Akobi

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Akobi

Pricila Elspeth

Pel rolava pela cama resmungando incompreensivelmente, desde o encontro com as crianças com olhos negros, suas noites nunca mais foram tranquilas. Despertou apavorada, suada e esbaforida. Sentou-se e esfregou a face para afastar as memórias ruins.

Com os dedos em pinça afastou algumas persianas e observou o exterior. A cidade estava completamente deserta, escura, fria e melancólica, a típica capital reconstruída. Levantou-se e dirigiu-se ao corredor, escutou passos apressados se aproximando e aguardou seu assistente.

Hermes despontou na escada com um papel nas mãos e um largo sorriso no rosto. Aproximou-se com cautela, escondendo o papel atrás do corpo e fazendo charme, demonstrando que tinha algo que Pel queria.

"Fala logo!"

"Encontrei a espada."

"Tá me zoando!?"

"Não. Aqui está" disse ele estendendo-lhe o papel.

Pel Amana olhou o mapa, leu as anotações e sorriu antes de expressar sua costumeira cara de dúvida.

"Chappal Waddi? Tem certeza?"

"Absoluta! Por quê?"

"É que... Bem, naquele incidente na Volúpya, eu vi uma estátua de madeira profanando a imagem de Oxum. Ela e Asmodeus dançavam ao redor de um falo gigante[¹]. E o dono da boate disse que a escultura veio do Saara, mas foi Lusbel quem deu uma palestra para o povo sobre o significado dela. Se ele a desafiou no próprio território, isso pode estar além do que imaginamos, entende?"

"Acha que ele está tentando nos atrair? Akobi é sua primogênita, ele pode estar por lá protegendo-a ou talvez um subordinado."

"Ou talvez a escultura seja um recado dizendo que ela foi derrotada ou convertida... Não tem muito que fazer e no que pensar, vamos para a Nigéria. Apronte-se, sairemos em duas horas."

"Certo chefe!" disse Hermes prestando-lhe continência aos risos.

***

A subida era longa, o sol escaldante, os ventos fortes ao invés de dar-lhes alívio refrescante, lhes trazia um sopro tórrido semelhante aos ventos infernais do Tártaro. Hermes carregava uma mochila grande contendo suprimentos e equipamentos especiais, Pel levava suas armas e alguns itens que poderiam auxiliar na missão.

A localização da espada mágica estava próxima, numa gruta perto do topo. Hermes contou à Pel que só conseguiu encontrá-la quando invadiu o sistema de segurança internacional e fez uma varredura na região usando todos os filtros espectrográficos existentes, e então num golpe de sorte viu a maldita espada de Lúcifer.

Quando estavam na metade do caminho sentiram a atmosfera local mudar drasticamente. O ar quente passou a esfriar, e o cheiro de terra se tornou cheiro de enxofre e de carne pútrida, um toque de requinte para os visitantes indesejados. Hermes sentindo a mudança, engoliu em seco e indagou:

"Precisamos mesmo dessa espada?"

Pel Amana subia a íngreme montanha com forte determinação, o suor lhe escorria pela face e os cabelos chacoalhavam com as mórbidas lufadas de vento.

"Se quisermos derrotar as legiões infernais, sim. Não seja mole, estamos quase lá."

"Mas Pel... Não seria mais fácil ir atrás da Excalibur, da Garralonga, da Ferroada ou outras assim?"

As Aventuras de Pel AmanaOnde histórias criam vida. Descubra agora