da sua vida para uma mulher de 50 anos que ainda não tinha entendido que a vida alheia não era da sua conta.

Patético, não acha?

Entenda: nada que eu faça, será o suficiente para ela. Se pais normais consideravam o desenho abstrato do seu filho de três anos como a próxima atração do Louvre, a minha mãe considerava o equivalente a pilha de papel higiênico no lixo do banheiro. O filho dela necessária ser mais que o clichê de criança perfeita de café da manhã do comercial de margarina.

Eu poderia simplesmente não atender, mas se o fizesse, aí mesmo que eu não teria nem um mísero segundo de paz nessa vida de bosta. Essa manhã, atendi ela mais uma vez, pois cinco ou dez minutos no inferno com gritos ao meu ouvido, me garantiriam paz até o próximo surto.

Eu nunca sei quanto tempo tenho até a próxima vez.

Jogo o celular no fundo da mochila e entro no elevador, praticamente socando o botão do térreo. Apoio a cabeça na parede, suspirando, enquanto o elevador desce. Se tudo desse certo com as coisas na oficina, eu seria promovido a gerente e poderia arrumar um lugar melhor do que esse apartamento antigo perto do centro da cidade.

Meu emprego, por sinal, foi o motivo do seu surto hoje de manhã. De acordo com ela, meu futuro não está lá. Mas o que ela sabe exatamente? Trabalho na oficina de All Might, um ex-corredor de fórmula 1 que se aposentou e acabou abrindo um negócio.

Não me interessa o que ela pensa.

O cara é meu herói de infância.

O elevador velho estala com chegada no andar.

Antes das portas de metal se abrirem eu escuto uma gritaria próxima dalí. Não era possível que antes das sete horas já tinha uma daquelas vizinhas velhas e fofoqueiras discutindo com o síndico. Mas ao virar o corredor, a vizinha que vejo não é velha e até onde eu sei, não é fofoqueira.

Tenho certeza que já a vi andando pelo prédio. Se eu não estiver errado ela é uma maldita vizinha do apartamento da frente que insiste em ligar ou som alto nos domingos de manhã. Nunca trocamos uma palavra e duvido que ela saiba quem eu sou, mas sinceramente não me importo. Não é como se eu quisesse saber quem ela é em troca.

Olho para o cara à sua frente. Apesar de limpo, ele parece algum tipo de personagem seboso saído diretamente dos esgotos das tartarugas ninjas. Não, esquece o que eu disse. Eles com certeza pareceriam mais limpos do que isso na vida real.

A garota continua a gritar com ele e eu me importo tão pouco que não me esforço para saber sobre o que se trata. Não me interessa se é uma briga de namorados ou uma discussão familiar, por isso, ignoro a cena and continuo the my path.

Ou pelo menos, tento.

As coisas evoluem muito rápido daí pra frente. O cara nojento gruda as mãos nos pulsos dela. Ele pode facilmente deixar algum tipo de som estranho para trás, com essa aparência de sapo atropelado. Ela se assusta com uma brutalidade, mas nem por um momento abaixa a cabeça para ele.

Codinome BrócolisOnde histórias criam vida. Descubra agora