Epílogo: Dia seguinte

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Não era mais a lua que iluminava os quartos do Gorgeous Hotel; agora, era o sol em seus raios quentes no céu de Yorknew.

As pálpebras de Illumi se abriram lentamente, ainda hesitantes por conta da sonolência. O moreno suspirou e se sentou na cama, as pontas dos dedos esfregaram seus olhos na vaga tentativa de deixá-los mais despertos. O Zoldyck, que estava com o peito nu para fora dos lençóis, estremeceu ao sentir a brisa gélida da manhã invadir o ambiente, fazendo tremular as cortinas brancas de linho que enfeitavam as portas de vidro da sacada do quarto.

Com os olhos já abertos, Illumi olhou para a sua esquerda da cama.

Como esperava, Hisoka já havia ido. O lado do colchão no qual o mágico dormira estava perfeitamente arrumado, como se ninguém tivesse estado ali. Sobre o travesseiro, Illumi viu uma carta de baralho virada para baixo. Ele pegou a carta e a desvirou, era um ás de copas que tinham escritas as palavras:

"O check-out no hotel vai até 12h.

Até nos vermos de novo, meu Illu.

- H."


Illumi engoliu um seco e colocou a carta contra o peito, levando o olhar para a janela, que exibia a cidade lá fora. Em silêncio, imaginou Hisoka acordando, sentando na cama, levantando do colchão para arrumar a bagunça de seu sono, tomando um banho quente no banheiro, secando-se com a toalha, vestindo a blusa, depois a roupa íntima, depois a calça, depois os sapatos, indo ao espelho, penteando os cabelos rosados recém-lavados, desenhando delicadamente a estrela e a lágrima que marcam seu rosto, pegando uma carta de seu baralho e escrevendo aquelas poucas palavras em tinta preta. E, antes de sair do quarto, caminhando até seu lado da cama e depositando um pequeno beijo em sua testa.

Era muito provável que a última parte não tivesse acontecido, mas ele queria acreditar que sim.

Ele nem...se despediu...

Eu sou um idiota.

Illumi se lembrou de Killua. O pequeno deixara a mansão da família da mesma forma. Sem avisos, sem remorços, sem ressentimentos. Aquela breve analogia irritou o Zoldyck, ao mesmo tempo que o entristeceu.

















***











Illumi raramente acordava tarde; num geral, detestava perder a primeira parte do dia. Mas os acontecimentos da noite anterior o fizeram acordar por volta das 11h. O Zoldyck almoçou, refletindo durante a refeição que deveria voltar a realidade o mais breve possível. Ele tinha um trabalho a cumprir, e não perderia mais tempo.

Ele fez o check-out no hotel e, com sua pequena mochila na mão, saiu do local, caminhando a passo lento até seu carro estacionado em um pequeno beco das proximidades. Chegando lá, surpreendeu-se ao ver uma menina com as costas apoiadas na parede direita do beco, nas sombras. Os cabelos cor-de-rosa eram amarrados em um rabo de cavalo alto, e uma franja volumosa cobria sua testa; ela trajava um vestido cinza até as coxas com bordas pretas, o cinto era uma longa fita cor vinho, e as meias rosas iam até seus joelhos. O rosto da garota era bonito, apesar de ser um tanto carrancudo — algo dizia a Illumi que ela era sempre assim —, os braços cruzados apenas potencializavam sua energia séria e intimidadora.

— Não é perigoso para um assassino profissional deixar o veículo particular no meio do nada, em Yorknew? — perguntou ela, olhando para o Zoldyck.

Dear Bad HusbandOnde histórias criam vida. Descubra agora