Isso é o que o amor faz

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Aquele dia fora cheio de surpresas para Ace, tudo havia saído muito melhor do que o planejado. A comida estava maravilhosa e estava adorando a companhia de seus irmãos, seus pais e amigos próximos naquela grande festa. 

Havia comido o máximo que pode, enquanto acompanhava com a cabeça o ritmo dançante da música que ecoava pelo salão. Até que chegou o momento que Ace não gostava tanto assim: a hora em que a comida não era mais servida com a mesma frequência e as pessoas insistiam em ir para a pista dançar. 

De longe o moreno dançava. Era péssimo com seus pés e braços, sua coordenação para o bailado beirava a zero e negava sempre que alguém lhe chamava para dançar, pensar em dar quaisquer passos o deixava agoniado e incerto. 

Um tanto entediado, o sardento deixou seus olhos rodearem pelo salão em busca daquele que há muito tempo detém seu coração. 

Não tardou em encontrá-lo próximo a pista de dança ao lado dos irmãos, conversando tranquilamente com uma taça de champanhe em suas mãos. O moreno sorriu observando o terno branco impecável e bem alinhado daquele que foi seu namorado por tantos anos. Suas orbes retornaram para seu próprio terno, notando a pequena mancha de molho no tecido claro, adquirida naquela noite. Um riso nasalado deixou seus lábios ao fazer aquela constatação.

Ace sempre achou que os dois tinham muitas coisas divergentes em suas personalidades, principalmente em questão de organização e limpeza, mas de alguma forma haviam feito aquilo funcionar por muito tempo, fazendo com que aquele velho ditado de que os opostos se atraem não fosse tão errôneo assim.

O moreno pegou sua própria taça de champanhe, girando o líquido suavemente antes de levar o vidro aos lábios, sentindo o líquido deslizar por sua garganta, as pequenas bolhas explodindo sutilmente em sua boca. Um suspiro baixo deixou os lábios do rapaz ao ouvir a melodia dançante do pop mudar drasticamente para um samba-rock agitado. 

Podia sentir por sua visão periférica alguém se aproximar. Sua mente já imaginando de quem se tratava. Reconheceria o som ritmado de seus passos em qualquer lugar.

— Me daria a honra dessa dança, senhor Portgas? — Ouviu a voz melodiosa de Marco ressoar próximo a si, as mãos firmes se apoiando em seus ombros, massageando suavemente a região. — O que me diz? 

Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia

— Passarinho, você sabe que eu não tenho habilidade alguma para dançar... Por que não dança com o Izou ou o Thatch? Eles pisariam menos no seu pé do que eu... — Comentou o sardento, o apelido saindo macio e terno de seus lábios, aquele codinome que lhe dera quando eram crianças e descobriu por um acaso que o maior era um grande fã de contos de fada, mas o seu favorito de longe era o do patinho feio. 

Ace ergueu suas mãos até se sobreporem as do maior, sentindo a massagem em seus ombros o relaxar aos poucos. 

— Oras, porque eles não são o meu marido, não é? Vamos, eu te conduzo. Sabe que não me importo que pise no meu pé, não sabe? Faz parte de aprender a dançar. — Pontuou o loiro, depositando um beijo na bochecha alheia. — Vem, hoje é um dia especial, merecemos uma dança juntos, não acha? 

O moreno assentiu, não tendo mais argumentos para contrariá-lo. Era Marco ali, a pessoa que amava, confiaria sua vida a ele, todos os passos de dança que pudesse dar seriam deles e de mais ninguém. 

— Tudo bem, mas só uma, senhor professor de dança. — Disse o sardento que logo teve seus dedos entrelaçados pelos alheios. Ambos deixando suas taças sobre a mesa, pouco depois de findarem o conteúdo.

Só sei dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora