O Satanás é Antigo!

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MATT

Aperto o botão do elevador repetidamente, mesmo sabendo que isso não adiantaria em nada.

Eu tinha que descontar minha impaciência em algo, e além de socar a parede, o que provavelmente só faria meu dinheiro criar asas e voar para longe da minha carteira, decidi que minha vítima seria o botão, menos chance de ter que pagar por ele!

Eu estava atrasado para a porra do encontro, já que só fiquei sabendo minutos antes quando recarreguei o cacete do celular. Essa merda, provavelmente, estava com a bateria viciada, havia carregado ele mais cedo antes de embarcar, mas nem duas horas depois ele descarregou!

Foi culpa dele que atropelei aquela louca gritalhona no aeroporto! Porém a culpa não foi só minha, ela também estava no celular quando trombou em mim. Considere uma culpa mútua!

Volto a apertar o botão. Segundo andar, terceiro, quarto...

Paro de apertar o botão e me viro quando ouço um estrondoso barulho no final do corredor logo seguido de um grito feminino, o som de objetos caindo no chão e, provavelmente, um corpo...!

Discuto comigo mesmo os prós e contras de ir ver o que estava acontecendo.

Peguei o celular e verefiquei as horas. Nove e oito. Decidido. Seja lá o que tivesse acontecido, com o barulho que fez, alguém já deve ter vestido a armadura, montado no cavalo branco e ido salvar a princesa. Se é que era uma princesa... Poderia ser um cara com um grito bem afeminado... E não tinha garantias de que no final eu receberia a "gratidão" da princesa... Se é que me endentem...

Volto a atenção para o marcador do elevador que estranhamente continuava parado no quatro.

Resmungo comigo mesmo e numa decisão precipitada decido ir pelas escadas.

Realmente ando tendo muito dessas "decisões precipitadas" ultimamente. O fato de me encontrar aqui descendo as escadas de um hotel londrino, já mostra o quão idiotamente precipitado estou sendo.

Este fato só piora quando chego no penúltimo lance de escadas antes da porta, que leva à recepção do hotel, e encontro um velho senil descendo as escadas lentamente, parando a cada degrau. Paro atrás dele espero que apareça uma passagem, mas o decrépito senhor apenas continua seu caminho descendo os degraus ocupando toda a estreita escada.

Solto um suspiro alto e exagerado, limpo a garganta audivelmente, mas o velho não da qualquer sinal de que me escutou.

- Senhor, você poderia fazer o obséquio de sair da porra da minha frente?! - meu grito no final ressoa para todos os lados e... Nada! O velho só contínua seu caminho escada a baixo.

Bufo e cutuco o ombro osudo coberto por um blusão. O velho para na escada por um instante, como se tivesse acabado a bateria, mas logo volta a sua fatídica descida...

Pelo amor de Deus! Qual era o problema dos idosos? Porque esse cara estava aqui ao invés de pegar o elevador?

Provavelmente pelo mesmo motivo que eu estou...

Mas isso não vinha ao caso. Sou jovem, posso facilmente descer essas escadas, não um velho quase mumificado por todo tipo de pomada existente...

Suspiro e olho para cima pensando em voltar um andar e tentar o elevador... Mas eu já estava tão perto... E o elevador poderia não estar funcionando ou eu teria que esperar um século para ele chegar!

Debrucei-me no corrimão e verifico a altura daqui até o próximo lance de escadas. Não era tão alto...

Gostaria de deixar claro que não sou um burro idiota, minhas notas sempre foram acima da média. Realmente meu único problema na escola era o número exorbitante de faltas que eu tinha de coleção, fora isso, sempre foi um menino bonzinho e inteligente. Qualquer mãe adoraria me ter como genro!

Porém devo admitir que depois que subi no corrimão e, sem nem mesmo cogitar a ideia de que essa foi a pior coisa em que já pensei, pulei. Cai em pé, mas a acabei deitado gemendo no chão, o impacto foi maior do que eu esperava...

Se doeu? Doeu muito.

Por que fiz isso? Merda.

- Porque é burro! - disse a voz rouca do velho, como se tivesse lido meus pensamento.

O guardião da cripta terminou calmamente, e rapidamente, de descer os últimos degraus e passou por meu corpo jogado no chão. Andou tão rápido que me deixou mais surpreso do que quando leu meus pensamentos anteriormente....

Velho farsante filha da puta!

Quando voltar a poder andar vou caçar esse velho, picota-lo e dar para os cozinheiros fazerem um ensopado! Nem que eu tenha caçar esse velho no inferno!

Rolo no chão e gemo todo dolorido. Essa viagem estava dando mais trabalho do que eu pensava. Estava na esperança de que teria uma folga da bagunça da minha família no Rio e que só ficaria curtindo as inglesas... Quem dera!

Ouço o barulho de passo apresados descendo as escadas e me preparo para levantar do chão. Porém antes que pudesse soltar o ar dos pulmões a voz já conhecida grita do topo do último lance de escadas:

- O que está fazendo aqui...!

Desventuras BizarrasOnde histórias criam vida. Descubra agora