᭝ 🪐ꯩꦿ ┋03

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S/N MENDES

Eu não estava bem para continuar ali. Eu sei que havia prometido ao Noah, mas se tem algo que eu aprendi nesses anos vivendo no hospital, é que a minha saúde mental deve ser posta acima de tudo e qualquer coisa.

Tudo o que o pai do Noah me disse, continuava martelando na minha cabeça. As palavras insistiam em serem arremessadas contra mim, enquanto eu tentava me proteger, mas elas vinham de todos os lados.

Eu senti as paredes se fecharem diante de mim e minhas mãos começaram a suar mais do que o comum. Estava calor, mas eu não estava sentindo calor. Eu estava tendo uma crise de pânico.

Noah estava ao meu lado e ele apertava a minha mão quando alguém nos encarava torto. Ele está tentando fazer eu me sentir confortável. Ele sabia que as pessoas estavam comentando, todos sabiam.

Eu já tinha recebido muitos comentários maldosos, mas eu nunca vou me acostumar com isso. As pessoas podem ser cruéis. Elas não se importam com o próximo, quando decidem opinar sobre a vida de alguém.

"Eu já volto, tudo bem?"

── Tudo bem, babe. Eu vou estar bem aqui. ── Ele sorriu de lado. Eu fiz o meu melhor para lhe dar um sorriso também, mas acho que o máximo que fiz, foi pressionar meus lábios um no outro.

Eu caminhei para dentro, como se estivesse indo ao banheiro, e quando notei que ele havia parado de me encarar, eu caminhei para a porta principal. Eu precisava caminhar e pensar um pouco. Ajudava a me acalmar.

Meus pés se moveram para a rua e ali eu me permiti caminhar sem rumo. Não consigo parar de pensar que estou decepcionando uma pessoa de ouro, mas ele precisa entender. Não vai dar certo mesmo.

Eu me importo demais com ele, por isso eu quero poupá-lo de tal sofrimento. Eu tenho uma vida instável, posso morrer com qualquer pequena infecção e eu não quero ter que assisti-lo chorar no meu leito.

E também, ele nunca namoraria uma muda. E eu nunca poderia fazê-lo feliz, embora ele me fizesse a garota mais feliz do mundo. Ele me faz bem, mas nós nunca formaremos um bom casal. Ele é bom demais pra mim.

Me sentei na praça e olhei em volta. Estava vazia. De um lado, algumas pessoas conversavam enquanto bebiam cervejas. Do outro lado uma garota passeava com seu cachorrinho. Estava uma brisa fria, porque estamos quase no início do outono, o que me fez encolher os ombros. Não era um frio insuportável, mas não era muito agradável também.

Alguns ingleses passeavam pela praça e pareciam curtir a vida se universitários. Também era possível escutar o sotaque estadunidense, porque estávamos perto de uma faculdade.

Um garoto sorriu pra mim e começou a caminhar na minha direção. Ele carregava uma prancheta, o que me fez deduzir que estava fazendo uma pesquisa acadêmica. Eu senti um frio na barriga, porque me lembrei que não havia trazido a lousa. Que droga!

𝗥𝗘𝗔𝗗 𝗠𝗬 𝗟𝗜𝗣𝗦 ─ 𝗻𝗼𝗮𝗵 𝘂𝗿𝗿𝗲𝗮 (✔︎)Onde histórias criam vida. Descubra agora