Hadrian Mortem?

769 107 9
                                    

"Os sorrisos mais doces guardam os segredos mais sombrios..."



- Pretty Little Liars"



A cada ano que passava, eu sentia algo intenso formigar lentamente por minha pele, minha alma.

Algo a espreita, só a espera de um pequeno sinal, um pequeno passo, para explodir.

Dez anos de vida para outras pessoas não é algo extraordinário, não é muita vida, muita experiência, conquitas. Mas para mim todos as vezes que chega essa data, meu corpo vibra, em meu estomago parece haver mil borboletas se debatendo para saírem.

Eu não demonstro, minha face continua com minha melhor alto defesa.

Indiferença.

Sentado nesse parque enferrujado, olho para as árvores se mexerem pelo vento, esse mesmo que passa em meus cabelos fazendo alguns fios se soltarem e fazerem cocegas em meu nariz.

Mais para dentro da floresta que fica em frente ao parque do bairro, noto uma sombra parar.

Está escuro demais para ver, e a sombra não tem forma, é apenas um espectro escuro e alto de algo indistindo, que parando pra analisar o que há no ambiente, noto que há pequenos focos dourados em volta do ser.

Me distraio quando um desses focos passa por meu rosto, e noto que há em minha volta também, rodando como um redemoinho preguiçoso, fazendo vários arco íris se formarem no chão.

Lindo.

Quando levanto minha cabeça para olhar para a sombra, ela se mexe, vira, e sai andando lentamente, como se me convidasse a segui-la mas ao mesmo tempo me desafiasse a tal ato.

Estreito meus olhos pensando que isso poderia ser um sonho, ou pesadelo, mas, que mal há em seguir?

Me levanto do balanço, que continua seu movimento de vai e vem mesmo quando estou a uns passos de distancia, e entro naquele mundo verde de gramas, arvores e plantas.

A sombra está sempre ao alcance de meus olhos, mas nunca perto o suficiente para eu distingui-la.

Quanto mais adentramos a floresta, mais o ar se esfria, como se estivessemos entrando em outro mundo.

Olhando pelo canto de olho para algumas arvores noto elas mais necrosadas, com cinzas no chão, sem mais grama, sem mais vida.

Ao longe ouço meus passos ecoarem no chão mesmo que silenciosamente, e me dou conta de que não ouço os passos da outra criatura.

Depois de mais ou menos meia hora andando vejo o espectro reduzir e parar em uma clareira com o mesmo aspecto que o resto dessa parte queimada e sem vida da floresta.

O chão é uniforme e fofo, como se toda as cinzas se acumulassem nesse pequeno circulo.

As árvores eram distorcidas e secas, se curvando ao chão como uma reverência.

Se antes os focos de luz que nos rodiavam eram dourados, agora eram totalmente pretos, e se concentravam ao redor da clareira, quase que formando uma barreira entre nós e o mundo lá fora.

Fiquei parado estudando o ambiente, e ao mesmo tempo a sombra, que ainda não havia se virado ou dado qualquer indicação que iria se mexer.

Agora um pouco mais perto eu podia ver as bordas como tentáculos, flutuando em todas as direções, mesmo sem vento, e sua altura chegava facilmente a dois metros.

A cada minuto que passava mais o ar era carregado, pesado como eletrostática, como o tempo antes de uma tempestade.

Qualquer ser humano normal deveria ter medo de estar nesse cenário com o desconhecido, mas eu não era normal, nunca seria.

Darkness Lord - TOMARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora