Jungkook é alguém especial. Ele gosta do vermelho e de flores; rosas, sendo específico. Pesca e devolve os peixes ao mar. Se irrita fácil como se entristece também. Não gosta muito de falar.
Pude notar que ele é corajoso também.
Embora marcados por uma época violenta, estamos vivos. Vivos graças à coragem, ou loucura, há de acreditarem em alguma embriaguez mental.
No entanto, estamos obstinados a não se curvar à quem chamam por aí de líder. Maldito, desgraçado e o próprio Diabo. Ele está matando inocentes e eu quero matá-lo.
Entretanto, ninguém precisa saber de minha ideia estridente, idiota e impossível, nem mesmo Jeongguk.
— A comida está acabando — Taehyung se aproximou para me contar. Eu já sabia, por conta, estou me preparando, e isto, diz-se; encarando o teto de cimento podre enquanto respiro profundamente bem, deitado num colchão velho do chão.
Está escuro, a noite havia chegado e algumas velas me faziam companhia no quarto além do outro homem.
— Percebi — respondi, ainda sem olhá-lo.
Eu estive pensando antes dele interromper minhas reflexões que, são muitas e ruins. Quase todas. O fato de ficarmos sem comida estava me fazendo pensar em alguma estratégia que não fosse a que já tínhamos, a arriscada que me incomodava.
Não gosto de pôr meu grupo em perigo no meio de assassinos.
— Se tivermos que fazer isso hoje, estamos preparados.
Eu gosto do Taehyung. Ele é incisivo e um pouco petulante quando lhe convém ser. Uma personalidade que me agrada entender a existência enquanto vivemos em dias incertos, onde não sei se um dia poderei abrir meus olhos. Ele é bom com o grupo.
— Sairemos em alguns minutos — finalmente o olhei.
Taehyung é o único fugitivo que poderia viver bem. Embora as pessoas não entendam o que passou a acontecer de repente, Taehyung foi como eu, ele compreendeu o perigo que foi revelado e abandonou a família que quis servir ao líder cruel, deixando tudo para trás.
— Certo... — diz, meio ansioso, eu percebo.
Faz meses que estamos como ratos escondendo-se em esgotos. Meses que uma guerra desnecessária começou, e não somente país contra país, mas povo contra povo. Nosso país está dividido e nós estamos do lado que quer sobreviver, quando um país ordena um genocido pela Eugenia.
A falsa ciência que causa massacres. Massacres pela cor, pela dor, e pelo amor e o que chamam de heresia. Estamos no fim dos tempos, o inferno é aqui, eu o vejo todos os dias.
E é por isto, pelo mesmo objetivo que nos acolhemos como grupo e família; queremos escapar disso tudo, queremos ajuda, queremos sobreviver. Até então, continuamos nos escondendo como ratos, passando fome ou escapando da morte de cada dia.
Nem todos conseguem voltar. Rezamos pelos que foram.
Suspiro ao ter que levantar o corpo e sentar-me na cama. Estalo o pescoço devagar, ouvindo o som ecoar no quarto e, bagunço meus fios curtos, pretos, tentando arrumá-los. Não deu muito certo.
— ...Onde está Jungkook? — pergunto ao vê-lo ainda no mesmo lugar, me observando.
— Foi ao riacho com os outros, tomar banho... — ergui uma sobrancelha, imaginando, mas Taehyung explica-me brevemente: — Dissemos que você estava lá — e riu.
— Não deveria ter dito isso — repreendo.
— Ele não iria tomar banho, então — deu em ombros e cruzou os braços — Havia acabado de acordar, os outros o levaram, ele está bem, já deve estar voltando. Não se preocupe tanto com ele...
VOCÊ ESTÁ LENDO
MELANCIAS E JIMIN
Fiksi PenggemarEm 1941, Jimin liderava um grupo de jovens fugitivos da Guerra de um país que os queriam mortos. Nele havia Jungkook; um garoto calado, acanhado e pouco interessante para os outros. Se amavam em segredo. E, diante de tanta crueldade e desamor, o Un...