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Caio on

Assim que eu desci da moto a tal Cinderela filha do cobra arrancou e saiu sem olhar pra trás. Os vapores me deixaram passar e eu fui mancando até a sala do cobra bati na porta e entrei depois de escutar o "entra".

Ele olhou pra mim e riu debochado.

- Teve invasão e eu não vi?- perguntou ainda rindo.

- Ha ha muito engraçado. Tem mais alguma coisa pra hoje?

- Óbvio, a vida não ta ganha não rapa.
Ta ali as caixa pode ir trabalhar. Tu vai ter que cobrar e entregar no asfalto hoje então fica esperto com a polícia e pode usar a moto que eu já te falei no galpão 8.

Peguei as caixas ainda mancando com dor de lado e já ia saindo da sala do cobra.

- Pode almoçar primeiro, e melhora esse teu jeito de andar, ninguém vai ter medo de um manco, você tem que botar medo.

- Essa parte eu já entendi.

Sai da boca e fui na lanchonete do seu José, depois de horas treinando eu tava varado de fome.

- Boa tarde seu Zé.

- Boa tarde meu filho. Como você tá? Fizeram algo com você? Ta andando torto.

- Fizeram não, eu vou melhorar. Seu Zé eu tô é morto de fome, me vê uma quentinha aí.

- Claro meu filho, vou arrumar pra você agora.

Seu Zé voltou com a minha quentinha e eu comi rápido, e já fui fazer o que o cobra mandou. Primeiro eu entreguei a mercadoria aqui do morro, e depois fui cobrar uns cara aqui do morro tbm, foi até fácil por que eles tinham o dinheiro, mas agora vinha o mais difícil, no asfalto.

Fui até o tal galpão 8 e vi uma moto lá parada supôs ser essa que o cobra tava falando. Subi na moto e arranquei com ela pra fora do morro.

Fui até o endereço que tinha pra cobrar e toquei a campainha. A porta abriu e apareceu uma mulher com avental de cozinha e parecia ter uns 40 anos.

- Boa tarde- a mulher falou.

- Boa, então vim cobrar o dinheiro do cobra.

- Cobra? Que cobra.

- O dona agiliza pa nois, o dinheiro da maconha, das droga.

- Droga? Sangue de Jesus tem poder! Marcos desce aqui agora! - vish que que tá acontecendo?

- Que foi agora amor?- um velho apareceu de trás da mulher na porta e me olhou de cima a baixo- quem é esse?

- Droga marcos? Você ta usando droga?! Esse rapaz veio pedir o dinheiro da maconha! Quer saber?! Você que se vira aí! - a mulher gritou com o cara e sumiu pra dentro de casa.

- Amor volta aqui vamo conversa.- o velho ia atrás dela mais eu parei ele antes.

- O colega cadê o dinheiro?

- A então, eu tô só com metade da dívida  mas eu vou pagar direitinho prometo. - ai ai ai, que que eu faço agora.

- Tudo bem mas da próxima vez eu não vou vir sozinho, eu trago o próprio cobra comigo, e aí prefere me pagar ou bater um papo com o cobra?

O velho me encarou e depois entrou em casa e saiu com o meu dinheiro.

- Boa escolha.- peguei o dinheiro montei na moto e sai.

Fiz umas entrega pelo asfalto e o dia passou voando, já era por volta das 19:00 da noite e eu voltei pro alemão, fui pra boca deixar o dinheiro com o cobra. Cheguei na boca e entrei na sala dele.

- Aqui a grana. - deixei o dinheiro em cima da mesa na frente dele.

- Muito bom, pode ir então, amanhã 5 horas aqui na boca.

- Ok. - deixei a sala dele e fui pra minha casa.

Cheguei em casa e graças a Deus meu pai não tava aqui, não sei se eu tenho cabeça pra ver ele esses dias, tudo isso é culpa dele, mas se ele não ta em casa deve ta enchendo o cu de cachaça ou droga ou os dois.

Entrei no chuveiro e fiquei lá um bom tempo pensando na merda que ta a minha vida. Sai do banheiro vesti uma bermuda de ficar em casa e me olhei no espelho vendo que tô com um roxo debaixo do estômago, que garota nervosa. A cópia do diabo igual o pai. Ele é bem bonitinha, o corpo então nem se fala.

Sentei no sofá da sala e alguém bateu na porta.

- Entra!- falei.

- Eai irmão!- Arthur falou entrando.- Oxi que isso viado te atropelaram? Eu falei que tu não ia durar um dia no tráfico, eu falei.

- engraçadinho, esse roxo foi do treinamento lá que eu já tinha te falado.

- Mais não era a filha do cobra que ia te treinar?

- E foi.

- Que isso viado, esse hematoma ai foi só no primeiro dia de treinamento? Tu ta fodido, ainda bem que é você e não eu.

- Vai se fuder. Veio fazer o que aqui? me azucrinar?

- Tambem, vim te chamar pra nois sair, da um rolê, beijar na boca.

- Beijar na boca eu e tu?

- Se quiser- deu de ombros

- Tu para de ser gay hein.

- To falando serio vamo?

- Hoje não tô todo quebrado.

- A toma no cu hein. Bora pedi um lanche e ficar por aqui mesmo, mas eu vou embora cedo que eu ainda vou dar meus beijo na boca.

- Problema teu filho da puta, pede logo ai vai, tu que paga.

- Vacilão.

Pedimos os lanche, comemo assistindo velozes e furiosos e depois o Arthur foi embora e eu fui botar meu sono em dia.

CINDERELA DA FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora