Garota GG VI - Parte I - DEGUSTAÇÃO

Filhos

Às vezes é complicado ver tantas meninas iguais e não me sentir tonta, mas aqui estão elas, as minhas meninas, e os meus meninos, sentados à mesa me encarando como se eu devesse alguma satisfação para cada um deles.

Porque afinal de contas eu saí de casa disposta a assinar os papéis que determinarão que eu e o pai deles não poderemos nem teremos que ficar mais juntos, entretanto eu não os assinei por conta da pressão que o Mosés me colocou.

Seria engraçado se não fosse desesperador pensar que saí daqui tão certa de que voltaria divorciada e ainda sim, retornei para casa casada do mesmo jeito que saí.

Não quis dizer nada ainda porque o Cory não chegou, quero poder dar a notícia para todos de uma vez, acho que meus pais já me telefonaram pelo ou menos umas vinte vezes, papai principalmente, mas não quis atender, eu já nem consigo pensar em nada para falar.

Tudo isso está me deixando exausta de todas as formas.

A pressão por parte de nossos familiares, a cobrança por causa dos escândalos nas redes sociais, na empresa, é pedrada de todos os lados vindo na minha direção, as coisas parecem tão mais fáceis quando eu me lembro de antes de tudo isso acontecer, mesmo que nós dois não estivéssemos tão bem como marido e mulher no sentido de não termos muito tempo juntos em casa diariamente, mas as vezes quando tínhamos ficávamos muito grudados com as crianças, na empresa a convivência era harmoniosa e entre nossas famílias era menos exigências.

Em quase dezesseis anos de casada eu nunca enfrentei tantas críticas sobre a minha aparência, meu corpo nunca foi pauta de discussão tão séria na vida dos outros, minha forma de criar meus filhos sendo criticada por tribunais na internet e até mesmo sobre meus negócios, sendo julgada como uma mulher que foi "beneficiada" pelo então marido para conseguir crescer na vida.

Nas bocas deles eu sou uma gorda que cresceu por estar casada com um multimilionário em troca de lhe dar filhos de proveta, eu tenho muita sorte que papai interferiu nisso tudo ou provavelmente eu estaria destruída em muitos outros aspectos da minha vida.

— O Cory já está chegando — digo para todos enquanto coloco a mesa.

Cheguei a pouco do centro, tomei um longo banho e quando desci as crianças já estavam sentadas todas na sala a minha espera, o Cory avisou que já a caminho, confesso que chorei um bocado durante o banho assim como vem sendo nos últimos meses.

Tudo desmoronou e eu não queria que eles estivessem passando por isso, as meninas tiveram muitas dúvidas no início acho que elas não sabiam se queriam escolher um lado e ficarem contra mim ou contra o pai, ficar comigo significaria ficar "contra" o pai delas, ficar com ele significaria naturalmente o inverso, entretanto apesar de tudo expliquei para todas quando o Mosés foi embora que elas eram livres para escolher, já são todos adolescentes, os gêmeos também ficaram meio assim, porém todos quiseram ficar comigo, Mosés também conversou com eles nesse sentido ele foi bem sensato em pedir que ficassem comigo.

— Tá — Sophie responde muito calma.

As meninas num geral não são desobedientes, exceto por algumas teimosias as vezes elas costumam ser bem-organizadas e boas filhas, os gêmeos são mais bagunceiros e barulhentos, principalmente quando se trata de estudar.

E eu espero mesmo que essa "fase" deles passe logo, porque as vezes fico facilmente irritada em ter que pedir que façam o básico em arrumar seus quartos, não deixarem roupas jogadas pela casa, não deixar pratos acumulando na pia.

Com as meninas jamais tive esses problemas, elas são metódicas como Mosés costuma ser em relação aos afazeres dele, mesmo que com o passar dos anos ele tenha se tornado aquela coisa bagunceira com os armários e roupas dele, ele ainda é o cara que separa tudo por cor, tamanho, validade.