— Bom dia!
Escutei ao abrir os olhos. Ainda me sentia exausta e confusa, como se as horas de sono dormidas não fossem suficientes. O que era verdade.
Ela estava sentada ao meu lado, jogando em seu celular um provável jogo infantil de fazenda, parecendo se divertir muito com as atividades que exercia.
— Bom dia... quantos anos eu dormi para você ter acordado antes de mim?
— Haha, engraçadinha. — Zombou antes de voltar sua concentração ao jogo, colhendo frutas de suas árvores. — Eu costumo acordar mais cedo quando não durmo em casa. Nada pessoal, ruiva. Você sabe, não é? Meu trabalho e tals...
— Claro, claro. Que seja.
Por mais que não quisesse, levantei devagar, ainda tentando reconhecer os meus arredores, tendo quase derrubado os objetos que se encontravam em cima da cômoda. Não sei qual seria pior, deixar os óculos caírem ou aquele cinzeiro que eu precisava limpar logo.
Ao caminhar até minha escrivaninha para pegar uma blusa que ali estava, notei notificações de chamadas em meu celular. Chamadas perdidas do Leo acompanhadas por incontáveis mensagens. Antes mesmo de me prestar a ler, joguei uma peça de roupa no rosto de Angel.
— Qual é? O que eu fiz agora?
— Por que não me acordou quando o telefone tocou?
— Coragem a sua de deduzir que eu escutei ou que estava acordada. — Debochou mostrando desgosto em sua face. — Desculpe não despertar a madame.
Resolvi ignorar a provocação, não levaria a lugar algum. Enquanto meus olhos passavam pelas mensagens, meu semblante ia mudando instintivamente. Não, não era possível uma coisa dessas.
— Mais essa agora... estou afastada do escritório! Tudo por causa dessas muletas desgraçadas! — Angel abriu a boca, contudo permaneceu quieta assistindo meu desespero sem saber o que fazer. — Leo, que porra é essa?
Me encostei contra a parede assustada, desconcertada e sentindo meus membros tremerem. Não sabia se devia ficar aliviada por ser atendida e poder receber explicações ou se ficava com ainda mais medo de falar sobre o assunto.
— Você leu as mensagens, não é? Reb, eu sinto muito...
— Como pôde deixar eles fazerem isso? Você sabe que eu não posso ficar em casa. Sabe como fiquei daquela vez! Você quer que aquilo aconteça de novo?
— Reb, eu sei, também fiquei muito triste em saber disso. Mas eu não tenho dedo algum nisso e inclusive tentei impedir, só que você está ferida...
— Eu fiquei até agora, por que não posso mais? Nessa altura do campeonato vou ter que ficar afastada?
— Porque descobriram que você não vai apenas ficar de muletas. É neurológico o que você tem, os médicos disseram.
— O quê?
Enquanto conversávamos, era possível ver a confusão e a sensação de não saber o que fazer crescer em Angel. Inclusive parou seu jogo.
— Eu também fiquei sabendo hoje, e sua condição pode piorar... É pela sua segurança, Reb. Se quiser, você e a Lua podem ficar aqui em casa para se sentir menos sozinha.
— Não quero ser um peso para você e a Rose. — Respirei fundo, voltando à cama para poder me sentar — Posso ao menos ficar sabendo das notícias do trabalho?
— É claro! Você não foi demitida, só vai ficar em casa por um tempo. Ah! Inclusive está alocada para o trampo de segurança da ONU que você tanto gosta!
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Red Lines
Mystère / ThrillerCom a ascensão de uma caótica máfia, a cidade de Nova York se depara com inúmeros assassinatos grotescos e ritualísticos que levam a população arrecear sua vida e futuro. A missão de combater esse mal aterrorizante está nas mãos do FBI, tendo como p...