Meu Primeiro Amor

Prologue

Narrador

03 de abril de 2021...

Chicago, Illinois, EUA.
Nove e cinco da manhã.

Gritos e mais gritos. Era tudo o que Amy Smith e seu irmão Peter Smith podiam ouvir. Gritos.

Seus pais Adam Smith e Helena Smith estavam à trinta minutos discutindo na sala de estar, trinta minutos de 'bate boca e xingamentos dos mais ruins possíveis e até mesmo choro e lágrimas por parte de Helena. O motivo? O casamento fracassado de 25 anos do casal, que desde do nascimento de Amy só tem gerado dor e mágoas irreparáveis.

Adam detestava o fato de que Helena ficou grávida de uma menina primeiro, ele sabia que ela não tinha culpa por ter gerado por nove meses uma menina na barriga dela, não é ela que decide isso. Mas ele não podia esconder o fato de que o seu sonho de ter um filho homem foi destruído quando ouviu da boca do médico que ele seria pai de uma garota, ele perdeu tudo naquele momento. Todo o seu sonho.

Helena por outrora já ficou feliz e agitada por ser uma menina, seu primeiro filho seria uma garota, uma linda garotinha. Ela estava feliz e radiante como nunca antes. Mesmo achando exagero por parte de Adam, ela sempre teve esperanças que com o nascimento de sua filha ele pudesse aceitar melhor a situação, mas na verdade só piorou. Após o nascimento de Amy, Adam se afastou quase que completamente de sua esposa e não fazia muita questão de estar presente como um pai amoroso para Amy, ele só fazia o mínimo que um pai poderia fazer e ponto.

Helena então por ver seu marido triste por seu sonho de ser pai de um garoto não ter sido realizado, resolveu anos depois tentar novamente, dando a luz então ao seu pequeno Peter que trouxe a alegria novamente para Adam. Helena acreditava que isso iria melhorar a convivência dele com a filha e eles teriam uma família feliz e saudável dali em diante. Mas Adam piorou. Ele só dava atenção para Peter, os brinquedos, roupas, presentes caros e comidas favoritas eram apenas para Peter. Toda a atenção de pai ele dava apenas para Peter.

Amy cresceu sem ter o amor e o carinho do pai e por não entender nada daquilo arrumava maneiras de sempre o tentar agradar, com cartinhas, presentes de dia dos pais, tentar participar dos programas dele com Peter, tudo, absolutamente tudo, Amy tentou. Mas nunca era o suficiente, porquê ele não ligava pra ela. Amy cresceu então achando que seu pai era apenas seco assim mesmo, ela realmente não entendia o que acontecia e só seguia a vida tentando ignorar o fato de que seu pai não tratava ela tão bem quanto ela queria.

Mas agora as coisas estão diferentes. Helena já não consegue mais aguentar ver a filha vivendo dessa forma, já não aguenta mais ver seu marido tratando a própria filha com desgosto por nada. Ela cansou de tudo isso.

— VOCÊ ACHA QUE MANDA EM MIM AGORA, HELENA? EU SOU SEU MARIDO! EU QUE TENHO AUTORIDADE AQUI! — gritou Adam, enquanto ela ria irônica sentindo a garganta já se fechar. Ela precisava ser forte. Por Amy.

— Se está tão incomodado com um simples pedido que fiz, que deveria ser o mínimo que você poderia fazer, por que não se separa logo de mim? — disse calma, vendo ele a olhar com a expressão de surpresa e confusão.

— Ficou louca de vez foi? Você quer se separar? Quer se ver livre de mim, é isso? — olhou para a mesma, que suspirou pesadamente.

— Pare de teatro, Adam. Não é segredo pra ninguém que você me trai com a vizinha a dois anos. — disse então vendo ele a olhar com uma expressão confusa no rosto. — O quê? Achou mesmo que eu não sabia? Pelo amor, Adam! Eu sou trouxa por ainda estar nesse casamento e agora até corna mansa também, mas burra não né, meu amor! — disse então rindo em tom irônico, enquanto Adam suspirava nervoso. — Eu quero você fora daqui. Amanhã mesmo eu irei entrar com os papeis do divórcio e te quero longe das minhas vistas. — afirmou com os olhos marejados. Ela estava sendo forte por Amy e por ela também, aquilo tinha que acabar.

— Ok, então. Se é assim que prefere, nos separamos! Pra mim não há muita diferença, nosso casamento é um fracasso mesmo.— disse então por fim, ouvindo passos apressados descendo as escadas da casa.

— Como assim vocês vão se separar? A gente vai ficar sem o papai? — perguntou Peter, fazendo Amy aparecer correndo até ele e o puxando para o andar de cima.

— Venha Peter, isso não é assunto para criança! — o puxou andando dali, vendo sua mãe quase que chorando. Amy estava em aflição só de pensar no que seria dela e seu irmão agora. Ela estava com medo do futuro, muito medo.