Desventuras Bizarras

Beber, Cair... Bolinho?

WES

Bebo o resto da bebida dourada no copo.

Eu já estava tão mais para lá, do que para cá... Que já nem lembrava mais o nome da bebida... Entendi? Não?

Que se foda o mundo então!

Estava de mal humor, fiquei igual a um tapado esperando aqueles miseráveis que eu deveria encontrar no restaurante londrino. Mas sabem o que me aparece? Não?

Uma garçom perguntando se eu iria pedir ou me retirar!

Acho que fui trapaceado por aqueles loucos. Eles só podem ter combinado: "Vamos falar para o Wes que iremos para Londres nós encontrar para ele ir lá e ficar esperando igual a um idiota!"

Bando de sem nada para fazer!

- Eu já saber! - desabafo para o homem sentado de terno ao meu lado - O que um monte de pessoas nada doida para fazer se encontrariam num Londres?

O homem me olha confuso como se eu falasse grego e só balança a cabeça logo voltando a atenção para sua bebida.

Suspiro chateado. Ninguém presta atenção no que eu falo...

Pego e levo a boca tentando inutilmente beber algum liquido do copo.

Estava vazio.

Aceno chateado para o barmen bigodudo, que suspira antes de vir até onde estou sentado. Sou tão ruim assim para que nem mesmo o barmen querer falar comigo?!

- Qual é essa bebida no copo? - pergunto quando ele para a minha frente e levanta as sombrancelhas.

- Senhor já e a quinta vez que me faz a mesma pergunta! - resmunda o barmen meio irritado. - Chega de bebidas por hoje para o senhor...

- Mas eu...

- Não, chega! Você pode até parecer que tem mais de vinte um para qualquer pessoa - me interrompe se inclinando no bar para que somente eu ouvisse o que dizia - Somente por isso te passei a bebida. Mas reconheço um menor a milhas de distância entendeu? Agora vaza daqui e vai caçar um buraco para dormir.

Que calúnia! Queria gritar, mesmo sabendo que ele estava certo. Eu não era menor, mas não tinha idade para beber segundo a lei, tanto brasileira, quanto na inglesa. Isso era uma sacanagem! Qual a diferença de ter 18 ou 21? Te garanto que em três anos você não amadurece muito, somente fica mais alto e, olhe lá, tem gente que nem isso!

Suspiro, mas além disso eu já estava mesmo na minha cota de bebidas, já havia bebido tanto que nem tinha mais certeza da minha idade. Pelo menos eu me lembrava do meu nome!

Levanto do banco de couro preto fazendo um barulho alto ao ser empurrado para trás e me afasto do bar, do cara que me ignora e do barmen espertinho e barrigudo, eles não merecem minha ilustre presença...

Saio do bar que fica ao lado do hotel e cambaleio pela rua escura e fria de Londres.

O relógio na parede do bar, que olhei de relance quando sai, dizia que já eram quase dez da noite. Duvidava muito que aquele povo tivesse chegado ou que ao menos tivesse vindo para Londres. Não tinha ideia do que eu faria, a única certeza era que eu provavelmente voltaria para o Brasil, Mato Grosso. Odiava ficar sozinho, e viajar sozinho realmente não era meu programa favorito. Só havia aceitado vir por causa que aqueles mentirosos disseram que viria.

Entro com os ombros curvados em derrota no hotel, ignorando o olhar de reprovação do porteiro quando me vê cambaleando, nitidamente bêbado. Aposto que ele já havia bebido todas também quando estava na pior!