Capítulo 3

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Estava já fora da faculdade, quando o meu telemóvel começa a tocar novamente. Era a Sarah a pedir-me para eu a ir buscar a estação de comboios, pois tinha acabado de chegar para passar a semana comigo em Lisboa.

Cheguei a estação e ainda fiquei pior do que aquilo que estava, pois mal entrei na estação tinha que me cruzar com o João e com o Eduardo. Por momentos, ainda tentei passar despercebida, no entanto era tarde demais.

Eduardo: Katherine!

Eu: Olá, não esperava encontrar-vos por aqui.

Eduardo: Nem, nós a ti!

João: Que fazes por aqui?

Eu: Vim buscar a minha melhor amiga que chegou hoje do Porto. E vocês?

João: Nós estamos de regresso a casa, mais propriamente a Beja.

Naquele momento, senti dentro de mim que o meu coração se partirá. Não sei do que estava a espera, se queria algo mais não conseguia compreender aquilo. Quer dizer ontem quando o vi pela primeira vez e está manhã quando fui para a faculdade estava plenamente mentalizada que era a primeira e a última vez que os tinha visto e agora estava-me a dar aquilo? Não estava a perceber!

Devia ser o cansaço acumulado que me estava a afetar os neurónios, neste caso mais concretamente o coração.

Novamente e por incrível que possa parecer fomos novamente interrompidos. Mas seria possível que hoje não tivéssemos nada em que não fossemos interrompidos. Fogo, era preciso ter azar.

Desta vez tinha sido pela Sarah que tinha acabado de chegar. Eu sei que ela não tinha culpa, no entanto não deixei de ficar um pouco desapontada.

Apresentei-os e logo de seguida voltei-me a despedir deles, pela segunda vez no dia de hoje e fomos embora. Agora seria de vez achava eu, nunca mais nos veríamos.

Saímos de lá e propus a Sarah irmos para a beira-rio, não me apetecia nada, mas mesmo nada ir para casa.

Ela prontamente alinhou, pois tal como eu adorava passear a beira-rio e além disso assim ia-me pondo a par de todas as novidades.

No entanto, eu não à estava a ouvir, não me conseguia concentrar. Sentia-me cada vez mais maldisposta, sentia cada vez mais que o meu coração ou o meu estômago, nem sei bem, me iam saltar pela boca. Porém tentava a todo o custo não demonstra-lo, não queria ter que explicar aquilo que eu própria não estava a compreender. Não fazia a menor ideia do que se estava a passar comigo.

De repente, começo a ouvir o meu nome.

Sarah: Katherine, Katherine

Eu: ahh???

Sarah: Estas - me a ouvir?

Eu: Claro que estou!

Sarah: Então o que é que eu estava a dizer?

Eu: Desculpa, não ouvi a última parte!

Sarah: Tu não ouviste foi nada. Eu aqui a contar-te as novidades e tu no mundo da lua!

Eu: Como quiseres!

Dito isto aproximei-me do rio e sentei-me no muro que o delimitava. A última coisa que me apetecia era discutir com ela, ainda por cima, por causa de uma coisa sem interesse nenhum.

Pus-me a fitar a água. Não queria pensar em nada, simplesmente queria-me deixar envolver por aquela paisagem, por aquele rio que tantas vezes me acalmara.

Não sei explicar porquê e muito menos sabia se havia explicação. A verdade é que sempre que ia para ali contemplar aquela água a correr, aqueles barcos a partir e a chegar eu sentia-me mais calma, verdadeiramente mais calma.

Sarah: Que tens?

Eu: Nada!

Sarah: Nada não, passa se alguma coisa, porque se não, não estavas a reagir assim, nem estavas com essa cara! Estás branca como a cal! Conta lá o que se passa!

Eu: Não se passa nada já te disse!

