Dylan
A vez em que eu tirei 8,5Você só pode fracassar se estiver tentando.
Essa frase jamais estamparia uma caneca, mas tinha se tornado o meu grande lema de sobrevivência no Ensino Médio.
O único jeito que eu sabia lidar com as expectativas frustradas era parando de criá-las. Escola nunca foi o meu ponto forte. Enquanto os outros alunos acumulavam medalhas por bom desempenho, tudo que eu acumulava eram advertências e notas baixas.
Eu me sentia burro.
Eu me sentia burro quando tentava aprender alguma coisa, me esforçava de verdade, mas as palavras do professor se tornavam o zumbido de uma abelha distante e indistinguível. Nunca conseguia tirar mais que a média 6, então parei de tentar. Foi assim que quase repeti o penúltimo ano.
Ao contrário de mim, Mackenzie Muller era a pessoa mais inteligente da turma, e todo mundo dizia que ela tinha passagem garantida para a universidade federal que quisesse. Mesmo assim, naquela manhã, ela estava chorando do lado oposto da sala depois de pegar o seu boletim.
— Espero que esse choro seja de felicidade — Guta, que estava na carteira ao lado da minha, comentou. O cabelo lilás fazia contraste com a parede amarelada da escola. — O boletim dela estava em cima do meu. Eu vi as notas. A menor tinha sido 8,5.
As provas valiam 10 pontos, e todo mundo sabia que Mackenzie nunca tirava menos que 9. Os mesmos 8,5 eram a maior nota que eu tinha tirado naquele semestre, em Química, graças a ela. De longe, eu observei quando Agnes disse alguma coisa. Kenzie levantou da cadeira, secando os olhos esverdeados.
— Posso ir ao banheiro, professor?
Saiu da sala em passos apertados só depois que ele autorizou.
Theo e Guta estavam comemorando as notas mais altas da turma em química juntos. Quase todo mundo precisava de nota naquela matéria, então Levi estava usando a prova deles como gabarito para ter certeza de que o professor não tinha cometido algum erro, já que ele só tinha tirado 5.
Esperei alguns minutos, olhando vez ou outra para a porta. Kenzie não voltou. Quando pedi para ir tomar água, o professor não criou nenhum empecilho, porque era o último dia antes do recesso e a turma estava muito agitada de qualquer jeito.
Não que eu fosse ter o recesso. Apesar de ter passado em química, ainda devia nota em matemática, física e biologia. As que eu passei tinham sido com cola ou por sorte, raspando. Devia aproveitar a oportunidade para conferir a prova dos outros e aprender com meus erros, mas, ao invés disso, estava procurando por Mackenzie pelos corredores largos.
Acabei a encontrando chorando sozinha, sentada à sombra do Ipê, cujas folhas secas se espalhavam pelo chão e eram levadas pelo vento, anunciando a chegada iminente do inverno.
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De outras primaveras (amostra)
RomanceUm romance nostálgico, profundo e sensível sobre a passagem do tempo. Aos 17 anos, Mackenzie Muller já sabia exatamente o que queria para o futuro e isso não envolvia se apaixonar pelo simpático distraído (e também muito lindo) Dylan Damian, mas o c...