Eu não lhe queria contar ou melhor eu nem sabia o que lhe contar, porque eu simplesmente não sabia o que estava a sentir. Estava deverás confusa. Não sabia se era pura e simplesmente uma má indisposição ou se já era algo mais. Por um lado, achava que era algo mais que uma simples indisposição, pois desde está manhã que o Eduardo não me saia da cabeça. Mas por outro lado, achava esta ideia um grandessíssimo absurdo uma vez que nós mal nos conhecíamos, nem sequer podia dizer que eramos amigos.

Sarah: Desculpa lá, mas claramente se passa alguma coisa! E eu acho que é por causa de um certo rapaz que se foi embora, chamado Eduardo!

Eu: Por causa do Eduardo? De onde é que vem essa agora?

Sarah: Sim do Eduardo, ou tu achas que eu não vi a maneira como olhas para ele. Ou achas que não vi o brilho nos olhos! A maneira como te derretes toda!

Eu: Parou! Isso para mim são é filmes a mais da tua cabeça. Eu mal o conheço!

Sarah: Chama – lhe filmes chama! Tu é que ainda não te apercebeste de como é que ficas quando estás com ele, porque quando te aperceberes vais ver que eu tenho razão.

Eu: Vamos mas é embora, que o sol já te esta a fazer mal a cabeça! Além disso, mesmo que fosse verdade que diferença faria? Eu não o vou ver mais, ele foi-se embora!

Sarah: Pois, pois, agora a culpa é do sol! Esqueceste te foi do pequeno pormenor de que estamos em pleno Inverno e nem sequer está sol! Mas se preferes continuar a fugir aquilo que sentes, em vez de admitir aquilo que sentes é lá contigo!

Nem sequer lhe respondi, ela tinha-me vencido. Eu não sabia o que sentia por isso não podia estar a dizer – lhe o que era ou deixava de ser. Por isso, preferi continuar calada.

Caminhamos até casa em absoluto silêncio, nenhuma de nós tinha nada para dizer e se querem que vos seja sincera eu também preferia assim. Estava a precisar do meu espaço e do meu tempo para pôr a cabeça em ordem.

A voz e o ruido neste momento já me estavam a meter extrema confusão, se ao princípio precisava de algo que me acalmasse e que me fizesse esquecer. Agora achava que uma vez que não conseguia apagar tudo aquilo que tinha acontecido nas últimas horas da minha cabeça, o melhor era tentar chegar a uma conclusão. Podia não ser a melhor, mas pelo menos podia ser que entendendo ou tentando entender o que se estava a passar comigo, podia ser que a minha cabeça parasse de girar, que não me sentisse tão confusa, que aquela má indisposição toda passasse.

Cheguei a casa e fui para o meu quarto, mas sem antes a Sarah me perguntar mais uma vez se eu estava bem. Respondi-lhe que sim e retirei-me para o quarto supostamente para fazer um trabalho.

Cheguei lá, deitei-me em cima da minha cama, que como sempre estava por fazer, e mais uma vez as lágrimas começaram-me a escorrer pela face.

Eu sabia bem que aquela indisposição toda não se devia só ao Eduardo, ou melhor se calhar nem tinha nada a ver com ele. Eu é que como sempre queria continuar a fingir que não se passava nada. Há meses que não estava bem, porém sempre que me perguntavam eu menti-a e dizia que estava perfeita. Cada vez me sentia a sufocar mais, sentia que já não tinha vida, que já não tinha tempo para mim e acima de tudo sentia-me cada vez mais sozinha. Sentia que já não tinha amigos que já ninguém queria saber de mim.

Porém não era capaz de o dizer as minhas amigas, não era capaz de lhes dizer que estava a odiar estar ali, que apesar de ter amigos e amigas novas sentia demasiadamente a falta delas. Em vez disso continuava a mentir-lhes a fingir que estava tudo bem, que tudo era igual a antes, quando sabia perfeitamente que não era só estava a tentar convencer-me disso.

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⏰ Última atualização: Dec 07, 2021 ⏰

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